Para ajudar agricultura urbana, BH vai lançar calendário lunar ecológico
O calendário agroecológico vai auxiliar agricultores familiares.
O calendário agroecológico vai auxiliar agricultores familiares.
Promover a agroecologia na cidade e o fortalecimento da agricultura urbana. Isso reforçando a importância de manter vivos os saberes e conhecimentos seculares. Não é fácil, mas é o que a prefeitura de Belo Horizonte está buscando por meio da Subsecretaria de Segurança Alimentar e Nutricional.
Resgatando as práticas dos povos agrícolas tradicionais ao redor do mundo, a gestão está elaborando o calendário Lunar Ecológico. Ele vai reunir informações sobre as fases da lua e os períodos ideais para diferentes práticas agrícolas. Preparo de canteiros, adubação, plantio, transplante, poda e cultivo serão alguns dos temas abordados.
A utilização das informações oferecidas no calendário, também conhecido como biodinâmico, é uma solução barata e de fácil execução. Além disso, gera contribuição significativa para as produções agrícolas de pequeno e médio porte. Ainda promove uma cultura de cultivo sem veneno, incentiva a produção local e geração de renda para famílias e pequenos produtores.
João Portella Sobral é engenheiro florestal e técnico da Gerência de Fomento à Agricultura Familiar e Urbana. Para ele, o uso das informações do calendário biodinâmico reforça a qualidade da produção e diminui seus custos. “Plantar de acordo com o período ideal e mais favorável para cada espécie, respeitando os ciclos e ritmos da natureza, beneficiando a produção de alimentos mais saudáveis, com melhor desenvolvimento das plantas, maior produção e menor ataque de pragas e doenças, são alguns dos benefícios do plantio segundo as fases da lua e suas inter-relações ao longo dos dias, meses e épocas do ano”.
O engenheiro salienta que o planejamento agronômico realizado dessa forma permite o melhor desenvolvimento das plantas e obtenção dos melhores resultados. “Essas informações podem beneficiar tanto agricultores urbanos de BH como qualquer pessoa que queira planejar melhor o manejo e o cuidado com as plantas”, destaca. A prática vale para quem planta em um pequeno vaso de flores em casa, uma horta no quintal ou uma plantação na zona rural.
Virgínio José de Souza, morador da ocupação Vitória é agricultor de “mão cheia”. Ele aprendeu com os pais os princípios da agricultura seguindo as fases e influências da lua. Em seu quintal agroecológico, sempre realiza os plantios e tratos culturais como podas e colheitas, segundo essa prática. Os resultados são visíveis. “Meu pai sempre observava as fases da lua. Quando não estava na melhor época, ele não deixava plantar; esperava alguns dias. E foi passando de geração em geração. Graças a esses ensinamentos, as coisas que eu cultivo aqui crescem bonitas, saudáveis, e não dão bicho”, relata.
Sobral ressalta que esse tipo de conhecimento vem sendo abandonado pelas novas gerações, em detrimento de tecnologias caras e que nem sempre são eficientes. “Esta é a grande importância de projetos como este, que buscam resgatar, valorizar e fortalecer a sabedoria popular para consolidar a agricultura urbana, a agroecologia e a produção de alimentos saudáveis”, finaliza.