Ícone do site

Família de ambientalistas é assassinada no Pará

Brasil é o 4º país que mais mata ambientalistas no mundo

Published 12/01/2022
ambientalistas assassinados

Foto: Reprodução

Uma família de ambientalistas foi assassinada no município de São Félix do Xingu, na região sudeste do estado do Pará. Conhecidos na região pela realização de atividades de proteção ambiental relacionadas à criação e à soltura de filhotes de tartaruga nas margens do Rio Xingu, Zé do Lago, Márcia e Joane — pai, mãe e filha — foram encontrados mortos, já em estado de decomposição, por outro filho do casal.

O local onde os corpos foram encontrados passou por perícia e a Polícia Civil do Pará suspeita que o crime foi cometido por pistoleiros experientes, mas a motivação ainda está sendo investigada. Em nota a Polícia Civil informou que “realiza diligências na região para localizar os autores do crime”.

A Anistia Internacional Brasil manifestou indignação com o assassinato em nota enviada à imprensa: “O direito ao meio ambiente limpo, saudável e sustentável é um direito humano recentemente reconhecido pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU. As ameaças, agressões e assassinatos de defensores e defensoras deste direito, intimamente relacionado às lutas por justiça ambiental e climática e às resistências dos povos do campo, das florestas e das águas, não constituem casos isolados”.

Ainda segundo a Anistia Internacional do Brasil, os discursos e as práticas das autoridades públicas, quando culpabilizam, criminalizam e perseguem defensores de direitos humanos, ambientalistas, lideranças indígenas e comunidades que se organizam em defesa do meio ambiente e de seus territórios, fomentam ataques como os assassinatos ocorridos em São Félix do Xingu.

“O ambiente hostil para a defesa dos direitos humanos é estimulado por uma política antiambiental e anti-direitos humanos.”

Anistia Internacional do Brasil
Foto: Vinícius Mendonça | Ibama

Brasil é o 4º país mais perigoso do mundo para ambientalistas

Dados do relatório “A última linha de defesa”, publicado pela ONG Global Witness em setembro do ano passado, revelam 227 pessoas foram mortas por defenderem seus territórios, o direito à terra, seus meios de subsistência e o meio ambiente em 2020. No Brasil este número bateu um novo recorde: foram 20 assassinatos em 2020, o que colocou o país na quarta posição do ranking mundial de crimes contra ambientalistas. A maior parte dos assassinatos (75%) ocorreu na Amazônia, incluindo indígenas.

Na primeira posição do ranking está a Colômbia, com 65 mortes, seguida pelo México, com 30 assassinatos e Filipinas, com 29. Com este triste ranking, a América Latina se mostrou a região mais perigosa do mundo para ambientalistas, concentrando 72,7% dos assassinatos mundiais – 165 dos crimes aconteceram em países latino-americanos. Em 2021, 26 pessoas foram mortas em contexto de conflitos no campo no Brasil, se acordo com registros da Comissão Pastoral da Terra (CPT).

“Os responsáveis pelos crimes devem ser identificados e responsabilizados de maneira célere e efetiva. O Estado brasileiro possui a obrigação de agir para conter a onda de violência e o ciclo de impunidade que se perpetuam na região amazônica e em todo o território nacional.”

Anistia Internacional do Brasil

A Global Witness alerta que, além dos assassinatos, os casos de ameaças de morte, violência sexual e tentativas de criminalização também. Para estes ataques, a ONG afirma que os números podem inclusive estar subnotificados, pois são casos mais difíceis de serem mensurados.

A Anistia Internacional afirmou em sua nota que vai cobrar e acompanhar de perto as investigações dos assassinatos de Zé do Lago, Márcia e Joane.

Leia também:

Cidade do Pará é a maior emissora de gases de efeito estufa do Brasil

Sair da versão mobile