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Mudanças climáticas ameaçam produção de café, abacate e caju

Café será a cultura mais afetada e pode perder metade das áreas adequadas ao cultivo

Published 31/01/2022
café mudanças climáticas

Foto: Pixabay

Michael Hoffman escreveu o livro Our Changing Menu que em português pode ser traduzido como Nosso Cardápio Mudando, justamente porque mostra como a crise climática vai afetar a nossa alimentação. Recentemente, um estudo publicado recentemente mostra que o café, o abacate e o caju, culturas típicas das regiões tropicais, estão entre as mais ameaçadas pelas mudanças climáticas.

Com base em 14 modelos climáticos diferentes, pesquisadores avaliaram como os cultivos de abacate, caju e da variedade mais popular de café, a Coffeea arábica, se adaptariam às mudanças climáticas nos próximos 30 anos. O resultado do estudo foi publicado na PLOS One e alerta para impactos significativos nas 3 culturas, comuns em regiões tropicais.

“O café provou ser mais vulnerável, com impactos climáticos negativos dominando em todas as principais regiões produtoras”, escreveram os autores do estudo. “Tanto para o caju quanto para o abacate, espera-se que as áreas adequadas para cultivo se expandam globalmente, enquanto na maioria dos principais países produtores, as áreas de maior adequação podem diminuir.”

Foto: Pixabay

Os pesquisadores  analisaram como as condições ideais para as três culturas seriam impactadas em todo o mundo e país a país até 2050 com base em três cenários diferentes, de acordo com as emissões de gases de efeito estufa.

No primeiro cenário, uma rápida redução nas emissões que limitaria o aquecimento a 1,6°C; em outro cenário, uma redução moderada limitaria o aquecimento a 2,4°C; e, num terceiro cenário de altas emissões o aquecimento global iria ultrapassar 4°C.

O estudo avaliou em cada cenário elementos de adequação que incluem longas estações secas, temperaturas médias altas e baixas, precipitação anual, baixo pH do solo, textura pobre do solo e inclinação do declive, de acordo com o estudo. 

Os cientistas concluíram que as condições climáticas eram mais importantes para o sucesso das lavouras do que as condições do solo. 

“Pegue no seu computador e digite as mudanças climáticas seguidas de sua comida favorita e, na metade do tempo, você terá uma história sobre mudanças climáticas afetando sua comida favorita.”

Michael Hoffman, autor de Our Changing Menu
Foto: Pixabay

Café

O café é a cultura mais suscetível às mudanças climáticas, de acordo com o estudo. Em todos os cenários avaliados, o número de regiões adequadas para a cultura caiu pela metade. Isso ocorreu principalmente por causa do aumento anual das temperaturas nos principais países produtores de café, como Brasil, Vietnã, Indonésia e Colômbia.

Caju

Foto: Pixabay

O cultivo de caju não seria tão prejudicado, mas sim mudaria de local, aumentando seu território adequado em 17% com as mudanças climáticas. Mas, esta mudança afetaria drasticamente países que hoje plantam e colhem caju, comercializando frutas e castanhas. Entre os países mais prejudicados estão a Índia e Benin, que perderia metade de suas áreas de cultivo adequadas.

Abacate

A área mais adequada para o cultivo de abacates pode diminuir entre 14% e 41% em lugares como a República Dominicana e a Indonésia. Já as áreas consideradas moderadamente adequadas podem aumentar em até 20%.

O México, maior produtor de abacate do mundo, teria uma aumento de área adequada à produção de até 87%. NO entanto, outros grandes produtores, como o Peru, perderiam cerca de metade de sua área adequada.

Foto: Pixabay

Migração de culturas?

No geral, os autores do estudo acreditam ser possível levar estes três cultivos para outros locais, conforme a adequação dos territórios. NO entanto, introduzir novas culturas em outras regiões traz também grandes impactos ambientais, como o desmatamento.

“Em regiões que podem se tornar mais adequadas para o cultivo dessas culturas, é importante garantir que não haja impactos ambientais negativos, como o desmatamento”, disse o principal autor do estudo, Roman Grüter, da Universidade de Ciências Aplicadas de Zurique. “Em todas essas mudanças, as partes interessadas locais, as comunidades locais precisam se envolver nesses processos de mudança. Deve ser realmente participativo.”

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