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Natureza inspira soluções sustentáveis na construção civil

A biomimética é uma ciência que busca inspiração e soluções na natureza para projetar ambientes mais inteligentes.

spiral stairs

A biomimética é uma ciência que busca inspiração e soluções na natureza para projetar ambientes mais inteligentes, funcionais e sustentáveis e que ofereçam melhor desempenho energético. Para ampliar o conhecimento sobre o assunto, a biomimética será abordada em uma das sessões educacionais da Greenbuilding Conferência e Expo, maior evento da construção sustentável, que acontece em São Paulo de 9 a 11 de agosto, com arquitetos, engenheiros e especialistas da área.

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Esta ciência já vem sendo aplicada em vários segmentos, inclusive no de construção civil, que oferece alto impacto ambiental. Suas soluções visam compreender as funções desempenhadas na natureza e sua tradução para ser incorporada na composição de um projeto.

“Para isso, já temos uma lista de sistemas, produtos e materiais inovadores criados através da biomimética, principalmente fora do Brasil, que incluem pisos, cimento e até tijolos”, conta Alessandra Araujo, bióloga e responsável por biomimética e sustentabilidade em escritório de arquitetura, que irá falar sobre o tema durante a conferência. No evento, Alessandra vai apresentar um projeto arquitetônico brasileiro, da GCP Arquitetura & Urbanismo, que utilizou essa ciência para resolver questões de conforto térmico, ventilação passiva e técnicas para autossombreamento de paredes externas.

Aplicação

Outro bom exemplo prático da aplicação da biomimética na construção é o do Eastgate Building, um shopping no Zimbábue que foi concebido em 1992 e inaugurado quatro anos depois num projeto audacioso para a época. Com 32 mil metros, o complexo foi construído com 10% a menos de valor de investimento em sistemas de climatização e gera economia de 40% no custo operacional de energia.

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“O desenvolvimento foi inspirado em cupinzeiros que apresentam um sistema complexo de controle de temperatura interno através de canais de ventilação, para sobrevivência dos fungos que servem de alimento para os cupins e necessitam de temperatura constante de 30°C. O detalhe é que os cupinzeiros observados habitavam o deserto, que entre vários desafios apresenta uma grande flutuação de temperatura, que vai de zero a 40°C”, explica Alessandra. A técnica dos cupinzeiros é proteger-se através de uma massa térmica de terra e constituir à sua volta uma série de canais de ventilação.

O objetivo dessa ciência, no entanto, não é a reprodução da natureza, mas sim a sua compreensão. “A biomimética deve ser entendida como uma ferramenta de inovação para qualquer área do conhecimento, entre as quais a da construção. Como ciência, apresenta um arsenal gigantesco de possibilidades para a melhora do desempenho das construções, levando-se em conta a experiência acumulada em 3,8 bilhões de anos de evolução, que certamente apontará novos rumos para toda a cadeia produtiva da construção”, avalia o arquiteto Sérgio Coelho arquiteto fundador da GCP Arquitetura & Urbanismo.

Conhecimento antigo

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Considerada relativamente nova, a prática da biomimética é ancestral, e em breve poderá ser uma disciplina curricular em cursos de design e arquitetura. “Durante muitas gerações essa foi a técnica mais óbvia de construção e organização. Comunidades indígenas, ribeirinhas, tradicionais fazem isso até hoje: observam a natureza e a copiam na medida do possível. Leonardo Da Vinci fez isso com maestria no século 15. Todos os nossos antepassados fizeram isso”, comenta o também biólogo Ricardo Mastroti, que completa o time de debatedores do assunto na Greenbuilding Conferência e Expo, com a experiência de consultor, professor de MBA nas áreas de gestão e inovação para a sustentabilidade e representante do Ethical Biomimicry Finance (EBF) no Brasil.