Comer menos carne está entre as principais recomendações para que a gente diminua o nosso impacto no meio ambiente, ajudando a combater a crise climática e contribuindo para um futuro sustentável. Mas, o fato é que as nossas escolhas alimentares também têm um grande impacto no nosso corpo, saúde e bem estar.
E, de acordo com pesquisas recentes, os efeitos de uma dieta plant-based – sem produtos de origem animal – também são muito benéficos para nossa saúde, com um custo-benefício maior e menos chances de desenvolvermos doenças ou condições que comprometam nosso bem estar.
É o que mostra um estudo publicado no periódico científico The Permanente Journal, do Permanente Medical Group, maior grupo médico dos Estados Unidos, com 9 mil clínicos gerais e mais de 35 mil profissionais de enfermagem.
Pesquisa de médicos para médicos
A publicação mostra os resultados recentes de uma pesquisa conduzida por um grupo de médicos e dirigida aos clínicos gerais sobre os benefícios de uma dieta de base vegetal.
“Muitos clínicos gerais não dão às dietas plant-based a sua devida importância como primeira opção de tratamento para algumas doenças crônicas”, diz o estudo.
Segundo os médicos, uma dieta sem produtos de origem animal pode “reduzir o número de medicamentos necessários para tratar doenças crônicas e ajudar a diminuir os índices de mortalidade relacionados à doenças cardíacas isquêmicas”.
“Clínicos deveriam considerar a recomendação de dietas plant-based para seus pacientes”.
Os autores avaliaram estudos anteriores que incluem dietas veganas (sem nenhum tipo de produtos animais), vegetarianas (que excluem carne vermelha, de aves, porcos e frutos do mar) e a dieta mediterrânea (rica em frutas, vegetais e que permite peixes e frutos do mar).
Confira os benefícios que os médicos associam à uma dieta de base vegetal:
1. Baixas taxas de obesidade
- Uma dieta vegana ou vegetariana é bastante eficiante para a perda de peso;
- A diminuição de peso nos vegetarianos não depende de exercícios físicos e pode chegar a meio quilo por semana;
- Em uma dieta vegana a queima calórica é maior depois no período após as refeições, o que contrasta com dietas não veganas quando a perda calórica diminui após as refeições e pode levar ao acúmulo de gordura.
- Dietas vegetarianas são mais eficientes na manutenção do peso e podem ser mais nutritivas do que dietas que incluem carne.
- Uma alimentação vegetariana pode ser bastante nutritiva e ajudar a manter o peso.
- Estudos epidemiológicos indicam que dietas vegetarianas estão relacionadas a índices de massa corporal mais baixos e taxas de obesidade menores em adultos e crianças.
2. Prevenção e controle de Diabete
- Vegetarianos tem aproximadamente metade do risco de desenvolver diabete do que quem come carne.
- Não vegetarianos tem uma chance 74% maior de desenvolver diabete um período de 17 anos.
- Uma dieta baixa em gordura, baseada em vegetais com pouca ou nenhuma carne ajuda a prevenir e tratar a diabete, possivelmente por aumentar a sensibilidade e diminuir a resistência à insulina.
3. Menor risco de doenças cardíacas
- Em um estudo, 82% dos pacientes com doenças cardíacas que seguiram uma dieta plant-based em alguma proporção apresentaram regressão no nível de ateroscleroses. Mudanças no modo de vida foram identificadas como responsáveis por esta regressão e por reduções em ateroscleroses severas depois de apenas um ano.
- Depois de 1 ano, as taxas de colesterol LDL (o colesterol “mal”) caíram 40% e a queda se manteve em 20% abaixo da media depois de 5 anos. Essas quedas são similares às obtidas com o uso de medicamentos contra o colesterol.
- Uma projeção com grupos de estudos anteriores mostrava que, após 27 meses, eventos de saúde relacionados a problemas cardíacos diminuiriam em 73% e a mortalidade por diferentes causas poderia cair em 70%.
- Uma análise colaborativa usando dados de 5 estudos anteriores comparou as taxas de mortalidade especificamente relacionadas a problemas cardíacos isquêmicos entre vegetarianos e não vegetarianos. Os vegetarianos tiveram uma taxa 24% menor.
4. Pressão sanguínea mais baixa
- Segundo os autores, em 2010, o Dietary Guidelines Advisory Committee (Comitê Consultivo de Orientações Alimentares) revisou artigos sobre o efeito de dietas na pressão sanguínea em adultos e conclui que: “Dietas vegetarianas estão associadas a menor pressão sanguínea sistólica e diastólica”.
5. Aumento da longevidade
- O Dietary Guidelines Advisory Committee (Comitê Consultivo de Orientações Alimentares) analisou ainda o efeito das dietas de base vegetal em casos de derrames, doenças cardiovasculares e mortalidade em adultos. A conclusão é que dietas vegetarianas e veganas estão associadas a menores riscos de doenças cardiovasculares e mortalidade, quando comparadas a dietas que incluem carne.
- O consumo excessivo de carne vermelha está associado com um aumento no risco de morte por doenças cardiovasculares e da mortalidade por diversas causas. O consume reduzido de carne está associado à longevidade.
- Uma análise incluindo 124.706 participantes entre vegetarianos e não vegetarianos comparou a taxa de mortalidade por doenças cardiovasculares e a taxa entre os vegetarianos foi 29% menor.
Como os autores explicaram, o objetivo da publicação deste estudo foi ajudar clínicos gerais a entenderem o potencial benefício de uma dieta a base de vegetais, com a meta de mudar um padrão social de alimentação.
“Estes dados sugerem que uma alimentação baseada em vegetais pode ser uma solução prática para tratar e prevenir doenças crônicas.”
Além da importância de diminuir o impacto Ambiental que o consume de carne tem para o planeta, adotar uma dieta de base vegetal traz benefícios para a nossa própria saúde – é uma escolha que faz bem em vários sentidos. Podemos incluir nesta equação positiva o fim do sofrimento e maus tratos de animais.
Para ler o relatório completo (em inglês), clique em Nutritional Update for Physicians: Plant-Based Diets.
Nota do CicloVivo
A nossa alimentação é uma escolha pessoal, na qual estão inseridos fatores econômicos, culturais, sociais, de saúde, entre muitos outros. Optar por cortar a proteína ou produtos de origem animal da dieta é uma decisão que nem todos podem ou querem tomar.
No entanto, recomendamos experimentar reduzir o consumo de carne e de produtos de origem animal em alguma medida para avaliar esta possibilidade e seus resultados, para o planeta e para o próprio bem-estar.
O movimento Segunda sem Carne, por exemplo, propõe que em um dia da semana cortemos o consumo de produtos de origem animal, o que já tem um efeito no impacto ambiental da nossa alimentação e abre a possibilidade de experimentarmos novos sabores.