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Prefeitura de Curitiba amplia projeto de agricultura urbana

O programa de hortas comunitárias, que já beneficiava 100 famílias desde março do ano passado, recebe mais 88 agricultores urbanos.

Published 04/07/2018

Horta Comunitária Santa Rita IV. Foto: Valdecir Galor/SMCS

Alface, couve, brócolis, beterraba, tomate, orégano, cebolinha e salsinha plantados no Tatuquara começam a virar ingredientes de pratos de restaurantes sofisticados de Curitiba. Lançado em março do ano passado, o programa Horta do Chef da Prefeitura agora também está beneficiando os 88 agricultores urbanos da Horta Comunitária Santa Rita IV, no bairro de Tatuquara, em Curitiba, que começaram a vender hortaliças e temperos para Lênin Palhano e Vânia Krekninski. Atualmente, o programa já beneficia 100 famílias da horta do Rio Bonito, no Campo de Santana.

Adepta do slow food, da alimentação com qualidade, consciência social e sustentável, Vânia Krekninski fez, na quarta-feira (18/4), a primeira compra de produtos cultivados na Santa Rita IV, que integra o programa de Agricultura Urbana da Secretaria Municipal de Agricultura e Abastecimento (Smab).

Percorrendo os canteiros, ela colheu cabeças e maços de alface, escarola, couve, cebolinha e temperos. “O frescor e a qualidade são impressionantes”, disse a chef, que comanda o restaurante Limoeiro, no Cristo Rei.

Para Vânia, a chance de atuar com os produtores urbanos da Santa Rita IV é um momento especial em sua carreira. “É muito bonito ver o trabalho dessas pessoas que se uniram para plantar em áreas não ativas, embaixo de linhões de energia, e que levam para casa, para suas famílias, alimentos mais saudáveis”, observou a chef.

Responsável pelo cardápio do restaurante Nômade, no Batel, Lênin Palhano também está empolgado com a parceria com os produtores da Santa Rita IV. “Já peguei alguns ingredientes no começo da semana. Tem as folhas, sálvia, alecrim, cebolete e temperos que eu quero começar a usar nos meus pratos”, recordou.

Ele contou ainda que pretende levar para os produtores mudas de alimentos de outros regiões. “Também quero que cultivem PANCs (plantas alimentícias não convencionais), como beldroega, azedinha e lambari”, explicou Lênin, que semanalmente irá adquirir os alimentos.

A líder da Santa Rita IV, Lenita Ferreira Bueno, 55 anos, garantiu que a parceria com os chefs será muito importante para as famílias que plantam na horta comunitária. “Fornecendo para os restaurantes a gente vai conseguir uma redução nas despesas com mudas e manutenção”, justificou. De acordo com ela, mensalmente, os chefs irão pagar uma taxa fixa, que dará direito a levar hortaliças e temperos selecionados por eles mesmos ou suas equipes.

Lenita Ferreira Bueno com a chef Vânia Krekninski. Foto: Valdecir Galor/SMCS

O secretário municipal de Agricultura e Abastecimento, Luiz Gusi, destaca que o Horta do Chef tem a missão de valorizar a agricultura local e a tornar as hortas comunitárias sustentáveis.  “Quando a gente atrai olhares para iniciativas como o programa, mostramos como o setor privado pode auxiliar em projetos de segurança alimentar e economia circular”, observa.

Gusi lembra ainda que todos ganham com essa parceria. “De um lado, os cozinheiros famosos têm acesso a alimentos cultivados por pessoas que retomaram o contato com a terra e que produzem o próprio alimento. Do outro, os produtores urbanos que podem agregar valor às hortaliças plantadas e reduzir os custos do cultivo”, reforça o secretário.

Variedade

A dona de casa Eliete Lima, 44 anos, espera aumentar a variedade de alimentos cultivados em seus canteiros com a Horta do Chef. “Hoje, já planto alface, repolho, couve, cebola, alho e outros temperos. Agora, os chefs poderão nos ajudar a plantar outras mudas”, justificou.

Ela recordou que, há seis anos, vai diariamente aos seus canteiros para plantar hortaliças, que ficam ao lado de sua residência. Parte da produção é consumida por ela e a família, mas sempre os vizinhos acabam ganhando algum alimento. “Aqui a gente produz para nós e para os outros moradores”, frisou ela.

O casal Ana Santana, 67 anos, e Silvio Martins Santana, 51 anos, explica que há dois anos começou a cultivar legumes e verduras na Santa Rita IV. “Minha família tinha um sítio perto de Foz do Iguaçu. Plantar aqui na horta é como se eu tivesse voltando no meu tempo em que ajudava meus pais na lavoura”, recorda o pedreiro.

Ana Santana e Silvio Martins Santana. Foto: Valdecir Galor/SMCS

Apoio

Lançado em março do ano passado pelo prefeito Rafael Greca, o Horta do Chef já beneficia 100 famílias de agricultores da horta comunitária do Rio Bonito, no bairro Campo do Santana. Atualmente, as chefs Manu Bufara (Manu) e Gabriela Carvalho (Quintana) atuam como “mentoras” dos produtores do local, que recebem orientação e vendem os alimentos produzidos aos restaurantes das cozinheiras.

A Prefeitura dá apoio às hortas comunitárias, desde 1986, através do Programa de Agricultura Urbana da Smab, que é responsável pela assistência técnica e apoio organizacional das comunidades.

São 24 áreas cultivadas por 900 famílias de produtores urbanos e que se espalham por 428 mil metros quadrados sob linhões de energia, terrenos públicos e áreas da iniciativa privada.

As hortas estão nos bairros Cajuru, Sítio Cercado, Tatuquara, Campo de Santana e CIC. Além de garantir alimentos in natura saudáveis para os agricultores urbanos e seus familiares, o cultivo das verduras também serve como terapia e socialização, pois muitas pessoas vivem sozinhas.

Via Prefeitura de Curitiba

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