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Designers fomentam a reciclagem em Aruba

Apesar de combater o uso de plástico de uso único, ilha não tem programa nacional de coleta seletiva e reciclagem

Published 29/09/2021
reciclagem Aruba

Foto: Reprodução | YouTube

Aruba é uma ilha paradisíaca. A água do mar tem muitos tons de azul, alguns parecem irreais. As pessoas são muito gentis e o sol brilha a maior parte do tempo. Por ter sua economia vinculada ao turismo e na natureza seu principal atrativo, Aruba tem uma série de medidas para preservar o meio ambiente, com destaque para o cuidado com a vida marinha – sacolas e outros itens de plástico de uso único são proibidos na ilha e os protetores solares vendidos por lá não contem substâncias que agridem os corais, por exemplo.

Neste cenário, é difícil imaginar que não haja coleta seletiva e reciclagem de resíduos. Mas o fato é que Aruba não tem um programa nacional que dê aos resíduos um destino diferente do aterro, que recebe recicláveis, orgânicos e rejeitos, sem distinção. A ausência de lixeiras separadas para diferentes tipos de resíduos chamou a atenção e foi explicada pelo fato de que tudo é realmente descartado sem nenhum tipo de separação.

Existem promessas de implantação de um programa nacional de reciclagem na ilha, mas isso ainda é uma projeção das autoridades sem data específica para se concretizar.

Por outro lado, ações da iniciativa privada tentam aos poucos fomentar a reciclagem e dar um destino mais sustentável aos resíduos gerados na ilha. Um bom exemplo é a Plastic Beach Party, um empreendimento social e ambiental que se define como loja, startup, recicladora e educadora. Ao passar na frente do local, que fica no centro de Aruba, e ver o letreiro “Festa do Plástico na Praia” a primeira reação é negativa – “festa do plástico na praia?”.

Mas quem entra na loja tem uma grata surpresa. Por lá são vendidos inúmeros produtos retornáveis, com a proposta de lixo zero. Os produtos que tem plástico são justamente fabricados com o plástico que a empresa recolhe e recicla, na sua mini-planta de reciclagem localizada nos fundos do empreendimento.

Foto: Natasha Olsen

Christie Mettes está no projeto desde o começo e hoje coordena a Plastic Beach Party. A iniciativa teve início em 2016, durante um workshop organizado pela Metabolic Fundation, que apoia o projeto desde o começo e conseguiu o primeiro financiamento para as máquinas de reciclagem e início das operações.

O primeiro cliente a contratar os serviços da startup foi o resort Divi All Inclusive. De lá para cá, a Plastic Beach Party já coletou mais de 10 de plástico e fabricou cerca de 2,5 mil novos produtos com o material – com a reciclagem, aproximadamente 24 mil toneladas de CO2 deixaram de ser emitidas.

Como funciona?

Foto: Reprodução | YouTube

A startup é uma organização sem fins lucrativos e disponibiliza toda a tecnologia e informações necessárias para outras organizações ou empresas que queiram fazer o mesmo trabalho.

A Plastic Beach Party recebe ou coleta resíduos plásticos, cobrando pela quantidade de material que recolhe. “Cobramos para cobrir os custos de reciclagem e não é todo mundo que está disposto a pagar. Mas, graças ao que recebemos, podemos reciclar 9 tipos diferentes de plástico, que deixam de ser enviados ao aterro sanitário”, explica Christie.

O material é separado, limpo e então passa por um processo em que é derretido e ganha novas formas e utilidades. Impressoras 3D também estão começando a entrar na linha de produção.

Foto: Plastic Beach Party

Para baratear os custos para os clientes, a startup oferece descontos quando os resíduos são entregues lavados e também dá a opção de trabalho voluntário em troca da gratuidade dos serviços: a cada hora dedicada a lavar e separar diferentes tipos de plástico, a pessoa pode entregar 1 quilo de material sem nenhum custo.

Hoje a Plastic Beach Party faz a coleta de 30 residências, 5 hotéis e 7 outras instituições da ilha, incluindo a Autoridade de Turismo de Aruba, a Universidade de Aruba e escolas. 

A operação ainda é pequena e foi reduzida com a pandemia, mas a expectativa é que volte a crescer com a retomada do turismo, que movimenta a economia local. Christie conta que o espaço para a reciclagem foi locado em 2019 e hoje tudo funciona no centro de Aruba. Antes, a empreendedora usava um espaço na própria casa para receber, limpar e classificar os resíduos.

Veja abaixo como funciona a operação da Plastic Beach Party:

Consciência e engajamento

“Infelizmente muitas pessoas não entendem a importância e os custos do trabalho que realizamos. Acredito que a falta de informação ainda é um obstáculo para que tenhamos mais clientes entregando seus recicláveis”, conta Christie. “Uma família gera entre 1 e 2 quilos de plástico por mês e, se entregar o material lavado, o custo para destinar corretamente os resíduos será de cerca de US$ 8 por mês – o mesmo que um combo do Mcdonalds”.

O objetivo do trabalho da Plastic Beach Party é ajudar a construir um futuro com menos resíduos, fomentando a economia circular e atuando em 3 frentes: a reciclagem, a pesquisa sobre o impacto de resíduos plásticos e a educação ambiental. 

“Acreditamos que faz sentido cobrar pelos serviços que prestamos. Os resíduos gerados tem um custo, assim como a água e a eletricidade, por exemplo. Ao separar e pagar pela quantidade exata de plástico, nossos clientes aprendem sobre os resíduos que geram e são estimulados a diminuírem esta geração”, conta Christie.

A designer reforça que as ações do governo em proibir sacolas plásticas e outros itens como canudos, copos e talheres descartáveis foi muito importante.

Como ajudar?

Além da Plastic Beach Party, outras empresas tem iniciativas pontuais para estimular a reciclagem e reaproveitamento de embalagens. A Cervejaria Balashi, uma das mais famosas da ilha, paga aos clientes que entregam suas garrafas vazias.

“Existem pessoas e empresas que incentivam a reciclagem e o uso de embalagens retornáveis em Aruba, mesmo com pouco ou nenhum incentive e estamos felizes em fazer parte deste grupo”, diz Christie. Para ela, os turistas podem ajudar este movimento ao apoiar estas iniciativas, cobrando que os hotéis e restaurantes que frequentam comecem a reciclar os resíduos que geram.

Outra maneira de ajudar é evitar a geração de resíduos, já que não existe um programa nacional de reciclagem Aruba. Sempre que possível, escolha embalagens retornáveis, livres de plástico – isso vale para Aruba e para qualquer lugar do mundo. Para quem for visitar a ilha, é importante lembrara que não é necessário comprar uma única garrafa de plástico, já que a água da torneira é potável e de excelente qualidade – use garrafas reutilizáveis.

Aruba

Palm Beach. Foto: Aruba.com

Natasha Olsen viajou para Aruba a convite da Autoridade de Turismo de Aruba. As fronteiras foram reabertas para brasileiros, mas á necessário apresentar um teste negativo de Covid com resultado negativo com até 72 horas de antecedência em relação ao horário de embarque. Mais de 75% da população da ilha está imunizada e o uso da máscara é obrigatório em ambientes fechados ou quando não for possível cumprir o isolamento mínimo.

Viagem Carbono Zero

Todas as emissões de gases do efeito estufa (GEE) geradas pela viagem do CicloVivo para Aruba foram compensadas pela Iniciativa Verde, uma organização que trabalha com projetos de reflorestamento e que oferece a compensação de carbono de pessoas e empresas que queiram ter uma pegada mais leve de carbono.

Para compensar suas emissões, acesse a Calculadora de CO2, coloque todas as informações sobre as suas atividades e pronto: é possível contribuir para a restauração da Mata Atlântica e combater as mudanças climáticas!

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