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Arqueologia ajudará a desvendar origem da biodiversidade amazônica

Um grupo internacional de pesquisadores, liderado por brasileiros e norte-americanos, deu início a um Projeto Temático para reconstruir a origem e a distribuição dos organismos na Amazônia nos últimos 20 milhões de anos.

Um grupo internacional de pesquisadores, liderado por brasileiros e norte-americanos, deu início a um Projeto Temático para reconstruir a origem e a distribuição dos organismos na Amazônia nos últimos 20 milhões de anos.

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O projeto é apoiado pela FAPESP e pela National Science Foundation (NSF) no âmbito de um acordo que prevê o desenvolvimento de atividades de cooperação entre os programas "Dimensions of Biodiversity" (NSF) e BIOTA-FAPESP. O estudo também conta com o apoio da agência espacial dos Estados Unidos, a Nasa.

“Há muito interesse por parte de paleoecologistas como eu – que estudam a ecologia no passado a partir de pólens fósseis – em relação a questões como a origem da biodiversidade da Amazônia, o que ocorreu na floresta durante e depois do Último Máximo Glacial [ocorrido há aproximadamente 20 mil anos], as mudanças surgidas no bioma no Holoceno médio [há 6 mil anos] e se a floresta era intocada ou foi um ambiente altamente domesticado nas eras pré-colombianas [antes de 1492]”, disse Frank Mayle, professor da Universidade de Edimburgo, na Escócia, durante o simpósio “The assembly and evolution of the Amazonian biota and its environment”, na sede da FAPESP, em São Paulo.

De acordo com Mayle, uma das hipóteses apresentadas nas últimas décadas para explicar a grande biodiversidade amazônica foi a “Teoria dos Refúgios”. Proposta pelo ornitólogo e biogeógrafo alemão Jürgen Haffer (1932-2010) em um artigo publicado na Science em 1969, a teoria defendia que durante os períodos glaciares algumas áreas da floresta amazônica se tornaram secas. Por causa disso, formaram-se diversos fragmentos florestais – separados uns dos outros por áreas de savana – que teriam servido de refúgio para diversas populações de animais.

Durante o período de isolamento geográfico (vicariância), essas populações de animais “sem floresta” evoluíram longe de seus semelhantes e sofreram especiação geográfica (alopátrica). Quando retornava o período úmido, as regiões abertas voltavam a apresentar vegetação e os fragmentos florestais se conectavam novamente, permitindo que estendessem sua distribuição.

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A teoria, contudo, não se sustentou por falta de dados paleológicos, explicou o especialista. “A Teoria dos Refúgios gerou um paradigma para os biólogos, mas faltavam dados paleológicos e precisávamos de mais evidências geomorfológicas para testar suas hipóteses”, disse Mayle.

Questões em aberto

De acordo com o pesquisador, uma pergunta ainda sem resposta sobre a Amazônia é: que tipo de floresta tropical existia na região no Último Máximo Glacial? Para respondê-la, estão em curso esforços para tentar modelar a extensão de floresta úmida e de floresta seca na época. A qualidade dos dados disponíveis, no entanto, representa um dos principais gargalos para esclarecer as dúvidas.

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“As controvérsias sobre a Amazônia no Último Máximo Glacial resultam do conjunto de dados dos quais dispomos”, disse Mayle. “Há poucas informações; o desafio é identificar qual escala espacial e o tipo de cobertura florestal que correspondem ao perfil de paleodados mais antigos.”

Por Elton Alisson – Agência Fapesp