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Centenas de balsas de garimpo ilegal tomam o Rio Madeira

Sobrevoo na região constata extração ilegal de ouro, ameaçando meio ambiente e comunidades ribeirinhas e indígenas

Published 25/11/2021
balsas garimpo ilegal

Foto: © Bruno Kelly | Greenpeace

Um boato de descoberta de ouro na comunidade de Rosarinho, na cidade de Autazes, no Amazonas, a 110 quilômetros de Manaus, atraiu centenas de garimpeiros para a região. Uma operação de sobrevoo organizada pelo Greenpeace Brasil nesta terça-feira, 23 de novembro, constatou que centenas de balsas estão, há cerca de duas semanas, localizadas sob o Rio Madeira para a extração ilegal de ouro.

“O que vimos no sobrevoo é o desenrolar de um crime ocorrendo à luz do dia, sem o menor constrangimento.”

Danicley Aguiar, porta-voz da campanha Amazônia do Greenpeace
Foto: © Bruno Kelly | Greenpeace

“Este cenário é referendado pelo presidente Bolsonaro, que dá licença política e moral para que os garimpeiros ajam dessa maneira”, declara Danicley Aguiar, porta-voz da campanha Amazônia do Greenpeace.

O garimpo é feito a partir da utilização de dragas, equipamentos que cavam o fundo do rio em busca do minério. Todo o material coletado é filtrado e a água é devolvida ao rio. Além de ilegal, o trabalho realizado pelas dragas polui e impacta diretamente o meio ambiente e as comunidades ribeirinhas e indígenas.

Foto: © Bruno Kelly | Greenpeace

De acordo com Danicley, “O Madeira é o rio com a maior biodiversidade no mundo. Abriga pelo menos 1.000 espécies de peixes já identificadas, e sua bacia contribui com 50% do total da carga de sedimentos suspensos transportados pelo rio Amazonas. Trata-se de um gigante que agoniza com hidrelétricas e uma epidemia de garimpo que nunca foi contida”.

Garimpo ilegal

O garimpo ilegal acontece de forma recorrente na região do Baixo Madeira até o estado de Rondônia. Em janeiro de 2021, Rondônia autorizou e regulamentou a prática em seu território, além de revogar um decreto que proibia a extração de minério no Rio Madeira, no trecho da divisa com o Amazonas, no qual a prática continua sendo ilegal.

Foto: © Bruno Kelly | Greenpeace

Em agosto deste ano, a Justiça Federal condenou o Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) a anular diversas licenças concedidas de maneira irregular para a extração de ouro no Rio Madeira. A Justiça alegou falta de estudos que apresentem o impacto ambiental antes da concessão de autorizações, principalmente sobre os danos ambientais causados pelo uso de mercúrio nestas atividades.

Em outubro de 2021, Crianças Yanomami foram sugadas por draga do garimpo ilegal. Dois meninos, de 5 e 7 anos, morreram quando nadavam às margens da comunidade Makuxi Yano.

Foto: © Bruno Kelly | Greenpeace

Duas semanas após a realização da 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 26), na qual o Brasil se comprometeu com medidas de proteção ambiental, Danicley avalia a situação como mais uma prática de retrocesso da agenda climática no país.

“Enquanto o mundo inteiro busca maneiras de solucionar a crise climática, o Brasil investe no contrário. Não podemos ficar calados, precisamos interromper o ciclo dessa economia da destruição.”

Danicley Aguiar, porta-voz da campanha Amazônia do Greenpeace
Foto: © Bruno Kelly | Greenpeace
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