O que a vitória de Trump nos EUA significa em termos de aquecimento global?
Mesmo antes de vencer as eleições, seus discursos acerca das mudanças climáticas já preocupavam ambientalistas.
Mesmo antes de vencer as eleições, seus discursos acerca das mudanças climáticas já preocupavam ambientalistas.
Donald J. Trump é o novo presidente dos Estados Unidos. Mas, mesmo antes de vencer as eleições, seus discursos acerca das mudanças climáticas e do aquecimento global já preocupavam ambientalistas. Agora o sinal de alarme soa oficialmente, já que em poucos dias ele assumirá a liderança de um dos países mais influentes e poluentes do mundo. Mas, afinal, o que ele falou para causar tanta insegurança ambiental?
Em maio deste ano, durante uma conferência na cidade de Bismarck, no estado de Dakota do Norte, Trump sugeriu “cancelar o Acordo Climático de Paris e parar todos os pagamentos norte-americanos à ONU relacionados aos programas sobre aquecimento global”. Sendo os EUA o segundo pais que mais emite gases poluentes em todo o mundo, medidas que impeçam o declínio das emissões significam um enorme retrocesso político. Além disso, descartar o compromisso norte-americano abre brechas para que outras nações também questionem a medida e abram mão de suas responsabilidades.
Os próprios investimentos nacionais em pesquisa e combate às mudanças climáticas devem passar por mudanças radicais. Em suas falas, Trump deixou claro a intenção de abolir a existência da Agência de Proteção Ambiental Norte-Americana (EPA) e disse que deve cortar os bilhões de dólares destinados internamente ao combate às mudanças climáticas. A decisão poderia afetar diretamente os programas de incentivo às energias renováveis liderados pela EPA.
A justificativa para a postura contrária a estes investimentos deve-se, entre outras coisas, ao fato de que o novo presidente dos EUA fazer parte do grupo de céticos do clima, chegando a publicar em seu Twitter que “o conceito de aquecimento global foi criado pelos chineses com a intenção de deixar a manufatura norte-americana não-competitiva”.
Em agosto deste ano, em entrevista ao jornal Miami Herald, ele se disse descrente das mudanças climáticas. Segundo Trump, o que ele acredita é em “água limpa e ar limpo”. Ainda durante a entrevista, ele alegou que as legislações que induzem aos cortes das emissões colocam o país em desvantagem econômica em relação a seus competidores globais.
Conforme determinado pelo Acordo de Paris, os EUA se comprometeram em reduzir de 25 a 28% de suas emissões até 2025, tendo como base as emissões de 2005. No entanto, em diversos de seus discursos, Trump falou sobre incentivar a produção de combustíveis fósseis, um dos tipos de energia mais poluentes que existem.
O que falaram de Trump na COP 22
A eleição norte-americana também foi comentada durante a COP 22, que está em andamento em Marraquexe. Veja abaixo algumas declarações:
“O novo presidente deve proteger as pessoas que ele serve do caos climático. Nenhuma crença pessoal ou afiliação política pode mudar a dura verdade de que cada novo poço de petróleo e oleoduto nos aproxima da catástrofe. A administração tem obrigações morais e legais de cumprir compromissos internacionais e ir mais longe para reduzir a poluição e manter os combustíveis fósseis sujos no solo “. – Maya Golden-Krasner, Advogada Sênior, Centro para a Diversidade Biológica
“O presidente eleito Trump tem a oportunidade de catalisar mais ações sobre o clima que enviem um sinal claro para os investidores para manter a transição para uma economia renovável. China, Índia e outros concorrentes econômicos estão competindo para serem as superpotências em energia limpa global e os EUA não querem ser deixados para trás. ” – Tina Johnson, Diretora de Política, Rede de Ação Climática dos EUA.
“O Acordo de Paris foi assinado e ratificado não por um Presidente, mas pelos próprios Estados Unidos. Como uma questão de direito internacional, e como uma questão de sobrevivência humana, as nações do mundo podem, devem e vão manter os Estados Unidos em seus compromissos climáticos “. – Carroll Muffett, Presidente, Centro de Direito Ambiental Internacional (CIEL)
“Donald Trump agora tem a distinção pouco favorável de ser o único chefe de Estado em todo o mundo a rejeitar o consenso científico de que a humanidade está dirigindo a mudança climática. Não importa o que aconteça, Donald Trump não pode mudar o fato de que a energia eólica e solar estão se tornando rapidamente mais acessíveis e disponíveis do que os combustíveis fósseis sujos. Tanto os mercados como a defesa ambiental estão nos movendo em direção à energia limpa, por isso ainda há um caminho forte para a redução da poluição climática mesmo sob uma presidência Trump. Trump deve escolher se ele será um presidente lembrado por colocar a América e o mundo em um caminho para o desastre climático ou por ouvir o público americano e nos manter no caminho para o progresso do clima.” – Michael Brune, Diretor Executivo, The Sierra Club.
Por Thaís Teisen –Redação CicloVivo