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Ataques de escorpião são mais comuns no verão

Saiba o que fazer para prevenir acidentes e como agir em caso de picadas de escorpião

Published 22/12/2022
escorpião picadas

Clima quente e úmido torna mais prováveis as picadas de escorpião. Foto: Wolfgang Hasselmann | Unsplash

Os grupos de animais peçonhentos que mais causam acidentes ao ser humano são as aranhas, serpentes e escorpiões. Quem diz isso é o médico veterinário Cláudio Camacho Menezes, da Coordenadoria de Desenvolvimento Rural Sustentável (CDRS). Cláudio atua na linha de frente junto aos produtores rurais e também como professor.

Em suas aulas ele aborda o assunto sobre animais peçonhentos, que tanto podem estar no meio rural como no meio urbano. E reforça: “Aquele que mais tem chamado a atenção nos últimos tempos é o escorpião, pelo maior número de ocorrências registradas”.

Escorpiões são do grupo dos artrópodes e da classe dos aracnídeos, ou seja, são da mesma classe das aranhas, mas de outra ordem. Há várias espécies de escorpiões, cerca de 1,6 mil no mundo, mas apenas 25 delas podem causar problemas ao ser humano. No Brasil, são 160 espécies e os acidentes mais comuns envolvem o escorpião-marrom e o escorpião amarelo, sendo que os casos mais graves são com escorpiões-amarelos, podendo levar a óbito, em especial entre crianças de 0 a 10 anos.

Escorpião amarelo, espécie responsável pelos acidentes mais graves no Brasil. Foto: Pixabay

Especialistas alertam que no verão, quando há maior temperatura e umidade, os escorpiões ficam mais ativos e a época se torna propícia aos acidentes. As espécies mais conhecidas, como Tityus serrulatus (escorpião-amarelo) e o Tityus bahiensis (escorpião-marrom), medem em torno de 7cm; o amarelo apresenta pernas e cauda de cor amarelo-claro com manchas escuras no tronco e no final da cauda, já o marrom apresenta um tom avermelhado escuro, tanto nas pernas como nas pinças e cauda, com o tronco bem escuro.

“Os ataques por escorpiões aumentaram muito nos últimos 10 anos no Brasil e no Estado de São Paulo em especial. Há 10 anos já era significativo, representando cerca de 30% dos acidentes com animais peçonhentos. Em 2008, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) registrou 40 mil casos de ataques por escorpiões e, em 2018, foram registrados em torno de 156 mil casos, um aumento cerca de quatro vezes mais ataques em 10 anos”, alerta Camacho Menezes.

Um motivo de preocupação e de alerta, principalmente nesta época do ano favorável ao aparecimento de escorpiões pelo clima quente e úmido do verão. Porém tais ataques podem ocorrer durante todo o ano em um país tropical como o Brasil.

Aumento dos ataques

Fatores como desmatamento ou condições precárias de urbanização, expansão das cidades sem a prévia adequação do ambiente para receber moradias, condomínios e casas invadindo áreas antes consideradas rurais ou limítrofes são causas prováveis do aumento da população de escorpiões e, consequentemente, de registros de ataques.

“Os escorpiões têm facilidade de se adaptar ao ambiente urbano onde eles podem ter abrigo, já que casas são ambientes seguros, onde não existem predadores naturais e encontram alimento, como insetos, principalmente, baratas, um verdadeiro chamariz para eles”, explica Camacho.

Estudos falam sobre o aumento da prevalência do escorpião-amarelo em São Paulo e no Brasil em função da partenogênese. “O escorpião-amarelo tem grande importância na área da saúde e é um dos mais perigosos no mundo”, alerta Camacho. O grupo de risco são crianças de 0 a 10 anos, faixa em que ocorre o maior número de óbitos em saúde; e pessoas mais vulneráveis, como os idosos, também são consideradas como um grupo de risco.

Sem predadores naturais, uma única fêmea pode provocar uma infestação, já que elas não dependem dos machos para procriar. Foto: Pixabay

O escorpião-amarelo se reproduz por partenogênese, ou seja, a fêmea gera filhotes sem que haja participação de um macho no ambiente. A fêmea pode parir duas vezes por ano, em geral gerando 20 filhotes a cada parto. “Apenas uma fêmea pode causar uma grande infestação, caso não haja inimigos naturais“, diz o técnico, reforçando a preocupação com o aumento significativo da população desse escorpião em especial.

Picadas de escorpião

Os sinais clínicos de uma picada de escorpião são a dor no local, que pode se irradiar a partes do membro atacado. Se houver uma picada no dedo do pé, a dor pode se irradiar até a canela; se for na mão, a dor vai até o braço. A dor no local é semelhante a uma agulhada profunda. Quando a dor fica só no pé, é considerado um acidente leve, mas pode se tornar moderado e vir a se agravar. São toxinas de efeito neurotóxico e causam, portanto, sintomatologias nervosas.

Se for leve, haverá dor, pequeno inchaço e eritema (vemelhidão e sudorese). Se for de moderado a grave, haverá sudorese profusa e sensações de náusea, com salivação e vômito. Aí já se trata de envenenamento mais grave, com hiper ou hipotensão (pressão subindo ou descendo), edema pulmonar, que provoca dificuldade para respirar, acelera a respiração, a qual fica mais difícil. Esses e outros sinais determinam que o envenenamento está evoluindo.

IMPORTANTE: Em todos os casos, é preciso acionar o serviço de saúde mais próximo imediatamente.

Se a dor for o único sintoma, normalmente é feito, no serviço de saúde, um bloqueio anestésico no local da picada; mas se evoluir para o chamado escorpionismo, é necessário o uso do soro antiescorpiônico, desenvolvido pelo Instituto Butantan, assim como outros soros destinados a combater o ataque por animais peçonhentos.

Picadas de escorpião

Escorpião amarelo fêmea. Foto: Pixabay

O que fazer?

Como se prevenir?

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