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Bairro nobre de SP pode perder 5 mil árvores em troca de prédios de luxo

A faixa verde, à beira da Marginal Pinheiros, possui 717 mil metros quadrados de área e comporta mais de cinco mil árvores numeradas e catalogadas individualmente.

Published 10/03/2014

Moradores do bairro do Morumbi, na zona sul de São Paulo, entraram com ação no Ministério Público Estadual para proteger uma área de preservação ambiental ameaçada por empreendimentos imobiliários.

A faixa verde, à beira da Marginal Pinheiros, possui 717 mil metros quadrados de área e comporta mais de cinco mil árvores numeradas e catalogadas individualmente. Mesmo que seja considerada um patrimônio histórico tombado, a área pode ser substituída por 16 torres e um shopping. Caso saia do papel, o empreendimento será uma espécie de parede de concreto ao redor do Parque Burle Marx.

A região já foi alvo de problemas envolvendo empreendimentos luxuosos e os órgãos municipais de proteção ambiental. Em 2011, o condomínio Panamby ganhou as páginas dos jornais por despejar todo o seu esgoto diretamente no Rio Pinheiros. Mesmo com apartamentos que chegam a R$ 5 milhões, o condomínio não possuía sistema de tratamento de esgoto.

Agora foram os próprios moradores que resolveram se juntar para impedir que as novas construções sejam feitas. Em declaração ao jornal O Estado de S. Paulo, o advogado Roberto Delmanto explicou que já é possível perceber clareiras abertas em meio à floresta. Segundo ele, esse desmatamento em diferentes pontos é comum antes que as construtoras façam o pedido de licença. A justificativa é de que quando a prefeitura fizer as análises serão encontrados menos exemplares e menos espécies de árvores, o que facilita a autorização municipal.

Os moradores contam com fotos, vídeos e também com as plantas dos empreendimentos que estão planejados para a região. Há um ano a prefeitura já autorizou a retirada de 1.787 árvores nativas para a construção de um condomínio. E a população local garante que o novo desmatamento já começou.

As incorporadoras responsáveis pela área são a Camargo Corrêa e a Cyrela. A primeira delas já possui autorização da prefeitura, mas ainda aguarda a liberação das licenças ambientais para prosseguir com o projeto. A segunda admite que tenha interesse em construir na área, mas ainda não solicitou as licenças oficiais.

A região do Morumbi, mais especificamente a Vila Andrade, onde está localizado o Parque Burle Marx, é uma das últimas faixas de floresta nativa de Mata Atlântica que restou entre a represa de Guarapiranga e o Rio Pinheiros. Além disso, a região é uma das mais nobres da cidade, gerando alto interesse imobiliário.

Redação CicloVivo

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