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Pará tem o maior número de produtores orgânicos cadastrados no Brasil

Para que os produtos sejam comercializados como “orgânicos”, os produtores devem se regularizar.

Não faz muito tempo que a arquiteta paraense Andresa Lisboa, 35 anos, começou a levar uma vida mais regrada. Mãe de dois filhos, ela sentiu a necessidade de se preocupar mais com a saúde e, principalmente, com o corpo. O pontapé inicial deu-se com a atividade física seguida da readaptação do cardápio. “Comecei a procurar alimentos mais saudáveis, como os orgânicos. Sempre que posso vou até uma feira que tem aqui em Belém e compro frutas, verduras e às vezes até mesmo algum tipo de proteína, como a galinha caipira”, conta.

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Os alimentos orgânicos, citados por Andresa, são aqueles produzidos em um ambiente de produção orgânica, onde se utiliza como base do processo produtivo os princípios agroecológicos que contemplam o uso responsável do solo, da água, do ar e dos demais recursos naturais, respeitando as relações sociais e culturais. Esta plantação não faz utilização de produtos químicos, adubos inorgânicos nem fertilizantes artificiais.

Esta prática vem se tornando comum no Pará. De acordo com Raimundo Ribeiro, engenheiro agrônomo da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Pará (Emater), o estado é o que mais tem produtores orgânicos cadastrados junto ao Ministério da Agricultura, cerca de 3.300. “Este cadastro mostra também que entre os principais produtos orgânicos produzidos aqui estão o açaí, a castanha do Pará, o cacau e o dendê”, completa.

O Pará também é o segundo maior produtor, em termos de extensão, do Brasil, abrangendo mais de 602.800 hectares de área plantada, ficando atrás apenas do estado do Mato Grosso, que tem cerca de 622.000 hectares.

Exemplos

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É na propriedade rural de um pouco mais de 98 mil m², na estrada Genipaúba, em Santa Bárbara, na Região Metropolitana de Belém, que o produtor Laércio de Sousa, 40 anos, viu seus negócios prosperarem depois do investimento em produção orgânica. Ele, juntamente com outros moradores da área, participou de um curso de capacitação no qual aprendeu a plantar de forma consciente e saudável, beneficiando não só a natureza como ao homem também. O curso foi viabilizado por uma parceria entre a Emater e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

“Antes, sem saber, eu usava veneno para matar as pragas e acabava estragando meu solo junto, minhas plantações. Hoje, tudo é natural, caseiro, inclusive meu fertilizante. Meus produtos crescem mais bonitos e minhas vendas aumentaram bastante”, comemora. Laércio, a esposa, Antônia, e o filho, Lielson, são os responsáveis por cuidar das plantações de alface, coentro, cebolinha, café, laranja, rúcula, espinafre, dentre outras hortaliças e frutas; e até das criações de galinhas e patos, cujos ovos também são vendidos de forma orgânica.

Os alimentos orgânicos costumam custar mais caro, uma vez que o resultado da produção demora mais, já que é feita de forma natural, sem aceleramento químico. Por conta disso, muita gente deixa de consumir o produto. Porém, Andresa garante que o investimento vale, e muito, a pena. “No começo, a gente sente mais, mas a partir do momento que você sente a diferença vai doendo menos no orçamento. Existem alguns produtos que não são tão mais caros assim como, por exemplo, o manjericão”, diz.

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Qualidade

Para que os produtos sejam comercializados no Brasil como “orgânicos”, os produtores devem se regularizar junto aos órgãos competentes. Existem dois tipos de cadastro: o primeiro é através de certificação por um Organismo da Avaliação da Conformidade Orgânica (OAC) credenciado junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa); o segundo é organizando-se em grupo e cadastrando-se junto ao Mapa para realizar a venda direta sem certificação.

Para vender na feirinha, o produtor sem certificação deve apresentar um documento chamado Declaração de Cadastro, que demonstra que ele está cadastrado junto ao Ministério e que faz parte de um grupo que se responsabiliza por ele. Neste caso, só o produtor, alguém de sua família ou de seu grupo pode estar na barraca, vendendo o produto. Essa declaração deve ser mostrada sempre que o consumidor e a fiscalização pedirem.

Já os produtos vendidos em mercados, supermercados, lojas, devem estampar o selo federal do SisOrg em seus rótulos, sejam produtos nacionais ou estrangeiros. Se o produto for vendido a granel deve estar identificado corretamente, por meio de cartaz, etiqueta ou outro meio.

Os restaurantes, lanchonetes e hotéis que servem pratos orgânicos ou pratos com ingredientes orgânicos devem manter à disposição dos consumidores listas dos ingredientes orgânicos e dos fornecedores destes ingredientes.

Com a mudança alimentar feita, a arquiteta Andresa começou a perceber as diferenças entre o antes e o depois. “Além de ter mais energia para cumprir as obrigações do dia a dia, senti mudanças no meu organismo mesmo, influenciando até na digestão dos alimentos. Agora entendo que o cuidado com o corpo vai além da ida até a academia”, conclui.

As informações são do Governo do Pará.