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Movimento dos artistas Huni Kuin faz 1ª exposição no Brasil

Povo indígena de 14 mil pessoas traz para São Paulo exposição coletiva com curadoria de Ibã Huni Kuin e Daniel Dinato

Published 24/06/2022
exposição artistas indígenas

Artistas do Movimento dos Artistas Huni Kuin (MAHKU). Foto: Daniela Dinato

A Casa de Cultura do Parque, em parceria com a Carmo Johnson Projects, traz para o Brasil a primeira exposição do Movimento dos Artistas Huni Kuin (MAHKU) em território nacional. Parte do II Ciclo Expositivo 2022 da Casa, a exposição MAHKU – Cantos de imagens tem curadoria de Ibã Huni Kuin e Daniel Dinato, apresentando uma seleção de onze pinturas e uma grande instalação da artista Kássia Borges – MAHKU, que será montada junto ao público durante a abertura da mostra.

Paxaruma Pae, de Cleiber Bane. Acrilica sobre tela. Foto: Samuel Esteves

O MAHKU é um coletivo de artistas e pesquisadores Huni Kuin, povo indígena de cerca de 14 mil pessoas que vive no estado do Acre e no Peru. O grupo é composto atualmente por Ibã Huni Kuin, Kássia Borges, Pedro Maná, Cleiber Bane e Acelino Tuin. Fundado em 2012, no município de Jordão, no estado do Acre, o coletivo é um desdobramento das pesquisas de seu fundador, Ibã Huni Kuin, sobre os cantos huni meka (os cantos que conduzem os rituais com ayahuasca entre os Huni Kuin).

Artistas indígenas do coletivo MAHKU: Cleiber Bane, Pedro Maná, Kassia Borges, Iba Huni Kuin e Acelino Tuin. Foto: Daniel Dinato.

Sua investigação de retomada dos cantos resultou no livro “Nixi pae, o espírito da floresta” de 2006. Três anos depois, em 2009, seu filho Bane começou a desenhar esses cantos. Segundo ele conta, era mais fácil decorar as letras e compreender os cantos ao transformá-los em imagens. Bane criou assim um método de aprendizagem dos huni meka que foi posteriormente coletivizado e transformado no MAHKU.

Foto: Daniel Dinato

Os cantos huni meka operam como pontes e funcionam como instrumentos de mediação entre os mundos visível e invisível e a transmutação destes em imagens, resultando em pinturas que são tecnologias de relação entre o mundo Huni Kuin e o circuito da arte contemporânea.

Yame Awa Kawanai, de Pedro Maná. Foto: Samuel Esteves

Como ressalta Daniel Dinato, “na exposição MAHKU – Cantos de imagens, buscamos ressaltar a qualidade pessoal de manifestação artística, apresentando diferentes versões dos cantos e das mirações. Ainda que o fundo mítico e ritual das obras seja coletivo, cada artista transforma o canto huni meka de uma forma específica e, assim, o coletivo mantém também uma certa autonomia e independência interna. Como os integrantes do MAHKU costumam dizer, mesmo que pintado mil vezes o mesmo canto, ele nunca sairá igual. Sempre diverso, sempre único”.

Além das pinturas e da instalação que serão apresentadas, também será possível escutar alguns dos cantos huni meka durante a visita à exposição, possibilitando um contato ao universo dos Huni Kuin que os artistas do MAHKU gentilmente nos dão acesso com a montagem dessa mostra.

Foto: Daniel Dinato

Atualmente, as obras do coletivo são parte da coleção do Museu de Arte de São Paulo (MASP), Pinacoteca do Estado de São Paulo, Museu de Arte do Rio (MAR) e Fondation Cartier, em Paris.

O II Ciclo Expositivo de 2022 da Casa de Cultura do Parque também é composto por Breve, exposição individual do artista Rodrigo Bivar, e por Feltragens da artista Teresa Viana, compondo a grande parede do Projeto 280 X 1020.

Txain Punke Ruaken, de Acelino Tuin. Foto: Samuel Esteves

MAHKU – Cantos de imagens | Movimento dos Artistas Huni Kuin

Imagem: Divulgação

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