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Seminário Fru.to encerra 3ª edição em São Paulo

Saiba quem foram os palestrantes e as reflexões que eles levaram ao evento. Conteúdo estará disponível na íntegra a partir de fevereiro.

Published 28/01/2020
seminário fruto

Aconteceu nos dias 24, 25 e 26 de janeiro, a 3ª edição do Seminário Fru.to. Foram mais de 30 atividades entre palestras, filmes, feira, e debates. O evento aconteceu na Unibes Cultural. O local se cobriu de plantas e mudas nativas, com sementes que podiam ser levadas pelos participantes, para casa ou para roça. 

Para comer, um buffet orgânico com frutas e receitas que usavam ingredientes brasileiros como cumaru, tapioca, butiá, baru, e muito mais.

“A busca por novos sabores brasileiros cresce entre os chefs de cozinha que além, de pensarem em pratos deliciosos, passam a pesquisar a cadeia produtiva dos alimentos como um caminho para diminuir seu impacto ambiental e participar da cocriação de um mundo mais sustentável”, conta Viviane Noda do PorQueNão? Mídia, que esteve presente nos 3 dias de atividades. 

Veja abaixo quem foram os palestrantes desta 3ª edição e as reflexões que eles trouxeram ao público: 

1º dia de palestras

Bill Schindler, antropólogo e arqueólogo americano, abordou um tema ainda pouco explorado, a Cozinha Evolucional, uma investigação que busca reconectar a sociedade contemporânea com o que nos define: o ato de comer. Um caminho que passa pela compreensão da relação primitiva do ser humano com a comida. “A forma como nos alimentarmos, está nos matando”. Para ele, a mudança necessária começa pelo processamento correto dos alimentos, para extrair o verdadeiro valor nutricional.

Jorge Ferreira e Marcelo Sulzbacher exploraram a relação da pesquisa com o alimento. Eles defendem que a biodiversidade brasileira garante descobertas valiosas, como as peças raras que identificaram de cogumelos. A floresta reserva segredos – inclusive, tóxicos – e riquezas para uma alimentação rica e funcional. E, claro, isso deve passar pelo trabalho de pesquisadores e ser foco de atenção da sociedade.

O espanhol Toni Massanés, da FundaciónAlicia, abordou a relevante equação do que é comer bem, de forma sustentável e saudável. Resposta simples que exige consciência. O trabalho da Fundação Alícia mostra claramente a relação do alimento com enfermidades e aponta o que pessoas com restrições devem comer, inclusive quando lhe faltam apetite. Comer correto e melhor, essa é a sua defesa.

Larrisa Bombardi trouxe dados alarmantes do uso de agrotóxicos no Brasil. A pesquisadora citou a frase de Eduardo Galeano “A soberania começa pela boca”, para relatar a submissão do Brasil perante aos outros países, neste assunto. Larissa ainda falou sobre a monocultura e o seu impacto negativo na devastação da biodiversidade de importantes biomas brasileiros.

Carlos Monteiro trouxe o panorama nefasto para saúde do consumo de alimentos ultra processados. Melhor evitá-los!

Humberto Rios Labrada, ambientalista cubano, Eduardo Malta, do Instituto Sócio Ambiental (ISA) e Alexandre Pires, da ASA e Centro Sabiá, arrancaram aplausos emocionados da plateia apresentando projetos de sucesso, de grande impacto social e, sem dúvida, exemplos para novas políticas públicas.

O chef japonês Yoshihiro Narisawa iniciou o debate sobre a importância da água para vida e para a culinária. Fez o público experimentar águas diversas para reconhecer que, apesar de parecerem iguais, águas são diferentes em composição e sabor.

Benedito Braga da Sabesp e o professor Milton Antonio da Mata falaram sobre Segurança Hídrica na Cidade e A Crise da Água, respectivamente. Os dois deixaram claro que a gestão desse recurso, que é ainda abundante no planeta, é o que fará a diferença. Reduzir, reutilizar e recompensar é a melhor forma de sustentabilidade.

2º dia de palestras

O artista plástico e jornalista Marcos Dávila, o Peri Pane, abriu a discussão sobre resíduos e trouxe seus próprios resíduos ao centro do palco com a performance Homem Refluxo, trazendo a luz a questão da geração de lixo de cada um e o quanto as escolhas de consumo impactam neste cenário.

Ana Paula Bertoletto da IDEC, entrou no tema da indústria alimentícia, apresentando os esforços para informar os consumidores de forma clara nos produtos com a rotulagem nutricional. Ela falou ainda sobre os alimentos ultraprocessados e seu impacto nos quadros de obesidade e doenças crônicas em todo o mundo. Segundo ela, a expectativa é que este ano uma sinalização funcional nas embalagens abra um novo caminho de escolhas reais para o consumidor. 

Nina Orlow, da Aliança de Resíduo Zero Brasil subiu ao palco para dialogar sobre os resíduos gerados pelos cidadãos no mundo. “83% de tudo que é produzido em nosso planeta é consumido por apenas 20% da população total. A geração de resíduos é desigual porque o mundo é desigual”, explicou a especialista. Nina atua em diversos projetos socioambientais, com ações participativas e de valorização de iniciativas locais de sustentabilidade. A palestra trouxe para o público dados relevantes que mostram que a maior parte de resíduos gerados pela população é rejeitado e que devemos nos atentar a isso. 

O catador de materiais recicláveis Roberto Rocha contou sobre a sua trajetória no mercado da indústria durante apresentação chamada ‘Lixo Extraordinário’. O profissional, que contribui há aproximadamente 15 anos com a organização dos catadores de materiais recicláveis pelo Brasil com o MNCR, hoje atua como membro-fundador de uma das primeiras cooperativas de catadores do Brasil, a CRUMA (Cooperativa de Reciclagem Unidos pelo Meio Ambiente) e como diretor-presidente da Associação Nacional dos Catadores (Ancat). Em sua fala, o Roberto afirmou que no Brasil existem cerca de 1 milhão de catadores e a maior parte deles não atua em cooperativas de lixo e fazem o trabalho de forma individual. 

Cintia Tieme Kita falou sobre os resíduos gerados que não são recicláveis. “No Brasil, geramos em média 78 milhões de resíduos todos os anos e apenas 5% à 7% são recicláveis”, disse a líder da TriCiclos Brasil, empresa especialista na customização de soluções para economia circular e de inovação para redesign de produtos e serviços. Com uma longa trajetória em atuações relacionadas a gestão do meio ambiente, a ambientalista trouxe o diálogo com a intenção de mudar o cenário atual e incentivar o ato da reciclagem entre todos presentes. 

O artista da cena Hip-Hop brasileira, Thaide, contou sobre a sua colaboração e aprendizados no movimento Recicla Sampa, que visa ampliar e incentivar a coleta seletiva na capital por meio de uma plataforma online de amplo conteúdo que orienta os cidadãos com os devidos cuidados que devemos tomar durante o descarte. Thaide é reconhecido por resgatar as essências do rap de raíz trazendo assuntos sociais relevantes em sua música. 

O economista Lucas Araujo, responsável pela área de inovação e estratégia da International Paper, falou sobre ações de cidadania e sustentabilidade da empresa com o objetivo de influenciar as próximas gerações.  

Paula Costa e Valter Ziantoni, ambientalistas e idealizadores do projeto Preta Terra relataram a necessidade do incentivo ao investimento de agroflorestas no Brasil e a importância em se compreender a cadeia produtiva para, com argumentos, não aceitar o que é imposto pela indústria. Inspirados na ancestralidade da terra preta indígena, os profissionais reforçam a importância da agrofloresta nos tempos atuais ”A gente quer olhar para o futuro, nos baseando nas inspirações do passado para garantir este futuro”, comentou Paula. 

Lia Goes e o filho de 20 anos, Alexandre de Moura, apresentaram detalhes do trabalho da Cooperapas em Parelheiros, que incentiva jovens na agricultura e o cultivo orgânico. “Antes a gente tinha que estudar para não ser mais agricultor e ter uma vida melhor, hoje a gente quer estudar para ser um agricultor melhor”, defende Alexandre. 

Paloma Costa da Engajamundo e ISA levantou temas como os impactos da crise climática em toda a cadeia produtiva. Autodenominada co-criadora do mundo, Paloma chamou a atenção dos presentes ao reforçar que os jovens devem ser inseridos nas discussões e não colocados como resolutores do problema no futuro “A gente é parte da solução, mas também da responsabilidade”, e completa sobre a necessidade de caminhar junto “Eu prefiro não dormir a ver esse mundo ruir”. 

Assista as palestras na íntegra

Todas as palestras doas dias 24 e 25 foram transmitidas ao vivo pelo canal do Fruto no Youtube e pelo UOL, na plataforma ECOA. Estarão disponíveis na íntegra e legendadas a partir de fevereiro. 

No canal ainda estão disponíveis as palestras das edições passada. Vale a pena conferir!

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