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Estudo afirma que ainda é possível recuperar a vida nos oceanos

As mudanças climáticas são o principal obstáculo para a recuperação da vida marinha e é preciso agir rápido

Published 15/04/2020
oceanos

Você pode fazer a sua parte para ajudar os oceanos. Foto: Li Fei | Unsplash

Se nada for feito, o futuro dos oceanos é sombrio.Estudos apontam que as atividades de pesca vão colapsar em 2048 e que cerca de 8 milhões de toneladas de plástico poluem os mares todos os anos, devastando um delicado e importante ecossistema.

Apesar desta perspectiva, um novo estudo publicado pela Nature oferece uma alternativa mais otimista para o future dos oceanos: defendendo que todo o ecossistema marinho pode ser restaurado significativamente até 2050, se a humanidade for capaz de mudar o que é necessário.

A chave para que isso aconteça, Segundo o estudo, é a diminuição do impacto e da interferência humana nos oceanos, restaurar os ecossistemas devastados  e reduzir a emissão de carbono que leva às mudanças climáticas.

Foto: Dorothea Oldani | Unsplash

A pesquisa estudou detalhadamente nove temas relativos à vida nos oceanos — pântanos salgados, mangues, algas marinhas, recife de corais, vegetação marinha, recifes de ostras, recursos pesqueiros, fauna e águas profundas – e sugere que medidas importantes e realistas precisam ser adotadas para restaurar e proteger cada uma destas áreas.

Os autores usam como referencia uma série de modelos de sucesso para reverter o declínio da vida marinha. Entre eles estão, por exemplo, o Tratado Global de Comércio da Vida Selvagem CITES  e a moratória de 1982 sobre a pesca comercial de baleias que reduziu a morte de baleias e a ameaça de extinção a algumas espécies, além de proteger o habitat do qual estes animais dependem para sobreviver. Populações de peixes que haviam diminuído drasticamente voltaram a crescer com o uso de técnicas de gerenciamento.

Clima: o grande obstáculo

Ao mesmo tempo que o estudo traz uma visão mais otimista sobre o futuro dos oceanos, ele alerta que a recuperação de algumas áreas vai ser mais difícil. Os recifes de corais são um exemplo disso uma vez que o impacto sobre estes ecossistemas também está relacionado às mudanças climáticas e o processo de recuperação destas áreas é lento e caro. No entanto o estudo aponta para pesquisas sobre espécies de corais que sejam resistentes à mudança de temperatura e perda de cor.

Foto: iStock

Restaurar o ecossistema dos oceanos é um grande passo e vai depender de políticas governamentais consistentes, de recursos financeiros e da continuidade no desenvolvimento da ciência e de tecnologias. Os pesquisadores alertam ainda que é necessário começar agora para que esta recuperação seja possível.

O grande obstáculo para a recuperação dos oceanos é o impacto que as mudanças climáticas tem neste ecossistema. “As mudanças climáticas são um problema que se sobrepõe a tudo, pois elas tornam a recuperação da natureza mais difícil e a previsão é que o quadro siga piorando gradativamente”, explica Callum Roberts, a coautor do estudo e professor na Universidade de York, no Reino Unido.

“Precisamos agir rapidamente e começar a recuperar a natureza degradada, pois isso vai ajudar a sociedade humana a conseguir se adaptar às mudanças que temos pela frente. A ação rápida vai dar à natureza uma chance melhor de sobrevivência em um cenário de mudança de temperaturas”, finaliza Roberts.

A natureza resiste

Foto: Paul Hewart | Unsplash

Apesar de todo o impacto causado pela humanidade, Roberts afirma que os oceanos são incrivelmente resilientes. Isso se torna claro quando analisamos a recuperacnao da fauna e flora marinhas em locais onde a pesca e outras atividades humanas são proibidas.   

“Estive em locais onde a recuperação do ecossistema marinho foi possível e a maneira como isso aconteceu foi espetacular”, conta ele. “Quando criamos áreas de proteção é possível ver os efeitos desta medida. Você começa observando populações de espécies locais crescendo, vivendo por mais tempo, se reproduzindo melhor. Depois começa a notar a reconstrução de estruturas do habitat marinho, as florestas de algas e outros elementos. E então algumas espécies raras voltam a aparecer”.

Pandemia no Ano dos Oceanos

Dois mil e vinte era para ser o Ano dos Oceanos, com uma série de eventos relacionados à preservação marinha agendados, como a Conferência das Nações Unidas para os Oceanos. No entanto todos estes eventos foram postergados em consequência da pandemia causada pelo Covid-19.

A pandemia inclusive ajudou a diminuir os impactos ambientais da atuação humana nos oceanos durante o período de isolamento social, mas o professor Roberts diz que ainda é muito cedo para falar em efeitos de longo prazo em relação a este momento.

“Muitos barcos pesqueiros estão parados neste momento. E isso definitivamente vai gerar um impacto positive na vida marinha, mas em curto prazo” explica o professor. “Não saberia falar agora sobre efeitos a longo prazo, mas depois que este período passar vamos precisar repensar como fazemos as coisas, para que possamos fazer melhor no futuro.”

Foto: iStock
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