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Desligamento de supercomputador do Inpe pode prejudicar previsões de tempo e clima

Pela primeira vez na história, Inpe pode desligar o supercomputador Tupã, ameaçando plano de contingência para crise hídrica

Published 29/06/2021
pantanal queimadas Inpe

Foto: Lula Marques | Fotos Públicas

Apesar do momento climático preocupante, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) está prestes a desligar, por falta de recursos e pela primeira vez na história, o supercomputador Tupã, o mais potente da América do Sul e um dos 500 mais potentes do mundo, responsável por previsões de tempo e clima, tratamento e coleta de dados meteorológicos, emissão de alertas climáticos e pesquisa e desenvolvimento científico.

O Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental (Proam) encaminhou representação aos ministérios público federal e estadual solicitando com urgência a manutenção do monitoramento meteorológico e um plano de contingência diante da grave crise hídrica que atinge o país, com os baixos níveis dos reservatórios no Sul e Sudeste.

O documento foi enviado também ao Tribunal de Contas da União (TCU) e às defensorias públicas das regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste. O desligamento está previsto para acontecer no mais tardar em agosto. 

“É inaceitável que em um momento como esse, diante da crise hídrica esperada no segundo semestre, com aumento dos preços da energia e risco de racionamento de água, o supercomputador seja desligado, com o argumento de falta de verbas.”

Carlos Bocuhy, presidente do Proam

A diretoria do Inpe, conforme já noticiado, prevê o desligamento de pelo menos uma parte da operação do Tupã, o que poderá interromper pesquisas em andamento e o fornecimento de dados meteorológicos.

“Haverá prejuízos, por exemplo, no monitoramento de queimadas no Brasil, assim como estiagens e mudanças climáticas no país, que potencializam os danos à biodiversidade”, afirma Yara Schaeffer-Novelli, professora da Universidade de São Paulo.

Foto: Lula Marques

Este ano, o Inpe recebeu o menor orçamento da história do governo federal. Dos R$ 76 milhões previstos, só foram liberados até o momento R$ 44,7 milhões. O restante continua contingenciado, sem previsão de ser entregue, conforme dados do próprio instituto. Só de energia elétrica, o supercomputador Tupã consome R$ 5 milhões por ano. 

O Proam e dezenas de instituições assinaram uma carta aberta às autoridades frente à crise climática de 2021, solicitando um plano de contingência com participação da sociedade civil, evitando o foco mais restrito à geração de energia, o que poderia levar o Brasil a adotar usinas termelétricas, que emitem gases efeito estufa.  

“O planeta envenena a atmosfera com 162 milhões toneladas de gases efeito estufa por dia, e resolver uma crise dessas propondo mais lançamento de poluição é uma insanidade, já que o provisório acabará se tornando permanente.”

Carlos Bocuhy, presidente do Proam

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