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“É nosso lugar para viver, por isso a gente fica de pé e luta”, diz Ailton Krenak

Importante líder indígena, Ailton Krenak integra a série “Vozes da Floresta”.

Published 13/05/2020
Ailton Krenak

Imagem: Vozes da Floresta

Ailton Krenak é memória. Uma das grandes lideranças de defesa dos direitos indígenas, ele é o primeiro entrevistado da série “Vozes da Floresta – A aliança dos Povos da Floresta de Chico Mendes a nossos dias” do jornal Le Monde Diplomatique Brasil. Ailton relata trechos da história da luta indígena brasileira como se fossem hoje.

Em sua entrevista, ele conta sobre o surgimento da Aliança dos Povos da Floresta, uma articulação que surgiu nos anos 80 entre indígenas e seringueiros e deu origem, por exemplo, à criação das reservas extrativistas. Ailton contrapõe a ideia de floresta intocada e afirma que “a floresta é produzida por pássaros, primatas, gente, vento e chuva. A gente cria e mantém a floresta”.

Ailton nasceu em 1953, na Terra Indígena Krenak, às margens do Rio Doce, em Minas Gerais. Região afetada por metais de rejeitos da barragem da mineradora da Samarco em Mariana. Como se sabe, a luta pelo território é uma luta constante. “Esse é o nosso lugar para viver, são os territórios indígenas, é por isso que a gente fica de pé e luta por eles”.

Mas, ao contrário do que muitos possam imaginar, não é uma luta por posse individual. Ele conta que dentro de um território indígena ninguém é dono. “Você não pode vender um lote e também não tem herança. Você nasce, vive e morre”.

Neste contexto, ele reforça a importância de ser e atuar como um sujeito coletivo. Segundo o ativista, muitas das hostilidades sofridas pelas comunidades indígenas estão relacionadas ao seu modo de vida e o modo de estar na terra, que é coletivo. “Se as terras indígenas entrarem no sistema privado acaba a guerra. [Significa] que os índios se renderam”, afirma.

Ailton também rechaça o que chama de “produção de necessidade”. Sua entrevista pode ser conferida aqui.

Série Vozes da Floresta

A série Vozes da Floresta reunirá 16 entrevistas. Indígenas, seringueiros e pensadores são convidados a discutir as lutas pela preservação de 1987 aos dias atuais. Haverá também um webdoc e um documentário, este último está previsto para ser lançado em 2021.

A produção é da Memória Viva, em parceria com o Le Monde Diplomatique. A série foi dirigida e roteirizada pelo cineasta e jornalista Thiago B. Mendonça.

Já foram disponibilizados oito episódios e toda terça e quinta saem novos vídeos. Confira tudo no canal de Youtube do Le Monde.

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