Grandes empresas de carne e laticínios estão aquecendo o planeta
Relatório mostra que estratégias de crescimento das empresas aumentam suas emissões de gases de efeito estufa, contribuindo para mudanças climáticas.
Relatório mostra que estratégias de crescimento das empresas aumentam suas emissões de gases de efeito estufa, contribuindo para mudanças climáticas.
As maiores corporações de carne e laticínios do mundo podem se tornar as piores poluidoras climáticas do planeta nas próximas décadas, de acordo com um novo relatório do Instituto de Política Agrícola e Comercial (IATP) e da GRAIN. Em um momento em que o planeta deve reduzir drasticamente suas emissões de gases que causam o efeito estufa, esses gigantes da carne e do leite estão impulsionando o consumo excessivo ao aumentar a produção e as exportações, apesar dos compromissos públicos que alguns deles assumiram para combater a mudança climática.
O relatório também mostra que as operações das 35 principais empresas estão altamente concentradas em um pequeno número de países que têm uma participação desproporcional na produção e consumo mundial de carne e laticínios: Estados Unidos, as nações da União Europeia, Canadá, Brasil, Argentina, Austrália, Nova Zelândia e China são responsáveis por mais de 60% das emissões da produção mundial de carne e laticínios – cerca de duas vezes o resto do mundo por ano numa base per capita. Apenas seis deles produzem mais de 67% da carne bovina do mundo; apenas três (EUA, União Europeia e China) produzem 80% da carne suína do mundo; apenas quatro produzem 61% do frango do mundo, enquanto três (União Europeia, EUA e Nova Zelândia) produzem quase metade dos laticínios do mundo.
“Não há outra escolha. A produção de carne e laticínios nos países onde as 35 principais empresas dominam deve ser significativamente reduzida”, afirma Devlin Kuyek, da GRAIN. “Essas corporações estão pressionando por acordos comerciais que aumentem as exportações e as emissões,e estão minando soluções climáticas reais, como a agroecologia, que beneficia agricultores, trabalhadores e consumidores.”
“Não existe carne barata”, alerta Shefali Sharma, do IATP. “Durante décadas, a produção em massa de carne e laticínios tem sido possibilitada por agricultores sendo pagos abaixo do custo de produção, trabalhadores sendo explorados e contribuintes pagando a conta da poluição do ar, da terra e da água causada por grandes produtores de carnes e laticínios. É hora de percebermos que o consumo excessivo está diretamente ligado aos subsídios que fornecemos à indústria para continuar desmatando, esgotando nossos recursos naturais e criando um grande risco à saúde pública por meio do uso excessivo de antibióticos. O que este relatório mostra é o papel fundamental que eles desempenham nas mudanças climáticas também ”.
O relatório conclui que é necessário incentivar sistemas alimentares nos quais os agricultores possam fornecer a todos quantidades moderadas de carne e laticínios de alta qualidade, respeitando pessoas, animais e o planeta.