Parque dos Veadeiros ganha mudas nativas após perder 26% de sua área
Unidade de conservação se recupera com ajuda de parceiros após incêndio.
Unidade de conservação se recupera com ajuda de parceiros após incêndio.
A Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, unidade da Embrapa em Brasília, doou ao Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros aproximadamente 160 mudas e cinco quilos de sementes de quatro espécies nativas do Cerrado. A doação é uma forma de colaborar com a restauração ecológica do parque e entorno. O Veadeiros é uma das mais importantes unidades de conservação do Brasil, devastada por um incêndio em outubro de 2017, que destruiu 64 mil hectares, correspondendo a 26% de sua área total.
As sementes e mudas foram entregues pelo analista da Unidade Leonel Neto ao chefe do Parque Fernando Tatagiba na semana passada. As mudas abrangem quatro espécies: copaíba (Copaifera langsdorffii), ipê-roxo (Handroanthus impetiginosus), jacarandá-caroba (Jacaranda cuspidifolia), gonçalo-alves (Astronium fraxinifolium) e aroeira (Myracrodruon urundeuva).
A doação das mudas de ipê-roxo, gonçalo-alves e jacarandá-caroba contou ainda com um diferencial, como explica Leonel. Elas foram plantadas em tubetes ecológicos feitos do fruto do jequitibá (Cariniana estrellensis), o que permite o plantio direto sem danos ao meio ambiente, por não utilizar plástico. Todo o processo de preparação das espécies doadas foi realizado em conjunto entre Leonel e a pesquisadora Antonieta Salomão.
O chefe do Parque vê com bons olhos a parceria com a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia porque “representa o encontro entre a conservação ex situ (fora do local de origem) e in situ (no habitat das espécies vegetais), estratégias fundamentais e complementares de proteção dos recursos naturais do Cerrado”. O objetivo de Tatagiba é aprofundar a parceria com a unidade, considerando a sua expertise em conservação de plantas. “As sementes de espécies nativas são fundamentais para os processos ecológicos responsáveis pela regeneração natural de ecossistemas degradados na Chapada dos Veadeiros”, complementa Tatagiba.
A Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia investe há mais de quatro décadas em pesquisas com recursos genéticos de plantas, animais e microrganismos. Recurso genético é a parte da biodiversidade que apresenta valor real ou potencial para a humanidade. O Brasil é privilegiado em relação a esses recursos, já que a sua biodiversidade compreende 20% de todas as espécies de plantas, animais e microrganismos do planeta, o que representa o maior patrimônio biológico do mundo.
O objetivo é conservar e usar de forma sustentável esses recursos genéticos, em prol da segurança alimentar das gerações atuais e futuras. Para isso, os estudos envolvem várias etapas, que vão desde a coleta em todos os biomas brasileiros até a conservação em bancos genéticos.
No caso de plantas, uma das prioridades da Embrapa é coletar espécies em áreas que serão sujeitas à degradação ambiental, como por exemplo, pela construção de hidrelétricas. Esse trabalho é feito de forma sistemática e muito do material genético coletado não chega até aos bancos genéticos ou às câmaras frias, nas quais as sementes são conservadas a longo prazo.
“Nossa ideia é coletar as sementes, preparar as mudas que fazem parte desse sistema de conservação e entregá-las aos parques de conservação. Não apenas ao Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, mas a outros no Brasil”, explica Leonel, lembrando que muitas vezes, a palavra mais correta é “devolver” porque parte dessas variedades foram coletadas nas próprias reservas. É o caso do gonçalo-alves, uma árvore rústica de médio porte, cujas sementes foram coletadas na região da Chapada dos Veadeiros.
Por ICMBio