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Hospital em BH possui quase 7 mil m² de telhado verde

Sistema tem capacidade de captar e armazenar até 370 mil litros de água pluvial excedente.

Published 04/12/2020
hospital telhado verde

Alagamentos e enchentes viraram lugar-comum nas manchetes dos jornais, sobretudo, entre dezembro e janeiro. Especialistas em questões ambientais apontam projetos para tornar as cidades mais permeáveis e um dos exemplos é o que fez, de forma espontânea, o hospital Orizonti – Instituto Oncomed de Saúde e Longevidade. O edifício é revestido por 6.942 m² de cobertura vegetal, cuja capacidade é de captar e armazenar até 370 mil litros de água pluvial excedente em um reservatório de 370 m³.

Recém-inaugurado, no hospital de Belo Horizonte (MG) todo volume de água drenado será reutilizado para irrigação da vegetação e também para limpeza de alguns ambientes. Tal solução poderia ser adotada largamente nos terraços das grandes cidades, a exemplo do que acontece neste projeto de Nova Iorque.

Segundo a engenheira civil e especialista em construções sustentáveis, Cristiane Lacerda, tecnologias inovadoras podem contribuir para reduzir os danos. “Existe o desafio de diminuir a impermeabilização nas cidades para melhorar a drenagem urbana. Para isso, é preciso aumentar áreas verdes nos diversos tipos de construções. Para ela, os telhados verdes podem reter grande volume de água, sendo uma opção viável para cidades urbanas e podem funcionar como um apoio para a rede pública.

Marcelus Oliveira, engenheiro civil e especialista em telhados verdes e jardins verticais foi o responsável pelo projeto do maior telhado verde do Brasil. Ele explica que a vegetação escolhida foi a grama amendoim, nativa do Brasil e adaptada ao telhado verde. “Foram utilizadas 105 mil mudas de grama amendoim, 23 quilos de sementes e 360 mil litros de substrato. É um sistema leve, que não sobrecarrega o empreendimento”, contou ele.

Como funciona

O sistema capta a precipitação a partir de drenos e o líquido fica armazenado em tanques para ser reaproveitado de diversas formas. Os jardins de chuva ou jardins drenantes são dispositivos para controle da drenagem da água pluvial, os quais contribuem para que a cidade se torne mais resiliente, objetivo do Plano Diretor da Prefeitura de Belo Horizonte,, Lei nº 11.181, de 08 de agosto de 2019.  

Estes jardins devem possuir solo modificado, com camadas de terra vegetal, manta filtrante, brita e areia para aumentar a sua porosidade e, consequentemente, a capacidade de armazenamento de água. Dessa maneira, a água da chuva se acumula nos jardins e gradualmente é infiltrada no solo. O plantio de vegetação adaptada às condições do jardim, que por uma época fica bastante úmido e em outra seco, também auxilia na remoção dos poluentes vindos do escoamento das águas pluviais através da atividade biológica de plantas e microrganismos presentes no solo.

Arquitetura Integrada

Cercado pelas montanhas da Serra do Curral, o edifício, integrado ao meio ambiente, tem vista panorâmica de Belo Horizonte. Sua fachada espelhada permite a continuidade visual entre o prédio e a cidade. Os vidros contribuem com a ambientação interna, aumentando a incidência de iluminação natural e ventilação, resultando em menor consumo de energia e uso mais racional dos recursos naturais. Além disso, a maior parte do terreno é permeável para evitar acúmulo de água, funcionando como área de retenção, evitando alagamentos e erosões.

Construção sustentável

O edifício bioclimático possui jardins internos e um dos maiores telhados verdes da América Latina. Seu terraço, além de ajudar na recomposição da paisagem da montanha da Serra do Curral, reduzirá o calor interno e o consequente gasto com ar condicionado. 

Além disso, o hospital prevê economia de água acima de 30% e de energia acima de 25%. As estimativas são de eficiência hídrica e energética de 62%, 34%, respectivamente. Em relação ao total de resíduos gerados, a estimativa é que 70% sejam destinados à reciclagem.

Centro de Ensino, Pesquisa e Inovação

Para estimular, gerar e disseminar conhecimento por meio da investigação científica, haverá  formação e capacitação profissional, para o público interno e externo. A parceria com a FELUMA na cirurgia robótica, por exemplo, prevê cursos e treinamentos práticos para que profissionais de qualquer parte do Brasil possam se especializar. Estão previstos ainda, programas de residência  médica, pesquisas científicas e discussão de casos clínicos.

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