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Áreas verdes reduzem impacto das enchentes nas cidades

Infográfico mostra porque conservar ecossistemas naturais torna as cidades resilientes a eventos climáticos

Published 02/06/2022
enchentes áreas verdes

Foto: Pixabay

Infelizmente, todos os anos, testemunhamos tragédias humanas e ambientais causadas por chuvas em diferentes partes do Brasil. Com as mudanças climáticas, a tendência é que estes eventos se intensifiquem: cheias dos rios, alagamentos nas cidades, deslizamentos de encostas e, com isso, mortes, pessoas desalojadas ou desabrigadas, infraestrutura destruída e grandes prejuízos financeiros, ecológicos e humanos.

A solução para este problema não é simples e envolve diversas questões sociais, econômica e ambientais. Com tantos fatores envolvidos, uma certeza une especialistas: a conservação dos ecossistemas naturais é fundamental na mitigação dos impactos dos fenômenos climáticos extremos, que devem ser cada vez mais frequentes.

Conscientização sobre os riscos e as ações para reduzi-los aumentaram globalmente, mas medidas de adaptação têm sido insuficientes diante da magnitude do problema. Cena do desastre causado pelo excesso de chuvas em Petrópolis, no Rio de Janeiro. Foto: Tânia Rego | Agência Brasil

Diferentes cidades do mundo já desenvolvem projetos que consideram a implantação, manutenção e recuperação de áreas verdes em pontos estratégicos para criar um sistema natural capaz de absorver a água da chuva, filtrar sedimentos do solo e até reduzir custos com saneamento básico e melhorar a saúde pública.

Foto: Unsplash

“Claro que existem situações extremas que não podem ser mitigadas, mas a infraestrutura natural deve fazer parte de uma estratégia para garantir cidades mais inteligentes e resilientes para o futuro. Um dos melhores exemplos nesse sentido são cidades-esponjas da China, que utilizam soluções naturais para drenar a água das áreas urbanas, e não coletar e jogar tudo rapidamente nos rios”, explica a paisagista urbana Cecilia Herzog, membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN) e do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).

Mais verde, menos enchentes

Fonte: Fundação Grupo Boticário

A ideia é simples: quanto mais cobertura vegetal uma cidade possui, maior a capacidade de drenar a água da chuva e reduzir o impacto das enchentes. Parques alagáveis, jardins de chuva, calçamentos permeáveis, telhados verdes, hortas comunitárias e praças-piscinas são algumas das estratégias que também já são usadas com sucesso no Brasil.

O Parque Barigui, em Curitiba, é um exemplo de como é necessário respeitar os cursos d’água para evitar problemas sérios, gerando, inclusive, benefícios para a qualidade de vida da população. Ao preservar e restaurar ecossistemas naturais, além de buscar inspiração em soluções ancestrais, é possível reduzir o uso de infraestrutura cinza, diminuindo ainda custos para o poder público.

Parque Barigui, importante área verde de Curitiba, no Paraná. Foto: Pixabay

Margens dos rios

Uma das estratégias mais importantes para reduzir os efeitos das enchentes é a proteção das margens dos rios, que são consideradas Áreas de Preservação Permanente (APP) de acordo com Código Florestal Brasileiro. A definição das faixas mínimas a serem protegidas visa garantir que as funções gerais dessas áreas sejam minimamente resguardadas, tanto no espaço rural quanto no urbano. Fruto do crescimento desordenado das cidades, a redução das APPs amplia os efeitos das enchentes e deixa a população mais exposta a prejuízos e tragédias.

“As APPs contribuem para a proteção da biodiversidade, ajudam a regular o microclima, protegem recursos hídricos, reduzem os efeitos das ilhas de calor em grandes cidades e regiões metropolitanas e também oferecem bem-estar para as populações”, pontua André Ferretti, gerente sênior de Economia da Biodiversidade da Fundação Grupo Boticário e também membro da RECN.

Foto: Pixabay

Em dezembro, o Congresso Nacional aprovou o projeto de lei que transfere da União para os municípios a competência para definir as regras de proteção às margens de rios, lagos, lagoas e demais cursos d’água de cidades brasileiras. A medida é vista com preocupação pelos especialistas, pois deve facilitar as pressões locais para a modificação do uso destas áreas.

“Não faz sentido flexibilizar a legislação, gerando incertezas sobre essas áreas e colocando a população em risco. Ao poder induzir desmatamentos, a mudança na lei também vai contra o acordo de desmatamento zero até 2030 assumido pelo Brasil durante a COP26”, alerta Ferretti.

E-book gratuito

Para saber mais sobre como as Soluções Baseadas na Natureza são importantes para que as cidades se preparem para os desafios das mudanças climáticas, a Fundação Grupo Boticário disponibiliza gratuitamente o e-book “Cidades Baseadas na Natureza: infraestrutura natural para resiliência urbana”. O material traz exemplos de diferentes metrópoles que adotaram com sucesso a infraestrutura verde para solucionar problemas urbanos. 

Baixe aqui o e-book “Cidades Baseadas na Natureza: infraestrutura natural para resiliência urbana”

Foto: Kelly Sikkema | Unsplash

Dados e fatos sobre eventos climáticos

Parque Cantareira, em São Paulo. Foto: iStock

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