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Como identificar plantas nativas e exóticas?

Dupla de paisagistas explica as características das espécies e os cuidados indicados

Published 25/10/2023
plantas nativas e exóticas

Composição dos paisagistas Catê Poli e João Jadão. | Foto: Evelyn Müller

Na última edição da CASACOR São Paulo, realizada entre maio e agosto de 2023, a dupla de paisagistas Catê Poli e João Jadão foi destaque com seu jardim tropical ao ar livre. A proposta de ambos foi mesclar plantas nativas e exóticas, criando variados tons de verde. Uma espécie proveniente de fora da flora original local não necessariamente é ruim, mas, quando for o caso, é preciso escolher de forma responsável as plantas exóticas não invasoras – confira a seguir as dicas dos profissionais.

Catê Poli explica que as plantas nativas são aquelas encontradas naturalmente em uma determinada região ou ecossistema, em outras palavras, que se desenvolvem dentro dos seus limites naturais, incluindo a sua área potencial de dispersão. “Elas evoluíram e se adaptaram às condições climáticas, solo, fauna e a flora dos locais ao longo dos tempos”, esclarece. Entre as espécies encontradas na mostra estavam a jabuticabeira, samambaia, guaimbê e clusia.

Já as plantas exóticas são aquelas introduzidas em uma área ou ecossistema onde não ocorreriam naturalmente. “Elas são originárias de outros lugares, geralmente de outros países ou continentes”, diz. Na mostra, ela e João Jadão leveram variedade como a ripsális (África/Sri Lanka), palmeira-fênix (Ásia/Tailândia), palmeira-traquicarpo (Ásia/China), inhame preto brilhante (Ásia Tropical), areca-bambu (Madagascar); jiboia (Oceania) e a alocasia portora.

Projeto dos paisagistas Catê Poli e João Jadão que combina diversas espécies. | Foto: Evelyn Müller

“Unimos culturas, tradições e natureza em uma só voz. Na realização do nosso projeto, investimos na diversidade e preservamos a essência das plantas nativas e exóticas com tudo o que elas nos oferecem”, comenta João Jadão.

Das prediletas eleitas pelos profissionais estão a jabuticabeira, única frutífera entre as espécies: veja como plantar uma jabuticabeira! Já entre as exóticas, o destaque é a palmeira traquicarpo, que pode suportar tanto o frio como o calor intenso, tornando-se adequada para uma ampla gama de climas.

A dupla de paisagistas atribui um valor especial às plantas tropicais devido à sua beleza única e exuberante, apresentadas como flores vistosas, folhagens coloridas, formas distintas ou texturas interessantes. Essas características estéticas contribuem para a criação de jardins atrativos e paisagens visualmente impactantes.

As vistosas jabuticabeiras foram plantadas no Mirante Paulista em vasos vietnamitas (Organne). | Fotos: Evelyn Müller

“No paisagismo, elas nos propiciam uma variedade enorme de opções para escolher, resultando na criação de composições distintas e diversificadas. A disponibilidade de diferentes cores, tamanhos, formas e padrões também nos abrem o leque para atingirmos paisagens únicas e personalizadas”, explica Catê Poli.

Como identificar as plantas nativas e exóticas?

As espécies de plantas nativas e exóticas, podem ser localizadas nos guias e bibliografias de botânicas, além de diversos livros especializados que fornecem informações destas plantas presentes em diferentes regiões. Esses recursos geralmente incluem ilustrações, descrições e características distintivas das espécies que podem ajudar na identificação.

Ademais, os paisagistas também sugerem entrar em contato com especialistas locais em botânica e órgãos de conservação da natureza ou jardinagem como meios de obter mais referências e orientações, bem como o acesso em sites e aplicativos especializados.

É importante ressaltar que o cultivo e uso de plantas exóticas pode estar sujeito às regulamentações específicas em diferentes Estados e municípios brasileiros. Dessa forma, é aconselhável uma consulta prévia às leis e regulamentos locais.

Para quem busca encontrar um local para aquisição de espécies nativas, procure por viveiros especializados, feiras de plantas e eventos de conservação, programas de recuperação do ecossistema, ou grupos de jardinagens, sugere a dupla de paisagistas.

Ao centro da imagem a palmeira traquicarpo, também conhecida como palmeira-de-leque ou palmeira-de-kentia, é uma planta exótica originária das regiões montanhosas do sul da China e do norte de Mianmar (Birmânia). Ela foi amplamente cultivada e aclimatada em várias partes do mundo devido à sua beleza e resistência. | Foto: Evelyn Müller

De acordo com João, as plantas nativas oferecem muitas vantagens em relação às exóticas, pois demandam menos cuidados e são mais resistentes – pela formação, se adaptaram às condições climáticas, ao solo e aos padrões de chuva específicos de uma determinada região. “Isso significa que elas estão naturalmente adaptadas ao ambiente local, tornando-as mais resistentes às pragas, doenças e condições adversas”, comenta.

6 dicas para unir o melhor das espécies em um único jardim:

O inhame preto brilhante (à esquerda), originário das regiões tropicais da Ásia, especialmente das ilhas do Pacífico. Ele foi introduzido em várias partes do mundo devido à sua popularidade como alimento e planta cultivada. Na imagem à direita, a alocasia portora. | Fotos: Evelyn Müller
  1. Planejamento consciente: ao projetar o jardim, leve em consideração a combinação de plantas exóticas e nativas de forma equilibrada, sempre reservando áreas específicas ou grupos harmoniosos para cada tipo de planta;
  2. Escolha de plantas nativas: priorize a utilização diversidades nativas no jardim, que são essenciais para a conservação da biodiversidade e para a criação de habitats de insetos, pássaros e outros animais locais;
  3. Destaque as características únicas das plantas exóticas: escolha espécies que possuam características estéticas ou funcionais bastante distintas. Esse olhar pode incluir flores exuberantes, folhagens coloridas, formas interessantes ou texturas diferentes;
  4. Mimetismo ecológico: opte por plantas exóticas que se assemelhem às nativas em termos de aparência e características de crescimento. Dessa forma, se obtém a beleza estética desejada das plantas exóticas, enquanto se mantém a integridade ecológica do jardim;
  5. Manutenção e cuidado apropriados: assegure-se de fornecer o cuidado adequado tanto para as plantas exóticas, quanto para as nativas. Essa lista inclui a rega adequada, poda regular, remoção de plantas invasoras e o manejo integrado de pragas;
  6. Educação e consciência: compartilhe informações sobre a importância da utilização de plantas nativas e da diversidade de espécies em um jardim. Incentive a conscientização sobre a conservação da biodiversidade e os benefícios de se ter um jardim sustentável e amigável para a fauna local.
As folhas da Psidium guajava (goiabeira) possuem atividade anti-inflamatória. | Foto: Andreas Kelager, Charles Darwin Foundation.

“Lembre-se de que o equilíbrio é fundamental. Ao combinar um jardim com mais plantas nativas você pode criar um ambiente bonito e atrativo, ao mesmo tempo em que preserva a integridade ecológica e promove a sustentabilidade”, finaliza a dupla de paisagistas Catê Poli e João Jadão.

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