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Energia Eólica Offshore, em alto mar
Foto: iStock

Pela primeira vez na história, o sistema elétrico da Grã-Bretanha operou por mais de sete dias sem a necessidade de acionar usinas de carvão. Esse recorde foi atingido na quarta-feira passada (08/5), de acordo com o National Grid Electricity System Operator (ESO), responsável pela gestão da rede britânica de geração e distribuição elétrica.

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“Ainda que esta tenha sido a primeira vez que tivemos uma operação contínua sem o uso de carvão, esperamos que esse tipo de episódio torne-se o ‘novo normal'”, ressaltou Fintan Slye, diretor do ESO. “Na medida em que mais e mais combustíveis renováveis entram na matriz elétrica britânica, operações sem carvão serão mais frequentes. Acreditamos que, até 2025, seremos capazes de operar todo o sistema elétrico da Grã-Bretanha com zero carbono”.

O uso do carvão como combustível foi fundamental para o processo de industrialização na Grã-Bretanha em meados do século XIX, que marcou o modelo de desenvolvimento industrial que se proliferou pelo mundo no século seguinte. As minas de carvão fazem parte da história britânica, com episódios políticos e sociais marcantes do país associados a esse combustível, como as greves de 1984-1985 contra o governo da então primeira-ministra Margaret Thatcher (1979-1990).

Para Greg Clark, secretário de negócios e energia do Reino Unido, o feito de passar uma semana sem o uso de carvão para geração elétrica desde a Revolução Industrial sinaliza o compromisso britânico com o combate à mudança do clima e pelo crescimento econômico limpo e verde. “Queremos continuar batendo recordes, e é por isso que estruturamos nosso setor de energia renovável para que ele prospere. Estamos agora em um caminho para nos tornarmos a primeira grande economia a promover emissões líquidas zero”, aponta Clark.

Assim, o feito obtido pelos britânicos na última semana na geração elétrica livre de carvão representa não apenas um avanço no uso de fontes mais limpas de energia, como a energia eólica, mas uma mudança de paradigma dentro do modelo industrial do país.

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“Para que pudéssemos ter esse desempenho significativo, trabalhamos ativamente com a indústria ao longo dos últimos anos para reduzir a dependência industrial e elétrica com relação ao carvão”, ressalta Slye. “Estamos programando o fechamento de usinas de carvão e reduzindo a operação das que se mantêm para dar espaço a fontes mais limpas. As empresas responsáveis pela transmissão também estão investindo na modernização da rede, de maneira a garantir uma operação segura e contínua, sem desperdício energético”.

Esse recorde enterra a noção de que os combustíveis mais poluentes são imprescindíveis para a geração elétrica, ressalta Jonathan Marshall, médico e chefe de análise da Energy and Climate Intelligence Unit (ECIU). “Reduzir carbono não reduz a possibilidade de geração elétrica nem a disponibilidade na rede, diferentemente do que alguns analistas mais antiquados temiam. Na verdade, o que estamos vendo é o contrário: a geração elétrica está aumentando e as emissões de carbono, diminuindo”.

O ESO se comprometeu a avançar na descarbonização da matriz elétrica britânica, identificando os sistemas, serviços e produtos necessários para operar uma rede de carbono zero e projetar os novos mercados competitivos necessários para obtê-los com mais eficiência. “Acreditamos que promover a concorrência acabará por levar a um melhor valor para os clientes. Os novos produtos e serviços ajudarão a reduzir o custo geral de operação do sistema, reduzindo os custos para os consumidores”, conclui Slye.

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