Falta de água recorrente em casa, trabalho informal e nenhuma garantia de direito social. Esta é a realidade de milhares de brasileiros, especialmente de quem vive em comunidades. Como isolar um parente suspeito de COVID-19 quando se divide um único cômodo com toda a família? As condições são precárias e não haverá contenção da doença se o poder público não tomar atitudes.
Cientes desta questão, a Central Única das Favelas (Cufa) está chamando atenção para alguns números: 77 milhões de pessoas estão no cadastro único; 66 milhões de pessoas de renda muito baixa (menos de ½ salário mínimo per capita); 41 milhões no bolsa família; 11 milhões com renda não muito superior a ½ SM.
A organização listou uma série de recomendações para reduzir os impactos da pandemia nos territórios das favelas.
Confira:
Distribuição gratuita de água, sabão, álcool 70º em gel e água sanitária em quantidade suficiente para cada morador das favelas brasileiras.
Organização em mutirões do Sistema S e das Centrais de abastecimento para a distribuição de alimentos durante os meses de março, abril, maio e junho, meses em que são esperadas muitas pessoas infectadas pelo novo Coronavírus.
Essa distribuição de alimentos, principalmente para as famílias que tenham crianças, idosos ou pessoas com maior risco de contraírem a COVID-19, é uma medida humanitária urgente: tanto para manter a alimentação para as crianças que não estarão frequentando a escola, quanto para manter a integridade imunológica das pessoas mais suscetíveis ao vírus.
Aluguel de pousadas ou hotéis para idosos e grupos vulneráveis com estrutura para repouso; nas favelas, na maioria dos lares, não há possibilidade de isolamento, o que compromete a saúde de todos.
Parceria com agências locadoras de veículos ou com operadores de transportes de passageiros (vans e ônibus) para a locomoção imediata de pessoas infectadas para centros de saúde, quando houver indicação médica.
Instituição do Programa de Renda Mínima para as famílias já inscritas no Cadastro Único e adicional de renda para os cadastrados no Bolsa Família. Aumento do apoio financeiro para famílias já inseridas no programa de tarifas sociais.
Decreto apoiando economicamente as micro e pequenas empresas que tenham autorizado seus funcionários a permanecerem em casa (sem desconto no pagamento).
Apoio às empresas de água, luz e gás que isentarem o consumidor do pagamento durante 60 dias, para famílias com renda de até 4 salários mínimos.
Incentivo para que a população compre dos pequenos comerciantes, mais frágeis frente aos problemas econômicos advindos da pandemia.
Liberação de pontos de internet junto às empresas de fibra ótica para garantir acesso universal à rede. Isso é primordial para a comunicação de medidas de prevenção e cuidados para a população.
Financiamento para as redes de comunicação próprias de cada favela: rádios comunitárias, sites, jornais impressos ou virtuais, TVs.
Apoio financeiro específico para as famílias das crianças que estarão impedidas de frequentar as creches e para
Apoio financeiro específico para famílias com pessoas portadoras de deficiência.
Criar uma rede de comunicação com apoio técnico do Ministério da Saúde para filtrar e fazer verificações, em tempo real, das informações compartilhadas em redes sociais para as favelas.
Ampliação das equipes de Saúde da Família para prevenir e informar as favelas, para que se evite lotação nos hospitais.
Publicado na última quarta-feira (18), o documento está aberto para sugestões e será levado até os poderes públicos executivos e legislativos.
Para mais informações acesse o site da Cufa.