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Estudo revela as melhores cidades do mundo para pedestres

Andar melhora a saúde da população e os índices de poluição do ar, mas a maioria das cidades ainda é dominada por carros e não por pedestres

Published 28/10/2020
melhores cidades pedestres

Foto: Guilherme Stecanella | Unsplash

Um estudo publicado recentemente revela quais são as melhores cidades do mundo para quem não quer usar o carro para encontrar serviços básicos como escolas e centros de saúde, além ter acesso a pé para outras facilidades.

Entre as cidades mais indicadas para pedestres estão Londres, Paris, Hong Kong e Bogotá. Mais de mil cidades foram avaliadas de acordo com o acesso que oferecem a quem precisa encontrar produtos e serviços sem depender de outros meios de transporte, a não ser os próprios pés. Segundo o relatório, as cidades americanas estão entre as menos adequadas aos pedestres, com a sua expansão urbana.

Foto: Pixabay

Pesquisadores do Institute for Transportation and Development Policy (ITDP) afirmam que tornar as cidades mais adequadas para que as pessoas andem por elas é fundamental para melhorar a saúde da população, ajudar a dimunir a poluição emitida por veículos e fortalecer as comunidades e economias locais. No entanto, Segundo os pesquisadores, pouquíssimas cidades dão prioridade aos pedestres e a maioria das cidades é dominada por carros.

Entre as cidades com mais de 5 milhões de habitantes, apenas a colombiana Bogotá aparece entre as 5 melhores nos três critérios usados.

O primeiro critério é a proporção de pessoas com acesso fácil e sem carro (menos de 100 metros) facilidade de acesso a locais como parques e vias exclusivas para pedestres. Esse cenário melhora a saúde, incentiva as conexões comunitárias e aumenta a segurança de quem está andando. Neste critério, a campeã é Hong Kong, com 85% da população tendo este acesso sem carro a estes locais.

Foto: Pixabay

5 melhores cidades do mundo para pedestres
Facilidade de acesso sem carro

1 – HONG KONG
2 – MOSCOU
3 – PARIS
4 – BOGOTÁ
5 – LONDRES

O segundo critério usado na pesquisa avaliou a facilidade de acesso a pé para serviços de saúde e educação, como escolas e hospitais e pronto-socorros. Em Paris, 85% da população vive em locais próximos a estes serviços e podem ter acesso à eles sem usar outros meios de transporte.

Foto: Pixabay

5 melhores cidades do mundo para pedestres
Acesso a serviços de saúde e educação

1 – PARIS
2 – LIMA
3 – LONDRES
4 – SANTIAGO
5 – BOGOTÁ

O ultimo critério usado foi o tamanho médio dos quarteirões nas cidades, uma vez que quarteirões menores tornam muito mais fácil o caminho a pé entre dois destinos, evitando que as pessoas precisem contornar grandes distâncias para mudar de direção e chegar onde querem. Neste critério, a melhor cidade, segundo o estudo, é Cartum, no Sudão.  

Foto: Pixabay

5 melhores cidades do mundo para pedestres
Tamanho médio dos quarteirões

1 – CARTUM
2 – BOGOTA
3 – LIMA
4 – CARACHI
5 – TOQUIO

Qualidade de vida

O relatório comprovou ainda que as cidades que tornam o trânsito de pedestres mais fácil e seguro tem o ar menos poluído, menos pessoas obesas, mais tempo para que as crianças brinquem, menos mortes no trânsito e melhor desempenho de negócios locais, além de redução da desigualdade social.

Ainda segundo o estudo, cerca de 230 mil pedestres devem morrer este ano em acidentes de trânsito.

“Para aumentar a segurança e estimular as pessoas a andarem pelas cidades é preciso inverter a prioridade e dar menos espaço para os carros nas cidades”, explica Heather Thompson do ITDP.

De acordo com o instituto, esta necessidade se tornou ainda mais urgente com a pandemia causada pelo novo coronavírus, que fez com que as pessoas optassem por evitar o transporte público e usassem sempre que possível carros particulares em seus deslocamentos.

Cidades americanas

“As ruas das cidades de todo o mundo já testão lotadas de carros”, alerta Taylor Reich, pesquisadora do ITDP, que tem sede em Nova Iorque, Estados Unidos. “Se quiser ver como é o pior cenário para pedestres, olhe para as cidades americanas. Ela tem ótimas calçadas, mas as distâncias são tão grandes que tornam praticamente impossível a escolha por andar até os destinos, como supermercados e escolas”.

Indianapolis foi a cidade que mais mal avaliada pelo estudo entre as cidades americanas, com apenas 4% da população com acesso a serviços de saúde e educação sem o uso de carro e 9% com facilidade de acesso a parques e áreas exclusivas para pedestres.

Para Reich as políticas públicas devem incluir um mix de residências, serviços e empresas nas áreas urbanas, além de equipar as ruas com bancos, locais sombreados e calçadas largas e seguras.

Bons exemplos

Entre as cidades bem avaliadas, merecem destaque Berlim e Barcelona, na Europa, Melbourne e Sydney , nas Austrália. Em relação ao acesso a hospitais e escolas, Catmandu, no Nepal, e Atenas, na Grécia, tiveram boas avaliações.

Exemplos de como as cidades se tornaram melhores para os pedestres também são citados no estudo, como o caso de Pune, Índia, onde as ruas foram redesenhadas priorizando pedestres e ciclistas, com a construção de calçadas bem largas que têm ainda áreas reservadas para crianças brincarem e para o comércio local. Em Bogotá houve um esforço muito grande para que a área central da cidade tivesse mais espaços públicos para crianças do que para veículos.

Foto: Pixabay

“Poder caminhas pelas cidades é algo essencial para a construção de espaços saudáveis e um direito básico de todos os cidadãos. No entanto, o ponto de vista dos pedestres só é levado em consideração tarde demais no planejamento urbano, em muitas cidades”, disse Alexandra Gomes, da London School of Economic, que elogiou o estudo.

“Milhões de pessoas estão descobrindo o prazer de caminhar e querem poder fazer isso com segurança”, diz Mary Creagh, da ONG britânica Living Streets. “Os dados deste estudo mostram ferramentas para a construção de cidades mais adequadas aos pedestres, o que ajuda a combater dois problemas graves: a obesidade e a solidão”.

“As pessoas vão usar a infraestrutura que for oferecida a elas e ocupar os espaços disponíveis. Como construímos cidades para carros, todos querem dirigir”, explica Reich.

“Se começarmos a construir espaços urbanos para pedestres, as pessoas vão mudar este comportamento e poderão ter vidas mais longas e felizes”.

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