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Em 23 hectares, ilha em SP possui mais de 2 mil serpentes

Considerada uma das serpentes mais perigosas, contraditoriamente ela pode salvar a vida de muitas pessoas.

A Área de Relevante Interesse Ecológico (Arie) Ilhas da Queimada Pequena e Queimada Grande, no litoral paulista, nos municípios de Itanhaém e Peruíbe, tem uma particularidade muito especial. Ela é o habitat da jararaca- ilhoa (Bothrops insularis), considerada uma das serpentes mais perigosas do mundo, mas que, contraditoriamente, pode salvar a vida de muitas pessoas. Seu veneno, segundo pesquisadores, revela-se um precioso aliado na criação de fármacos contra doenças cardíacas e circulatórias.

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Estima-se que, nos 23 hectares da Ilha Queimada Grande (a Queimada Pequena tem 10 hectares), vivam cerca de duas mil jararacas-ilhoas. A proliferação da espécie deve-se sobretudo à inexistência na ilha de predadores naturais da serpente. A maior parte dos animais que visitam o local são as aves migratórias. Os ninhos dessas aves são, por sua vez, objetos de predação por parte das jararacas, que desenvolveram a habilidade de trepar e caçar nas árvores.

A jararaca-ilhoa consta nas listas estadual (São Paulo) e nacional de espécies ameaçadas de extinção. Muito disso se deve à ação, no passado, de caçadores que aportavam na ilha para capturar exemplares da serpente que, depois, eram vendidos no mercado paralelo.

Para combater esse tipo de ilícito e, principalmente, para definir estratégias e ações de preservação da espécie, os gestores da Arie, que é uma unidade de conservação (UC) gerida pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), realizam trabalho permanente de monitoramento dessa população de jararacas-ilhoas.

Sobre esta espécie

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É provável que as serpentes estejam isoladas do continente há mais de dez mil anos, desde o término da última era glacial, época em que o local era um morro continental que ficou isolado com a subida do nível do mar.

A jararaca-ilhoa não tem concorrentes nem predadores importantes e pode sobreviver cerca de seis meses sem comer. Alimenta-se exclusivamente de aves, principalmente as migratórias. Seu veneno tem grande interesse para a pesquisa, pois é diferente do veneno da jararaca do continente.

O veneno da ilhoa tem efeito semelhante ao da jararaca do continente nos humanos, porém, a distância e a dificuldade logística para obter tratamento médico faz com que todo desembarque na ilha seja uma operação de alto risco.

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De acordo como protocolo de segurança, a cada saída de gestores e pesquisadores até às ilhas, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) é notificado. Não há relatos de ataques das cobras a pesquisadores servidores da Arie.