Ícone do site

Parque no RJ instala “hotel” para abelhas solitárias

Abrigo ajuda a conscientizar visitantes e alunos sobre a importância dos polinizadores

Published 22/06/2023
Abelhas solitárias

Troncos, folhas e cascas de árvores compõem a singular hospedagem. | Foto: INEA

Um hotel bom para… abelhas! O Inea (Instituto Estadual do Ambiente) do Rio de Janeiro mantém em Visconde de Mauá um “Hotel de Abelhas Solitárias”. Localizado dentro do Parque Estadual da Pedra Selada, o abrigo acolhe espécies sem ferrão que são fundamentais na polinização de diversas frutíferas, com destaque para o maracujá e a acerola.

A equipe de guarda-parques e jardinagem do local construiu a “hospedaria” em 2021, utilizando diversos materiais naturais como bambus, madeira bruta, troncos de árvores, folhas secas e cascas de árvores. Tais recursos ajudam a simular os ambientes que os insetos utilizam para nidificar na natureza.

Dentre as espécies observadas no local estão a Tetrapedia sp, a Pseudaugochlora sp e a Xylocopa sp. Além das abelhas, diversos outros utilizam o hotel, como vespas, formigas e aranhas. Atualmente há mais de 70 orifícios, ou “quartos”, sendo ocupados ou que já foram usados como ninhos.

Espaço ajuda a conscientizar visitantes e estudantes que visitam o local. | Foto: INEA

O Hotel de Abelhas conta com dois anexos ao lado, duas colmeias de abelhas que vivem em coletividade e produzem mel. A Jataí (Tetragonisca angustula), por exemplo, produz cerca de 1 litro de mel por ano, que na região pode ser comercializado entre R$ 800 e 1000, por ser mais raro e considerado um poderoso antibiótico natural, usado para amenizar os sintomas de gripe por conter enzimas, leveduras e própolis em sua composição natural. Já a Mirim (Plebeia droryana), é também conhecida como “mosquito” e conta com ampla distribuição pelo Brasil.

Segundo a equipe do parque, cerca de 2.700 pessoas já visitaram a iniciativa, dentre estudantes e turistas nacionais e internacionais. “Nosso principal objetivo é informar os visitantes e alunos das escolas sobre a diversidade de nossas abelhas, temos mais de 300 espécies catalogadas no Brasil. Além disso, queremos destacar a importância das abelhas nativas na conservação da nossa biodiversidade”, explica o vice-governador e secretário de Estado do Ambiente e Sustentabilidade, Thiago Pampolha.

Abelhas solitárias

Cada vez mais populares, os chamados hotéis para abelhas são voltados para as espécies solitárias, cujas características são não viverem em comunidade, não produzirem mel e terem vida curta. “Elas ocupam o hotel para pôr as crias, montar um ninho e acompanhar o desenvolvimento delas. Em geral, na natureza, essas abelhas criam ninhos em tronco de árvores ou em galhas”, explica a pesquisadora da Embrapa, Fábia Pereira.

Jataí, espécie de abelha sem ferrão | Foto: SIMA

Uma pesquisa da Universidade Federal de Viçosa, em Minas Gerais, detalha o comportamento das abelhas solitárias. “O comportamento solitário é caracterizado pela independência das fêmeas na construção e aprovisionamento de seus ninhos. Não há cooperação, ou divisão de trabalho, entre as fêmeas de uma mesma geração, ou entre mãe e filhas. Na maioria das vezes, a mãe morre antes de sua prole emergir, sem haver relações entre gerações diferentes”, cita o estudo.

Há cerca de 20 mil espécies conhecidas de abelhas no mundo, sendo que 85% são solitárias. Confira uma pequena amostra da riqueza desses insetos encontrados no Brasil neste material produzido pela Associação Brasileira de Estudo das Abelhas (A.B.E.L.H.A.).

As abelhas têm um importante papel no equilíbrio natural, pois polinizam as flores, que são fecundadas e geram sementes e frutos que alimentam as diversas espécies da fauna. Ao se alimentarem desses frutos, alguns animais dispersam sementes, auxiliando no reflorestamento e na produção de alimentos. Apesar da grande importância, esses animais estão ameaçados pelos diversos impactos negativos causados pela ação humana.

Com informações do INEA e Embrapa

Sair da versão mobile