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Crianças Yanomami são sugadas por draga do garimpo ilegal

Dois meninos, de 5 e 7 anos, morreram quando nadavam às margens da comunidade Makuxi Yano – associação exige retirada de invasores da Terra Indígena Yanomami

Published 15/10/2021

Crianças Yanomami nadam na comunidade de Toototobi, Terra Indígena Yanomami. Foto: Edson Sato

Por Evilene Paixão |  Instituto Socioambiental

A Hutukara Associação Yanomami denunciou em carta nesta quarta-feira (13/10) a morte de duas crianças na comunidade Makuxi Yano, região do Parima, Terra Indígena Yanomami. De acordo com relatos de lideranças locais colhidos pela organização, dois meninos, de 5 e 7 anos, se afogaram no rio que banha a comunidade no final da tarde de terça (12/10), vítimas das ações do garimpo ilegal.

As crianças foram sugadas e cuspidas por uma draga para o meio do rio, que tem fortes correntezas. Uma das crianças, de 5 anos, foi localizada sem vida no final da manhã de quarta pela própria comunidade. A outra segue desaparecida.

O Condisi-Y (Conselho de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kwana) acionou a Fundação Nacional do Índio (Funai) e o Corpo de Bombeiros de Roraima, que se deslocou na tarde da quarta-feira à região para auxiliar nas buscas.

“A morte das duas crianças Yanomami é mais um triste resultado da presença do garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami, que segue invadida por mais de 20 mil garimpeiros.”

Hutukara Associação Yanomami
Impacto do garimpo no rio Parima, TI Yanomami, em imagem de dezembro de 2020. Foto: Divulgação

Explosão de garimpo

Conforme ressalta a associação, até setembro de 2021, a área acumulada de floresta destruída pelo garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami superou a marca de 3 mil hectares — um aumento de 44% em relação a dezembro de 2020.

Somente na região do Parima, onde está localizada a comunidade de Macuxi Yano — uma das mais afetadas pela atividade ilegal — 118,96 hectares de floresta foram degradados, um salto de 53% sobre dezembro de 2020.

Além do aprofundamento da destruição nas regiões já altamente impactadas, como Waikás, Aracaçá, e Kayanau, o garimpo avança sobre novas regiões, como em Xitei, onde a atividade teve um aumento de 1000% entre dezembro e setembro de 2021, destacou a nota.

Como ajudar?

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Imagem: Reprodução | ISA
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