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Pesquisa ignorada pelo Governo aponta aumento de 97% no desmatamento

Dados apurados pelo Imazon confrontam com o Inpe, que registrou entre 2011 e 2012 o menor índice de desmatamento da história da Amazônia

Um levantamento independente mostra que o desmatamento na Amazônia aumentou 97% em relação a maio do ano passado. A avaliação foi obtida a partir da análise das imagens de um satélite do instituto de pesquisa Imazon, e contraria as pesquisas oficiais elaboradas nos últimos anos pelo Inpe, que apontavam um declínio significativo no corte de árvores da floresta amazônica.

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O levantamento do Imazon ainda diz que o desmatamento total da Amazônia pode passar de seis mil quilômetros quadrados nos próximos meses. Isso porque, nesta época do ano, a região enfrenta o período de seca, quando aumentam os cortes de árvores na floresta. Para Adalberto Veríssimo, pesquisador do Imazon, é nos meses de junho e julho que costumam ser registrados 30% do total dos desmatamentos na Amazônia. “Ao menos que nesses meses o desmate seja excepcionalmente baixo, vai ocorrer um aumento expressivo”, disse o especialista ao Estadão.

Embora a avaliação mostre dados preocupantes para a preservação da floresta amazônica, o governo não vai levar em conta o estudo. Para as autoridades públicas, somente são válidos os levantamentos oficiais, realizados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). No ano passado, o órgão registrou o menor índice de desmatamento desde a criação do sistema de monitoramento, que analisa somente o período entre agosto e julho (e desconsidera o mês de junho, quando ocorre boa parte dos cortes).

Geralmente, as pesquisas sobre o desmatamento na floresta amazônica apuram dados parecidos, mas fenômenos naturais e outros fatores – como as nuvens esparsas, comuns no período de chuvas, que duram até o fim do verão – costumam resultar em diferenças entre os números obtidos. Acontece que o Imazon, que atua no Pará, faz muitas parcerias com as autoridades estaduais e com o IBAMA – ou seja, acompanham mais de perto o que está acontecendo nas matas da região.

Com base nas pesquisas, Veríssimo afirma que o maior desafio do momento é conter o desmatamento especulativo, prática que retira árvores das unidades de conservação para a venda de terrenos que são transformados em fazendas. De acordo com o especialista da Imazon, a prática é realizada mesmo na época das chuvas, justamente porque a fiscalização é mais difícil no verão, quando os satélites não conseguem boas imagens devido à presença de nuvens.

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Redação CicloVivo