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Reserva Marinha de Galápagos é ampliada em mais de 60 mil km²

Nova área de proteção vai criar corredor estratégico para preservação de espécies marinhas residentes e migratórias

Published 02/02/2022
Reserva de Galápagos

Baleia nas águas de Galápagos. Foto: Bryan Thompson | Unsplash

O ano começou com uma ótima notícia para a conservação da biodiversidade nos oceanos: a Reserva Marinha de Galápagos terá a sua área de proteção ampliada em 23 mil milhas quadradas, o equivalente a mais de 60 mil quilômetros quadrados de oceano entre Galápagos e a Costa Rica.

O decreto que amplia área protegida existente foi divulgado pelo governo do Equador no dia 14 de janeiro de 2022 e elava a área total de proteção para 198 mil quilômetros quadrados de habitat marinho. Dentro desta área, foi criada uma nova reserva marinha, que recebeu o nome de Hermandad, com uma área proibida de cerca de 30 mil onde a remoção de plantas e animais é estritamente proibida.

Galápagos. Foto: Gabriela Larreategui | Unsplash

Os conservacionistas elogiaram o anúncio para proteger um dos ecossistemas mais diversos do mundo. A reserva oferecerá proteção a espécies residentes e migratórias ameaçadas, incluindo tubarões, baleias, tartarugas marinhas e raias manta.

“Esta área tem uma das mais ricas concentrações de biodiversidade do planeta, incluindo uma ampla gama de espécies migratórias, portanto, ao garantir esta nova área protegida, uma grande vulnerabilidade para a fauna marinha que anteriormente era um paraíso para a pesca industrial, incluindo a pesca de barbatanas de tubarão”, explica Washington Tapia, diretor de conservação da Galápagos Conservancy.

“A expansão da Reserva Marinha de Galápagos e a criação da Reserva Marinha Hermandad são uma vitória histórica para a conservação dos oceanos em Galápagos e globalmente.”

Washington Tapia, diretor de conservação da Galápagos Conservancy.
Foca no mar, na Reserva de Galápagos. Foto: Rod Long | Unsplash

Corredor de conservação

Os líderes da Costa Rica, Panamá e Colômbia anunciaram estes  países vão se unir ao Equador para expandir e conectar suas atuais áreas marinhas protegidas. A expansão protegerá os animais marinhos que percorrem a super estrada migratória até a Ilha dos Cocos, na Costa Rica.

Ao assinar a declaração, o presidente equatoriano Guillermo Lasso disse: “A partir de hoje, Costa Rica, Panamá, Colômbia e Equador vão proteger e conectar dois dos habitats biologicamente mais significativos do mundo. Hoje estamos declarando uma reserva marinha para uma área de 60 mil quilômetros quadrados que se somam ao oceano, o grande regulador do clima.”

Para Dona Bertarelli, co-presidente da Fundação Bertarelli e Patrona na União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN), o Equador acrescentou uma peça vital ao quebra-cabeça da conservação marinha para a região do Pacífico Tropical Oriental – algumas das águas mais abundantes e biodiversas do mundo.

“Proteger essa rota de migração crítica ajuda a preservar a biodiversidade em toda a região, aumenta a resiliência contra as mudanças climáticas e nos aproxima da meta global de proteger 30% do nosso planeta até 2030. Esta é uma vitória importante para a vida marinha – e as pescas e comunidades que dela dependem.”

Dona Bertarelli, co-presidente da Fundação Bertarelli e Patrona da IUCN
Galápagos. Foto: Nathalie Marquis | Unsplash

Reservas Marinhas e Mudanças Climáticas

As reservas marinhas são áreas marinhas protegidas de captura zero e totalmente protegidas, com pela proibição de todas as atividades que prejudiquem ou removam qualquer tipo de vida marinha. Existem também outros tipos de áreas marinhas protegidas que permitem parcialmente algumas atividades humanas, como natação, canoagem, pesca ou mergulho, dentro de suas fronteiras.

As reservas marinhas são uma importante ferramenta para combater as mudanças climáticas, uma vez que promovem a biodiversidade, melhoram a qualidade da água e protegem habitats e espécies da interferência humana.

Os oceanos desempenham um papel fundamental no equilíbrio ambiental do planeta e são considerados o pulmão do planeta – as algas marinhas são responsáveis produção de 54% do oxigênio do mundo.

“CONTAMOS COM OS OCEANOS PARA ALIMENTAÇÃO, MEIOS DE SUBSISTÊNCIA, TRANSPORTE E COMÉRCIO. E, ENQUANTO PULMÕES DO NOSSO PLANETA E O SEU MAIOR MEIO DE ABSORÇÃO DE CARBONO, OS OCEANOS DESEMPENHAM UM PAPEL VITAL NA REGULAÇÃO DO CLIMA GLOBAL.”

António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas
A biodiversidade em Galápagos está nas ilhas, nas praias e águas do mar. Foto: Amy Perez | Unsplash

Benefícios ambientais e econômicos

A criação da nova reserva teve o apoio do povo de Galápagos, dos conservacionistas, do governo e da indústria pesqueira, que também se beneficia de uma oceano mais saudável.

Após a criação da Reserva Marinha de Galápagos, em 1998, as populações de peixes se recuperaram tanto que foram transferidas para áreas vizinhas. Uma dos resultados foi que a pesca comercial do atum cresceu substancialmente nas áreas adjacentes.

Foto: Evan Boehs | Unsplash

“Estamos orgulhosos que nossa comunidade local e a indústria pesqueira se uniram em apoio a essas proteções marinhas”, disse o ministro do Meio Ambiente do Equador, Gustavo Manrique, em comunicado. 

Moradores, funcionários do governo e cientistas da área apoiam fortemente a manutenção das proteções marinhas. Muitos trabalharam com o Projeto Pew Bertarelli Ocean Legacy apoiando pesquisadores e economistas a considerar opções para expandir as proteções marinhas de Galápagos que beneficiariam o ecossistema, bem como a economia e os pescadores.

“Todos nós dependemos da vitalidade contínua dessas águas ricas e entendemos que preservar nosso oceano traz benefícios sociais, econômicos e ambientais significativos.”

Gustavo Manrique, ministro do Meio Ambiente do Equador
Tartaruga marinha no mar de Galápagos. Foto: Dustin Haney | Unsplash

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