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Luz do sol pode beneficiar a saúde do seu intestino

Estudo apresenta benefícios da luz solar para a flora intestinal.

Published 07/11/2019
mulher no campo e por do sol

A exposição solar aos raios ultravioletas B (UVB) pode levar a uma maior diversidade de bactérias no intestino.

Quem vive em países mais frios não sofre tanto com os danos causados pela exposição solar. Mas, corre o risco de apresentar deficiência de vitamina D, condição que já afeta aproximadamente 1 bilhão de pessoas no mundo.

A falta de vitamina D traz uma série de riscos à saúde e, combinada com outros fatores como dieta e uso de antibióticos, pode ser uma explicação para que tantos países desenvolvidos apresentem altos índices de doenças inflamatórias, como esclerose múltipla e Doença Inflamatória Intestinal.

Pesquisas sugerem que nossa flora intestinal – formada por bactéria e outros microrganismos no trato digestivo – podem sofrer influências destas condições. Um estudo publicado recentemente revela a possibilidade da luz do sol beneficiar nossa flora intestinal.

Ligação entre a pele e o intestino

Mesmo uma breve exposição solar aos raios ultravioletas B (UVB) pode levar a uma maior diversidade de bactérias no intestino, além de aumentar os níveis de vitamina D. A pesquisa se restringiu a pessoas com pouca vitamina D, mas foi o primeiro estudo a encontrar efeitos diretos de raios UVB na flora intestinal – os pesquisadores sugerem a “existência de uma nova ligação entre a pele e o intestino que pode ser usada para promover a saúde e a homeostase, ou equilíbrio, intestinal”.

Existem dois tipos de raios ultravioleta, UVA e UVB. Os dois podem trazer danos, mas os raios UVB são os maiores responsáveis por queimaduras solares e apontados como os principais causadores de câncer de pele. Ao mesmo tempo, os raios UVB são os que estimulam a produção de vitamina D.

A baixa exposição à luz do sol tem sido relacionada a doenças inflamatórias no intestino. Como a vitamina D tem influência nas nossa flora intestinal, os pesquisadores esperam que este estudo aponte para novas relações entre a luz do sol, nosso intestino e nossa saúde.

Pesquisadores da University of British Columbia, liderados pela doutoranda em Medicina Else Bosman, recrutaram 21 mulheres saudáveis, de pele clara, que estiveram no Canada durante o inverno por 3 meses, ou seja, tiveram baixa exposição aos raios UVB. Antes do estudo começar, elas fizeram exames para verificar os índices de vitamina D no corpo e a condição da flora intestinal.

Nove destas mulheres tomaram suplementos de vitamina D por 3 meses antes do estudo e 12 não tomaram. Destas 12 mulheres sem o suplemento, a maioria apresentou deficiência de vitamina D.

As voluntárias então passaram por 3 sessões semanais de exposição aos raios UVB e fizeram novos exames para vitamina D. Além dos níveis de vitamina D se normalizarem, a diversidade da flora intestinal destas mulheres também aumentou.

“As pessoas saudáveis tendem a ter uma diversidade maior de microrganismos na flora intestinal”, explica Bosman. A descoberta pode ajudar pessoas com Doença Inflamatória Intestinal, que normalmente têm dificuldade em absorver nutrientes pelo sistema digestivo.

Novas fases da pesquisa

Este estudo foi pequeno e apresentou resultados preliminares. Mais pesquisas são necessárias antes de que se apresentem conclusões ou recomendações. Devido aos riscos que vem junto com a exposição solar, os pesquisadores usaram luzes especiais que isolam os raios UVB e não provocam queimaduras.

“Pelo estudo que fizemos até agora não é possível concluir a quantidade de exposição solar necessária para produzir a vitamina D”, explica Bosman. Esta medida depende de uma série de fatores individuais, como o tipo de pele e os raios solares aos quais a pessoa está exposta.

No entanto, a pesquisa traz informações relevantes. “Sabemos que os raios UVB produzem vitamina D e agora começamos a entender que a vitamina D é importante para a saúde do intestino”, explica Bosman. “Este estudo é o primeiro a ligar estas informações. O próximo passo é repetir a pesquisa em mais voluntários, incluindo homens e mulheres e uma variedade maior de tipos de pele”, finaliza a cientista.

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