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Alimentos de origem animal geram 20% das emissões mundiais

Um novo estudo publicado na Nature Food calculou as emissões de gases do efeito estufa da produção de alimentos no mundo.

Published 15/09/2021
Alimentos de origem animal geram 20% das emissões mundiais

Foto: Pixabay

A produção e o consumo de alimentos de origem animal, incluindo o cultivo de vegetais para alimentá-los, contribuem com cerca de 1/5 das emissões de gases de efeito estufa causadas pelo homem no mundo. É o que revela um novo estudo global publicado nesta semana na revista Nature Food.

O estudo avaliou o impacto da produção de alimentos de origem animal e também vegetal. Juntos, eles são responsáveis por 35% de todas as emissões mundiais dos chamados gases de efeito estufa. Deste total, as emissões de alimentos de origem animal contribuem com 57% (sendo 32% CO2, 20% metano e 6% óxido nitroso); as emissões de alimentos vegetais contribuem com 29% (sendo 19% CO2, 6% metano e 4% óxido nitroso); e a utilização não alimentar, como a produção de algodão e borracha, contribui com 14%.

O trabalho abrangente examinou os quatro principais subsetores de emissões associadas aos processos de produção de alimentos, incluindo mudanças no uso do solo, atividades de gestão de terras agrícolas, criação e operações que ocorrem quando o alimento deixa a fazenda. Todo o sistema de produção de alimentos, como o uso de máquinas agrícolas, pulverização de fertilizantes e transporte de produtos, causa 17,3 bilhões de toneladas métricas de gases de efeito estufa por ano, de acordo com a pesquisa.

“Embora o CO2 seja a emissão de GEE mais importante e discutida com mais frequência, o metano gerado pelo cultivo do arroz e pelos animais, e o óxido nitroso dos fertilizantes são 34 e 298 vezes mais poderosos do que o CO2, respectivamente, quando se trata de reter o calor na atmosfera,” disse Xiaoming Xu, pesquisador pós-doutorado da Universidade de Universidade de Illinois e principal autor do estudo.

O estudo, publicado na revista Nature Food, mostrou que os países com as principais emissões de gases de efeito estufa de alimentos de origem animal são a China com 8%, o Brasil com 6%, os EUA com 5% e a Índia com 4%. Os países com as principais emissões de gases de efeito estufa de alimentos vegetais são a China com 7%, a Índia com 4% e a Indonésia com 2%.

Foto: iStock

Os pesquisadores disseram que esperam que este estudo incentive todos – desde legisladores a indivíduos que querem fazer a diferença – a considerar a rica oportunidade que os sistemas agrícolas oferecem para desenvolver estratégias e políticas públicas que podem ajudar a mitigar as emissões de gases de efeito estufa antes que a mudança climática se torne irreversível.

Alimentos de origem animal

Reduzir a produção e o consumo de produtos animais seria especialmente significativo para restringir as emissões de metano. O gás é uma das principais preocupações levantadas no último relatório do IPCC, devido ao rápido crescimento de suas emissões, relacionadas principalmente aos setores de combustíveis fósseis e pecuária. Além disso, o metano tem um impacto 25 vezes maior do que o CO2 a longo prazo. 

Quando se trata da pecuária, o CO2 é emitido principalmente por mudanças no uso da terra – por exemplo, o desmatamento para abrir áreas para pastagem ou cultivo de soja para alimentação animal – enquanto o metano é predominantemente resultado da digestão dos animais explorados para consumo humano. “Todas essas coisas combinadas significam que as emissões são muito altas”, disse Xu.

“Para produzir mais carne é preciso alimentar mais os animais, o que gera mais emissões. Você precisa de mais biomassa para alimentar os animais a fim de obter a mesma quantidade de calorias. Não é muito eficiente.”

Xiaoming Xu, Universidade de Universidade de Illinois
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