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Zerar emissões até 2050 é “tarde demais” para evitar desastre climático global

“Alcançar emissões zero até 2050 não é mais suficiente para garantir um futuro seguro para a humanidade”

Published 26/08/2021
desastre climático

Imagem: Reprodução | Nasa

Fonte: Agência Bori

Em novo relatório divulgado nesta quarta-feira, 25 de agosto de 2021, o Conselho Consultivo de Crise Climática (em inglês, Climate Crisis Advisory Group) adverte que chegar a zero emissões de gases de efeito estufa até 2050 agora é “tarde demais” e não atingirá as metas de temperatura de longo prazo identificadas no Acordo de Paris para limitar o aquecimento global a 1,5 ° C até o final do século.

Com base nas descobertas publicadas recentemente pelo Sexto Relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), os cientistas afirmam que as metas de emissões globais atuais são inadequadas e que estratégias de emissões negativas são necessárias.

O relatório sugere que mesmo que os países atinjam zero emissões de gases de efeito estufa em meados do século, isso não traz impactos para os gases de efeito estufa que já estão na atmosfera, com concentrações de gás carbônico que podem chegar até 540 partes por milhão.

Isso significa que há pouco ou nenhum espaço de manobra, com apenas 50% de chance de manter a linha de 1,5 ° C.
Imagem: Pixabay

Com 67 dias até a COP26, Conferência sobre Mudanças Climáticas da ONU, o CCAG está pedindo aos líderes globais que mudem a ênfase para as metas de emissões negativas, única maneira viável de garantir que os níveis de gases de efeito estufa possam retornar aos níveis pré-industriais, em linha com o Acordo de Paris. Do contrário, é provável que as temperaturas globais ultrapassem 1,5 ° C já em 2030, levando o mundo a uma zona de perigosas mudanças climáticas.

“Alcançar emissões zero até 2050 não é mais suficiente para garantir um futuro seguro para a humanidade; devemos revisar as metas globais e nos comprometermos com estratégias negativas de emissão de gases de efeito estufa urgentemente.”

David King, ex-conselheiro de ciência do Reino Unido que encabeça o CCAG.

Para Mercedes Bustamante, UnB, membro do CCAG, a ampliação das metas para incluir emissões negativas ressalta a importância do setor de mudanças de uso e cobertura da terra. A pesquisadora destaca o papel do Brasil como ator relevante neste cenário, se a governança ambiental for reconstruída com responsabilidade.

Foto: Unsplash

“A conservação e restauração dos ecossistemas naturais, em particular na região tropical, e o manejo adequado dos sistemas agropecuários oferecem oportunidades significativas para contribuir com o esforço global de limitar os impactos das mudanças do clima.”

O relatório é o terceiro de uma série de análises mensais feitas de forma independente pelo CCAG – e divulgadas, em primeira mão, para jornalistas brasileiros pela Agência Bori (veja relatórios anteriores aqui e aqui). O CCAG reúne 15 especialistas do clima de 10 países diferentes, com a missão de impactar na tomada de decisão sobre a crise climática.

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