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Monsanto terá que indenizar vítima de câncer em US$ 289 milhões

Dewayne Johnson foi exposto ao produto enquanto trabalhava como zelador em uma escola.

Esta é uma daquelas notícias que é preciso ler duas vezes para acreditar. Um júri em São Francisco (Califórnia), nos EUA, condenou a Monsanto a pagar Dewayne Johnson, um zelador de 46 anos, que após anos de contato com o produto Roundup e RangerPro, descobriu um linfoma não-Hodgkin, tipo de câncer que se origina nos gânglios, agora em fase terminal.

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Johnson foi exposto ao produto enquanto trabalhava como zelador em uma escola. Sua defesa alega que ele aplicava os produtos de 20 a 30 vezes por ano e inclusive, por duas vezes, sofreu acidente onde ficou ensopado por agrotóxicos e tudo isso contribuiu para sua condição de saúde diagnosticada em 2014.

Segundo o júri, a Monsanto “agiu com malícia ou opressão”, uma vez que sabia ou deveria saber que o herbicida era perigoso. Durante o julgamento, foi dito que Johnson pode ter apenas alguns meses de vida e que sua esposa foi forçada a trabalhar em dois empregos para ajudar a pagar pelo tratamento do linfoma. O caso foi o primeiro a ser julgado nos Estados Unidos com base na tese de que o glifosato é cancerígeno.

Posicionamento

Após o veredito, o vice-presidente da Monsanto, Scott Partridge, afirmou que vão apelar por meio de processo legal da decisão para obterem o “resultado certo”. Ainda na fala, afirmou que o glifosato, herbicida que é o ingrediente-chave do Roundup e RangerPro, “é totalmente seguro e o público não deve se preocupar”. 

O discurso de Partridge vai de encontro a diversos estudos e evidências científicas. Muitas pesquisas ainda estão em andamento, mas fica cada vez mais claro a periculosidade dos herbicidas da Monsanto. Até mesmo a Organização Mundial da Saúde já classificou o glifosato como “provavelmente cancerígeno para humanos”.

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Detalhe importante: a acusação do zelador não concentrou a alegação com base apenas no glifosato e sim em todo o produto e suas demais substâncias potencialmente perigosas, que juntas contribuíram para o surgimento do câncer. 

Repercussão

Após a decisão norte-americana, ativistas do Greenpeace na Austrália pediram ao governo que suspenda a venda do herbicida Roundup. A medida, segundo a organização, seria de  “exercer o princípio da precaução” até que novos estudos sejam concluídos.

Já no Reino Unido, uma revendedora de produtos para o lar e centro de jardinagem, chamada Homebase, decidiu que vai analisar se continuará a vender Roundup.

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A questão maior em todos os países é que ele é considerado seguro pelos órgãos reguladores de governos de todo o mundo. Mas talvez a pressão popular (e a pressão do dinheiro) possam ajudar: na última segunda (13), a Bayer, proprietária da Monsanto, perdeu mais de 9% na Bolsa de Frankfurt. E mais: as ações de uma fabricante australiana de um produto similar, a Nufarm Ltd, caíram 17% após a decisão do júri californiano.

Foto: JeepersMedia/Flickr

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