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“Na contramão”: Quem vai de bike gasta menos e chega muito mais rápido

Carro na garagem, luvas nas mãos, roupas leves e capacete pronto. É assim que começa mais um dia na vida do engenheiro de software Hélio Costa e Silva.

Carro na garagem, luvas nas mãos, roupas leves e capacete pronto. É assim que começa mais um dia na vida do engenheiro de software Hélio Costa e Silva. Aos 25 anos o paulista resolveu trocar o automóvel e passar a usar a bicicleta como seu principal meio de transporte. Nove meses depois, o saldo é uma mudança que vai muito além da simples locomoção.

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Diariamente o jovem pedala, pelo menos, 22,5 quilômetros. O trajeto entre a casa e o trabalho tem 11,3 km e é percorrido em 35 minutos, mantendo a média de velocidade em 19 km/h, como ele gosta de salientar. Esses não são os únicos números importantes nessa história, mas já são uma demonstração de quão eficiente a bicicleta pode ser, já que no horário de pico um motorista paulistano gasta, em média, 1h45 para cumprir cada trecho de seus deslocamentos, de acordo com pesquisa da Rede Nossa São Paulo.


Foto: Ivson Miranda

Quando a pessoa mora na quinta cidade com o pior congestionamento do mundo, o mais óbvio seria considerar o uso do carro uma insanidade. Mas, não é isso o que acontece. Mesmo que outros meios de transporte, entre eles a bicicleta, sejam muito mais eficientes, eles ainda são minoria no trânsito e há quem ache que colocar uma bike na rua seja perigoso. “Quando falei pros meus pais que iria de bicicleta, eles basicamente me chamaram de louco – que iria morrer; que isso é perigoso; só funciona na Europa etc. Ignorei os achismos e aderi sem problemas”, relata Silva, que garante não ter dificuldades com a escolha. Pelo contrário, a bicicleta lhe rendeu muitos benefícios.

Um mês e meios após o início das pedaladas, o engenheiro já contabilizava quatro quilos a menos na balança, isso sem mudar nada na alimentação, e mudanças expressivas no humor. Hoje ele se considera mais tranquilo e paciente. O jeito de enxergar a cidade e alguns hábitos comuns a quem vive em uma metrópole também mudaram. “Passei a dar preferência para o comércio de rua e para o comércio local. Não faço compras utilizando carro; não vou a lugares para jantar de carro; evito os shoppings centers ao máximo. Isso me fez adotar hábitos de andar a pé, transporte coletivo e bicicleta para fazer minhas coisas do dia-a-dia”, explica, garantindo que o carro só sai da garagem quando o deslocamento é superior a 40 km por trecho.

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Os gastos passaram de R$ 1150 para zero. Foi necessário um investimento inicial para a compra da bicicleta, equipamentos de segurança, algumas roupas mais leves e uma boa mochila. Depois disso, os gastos com transporte foram mínimos, já que a manutenção básica é feita pelo próprio ciclista, com a ajuda de tutoriais na internet, e, quando necessário, a troca de peça custa muito menos do que um equipamento automotivo.


Foto: Samuel Yoo/Flickr

As dificuldades podem ser consideradas apenas pequenos contratempos. Apesar de pedalar em meio aos carros na maior parte de seu trajeto, Silva não reclama do trânsito, do clima ou da falta de chuveiro no trabalho. Em dias de chuva, a solução é simples: capa de chuva. Se está muito sol: protetor solar, roupas leves e organização para sair um pouco mais cedo e pedalar com calma. Quanto ao suor, basta levar uma roupa extra e tomar um “banho de gato” com lenços umedecidos. “Os que não sabem que eu vou de bicicleta nem desconfiam que a uso”, acrescenta o ciclista.

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Ter a bike como meio de transporte também modificou a relação do paulista com a cidade e com as outras pessoas ao seu redor, principalmente no trânsito. Isso também o permite vivenciar situações improváveis. “O mais inusitado foi quando, chegando próximo ao trabalho, aproximou-se junto com seu cachorro um morador de rua que gentilmente pediu para que eu contasse quanto ele tinha em reais em um punhado de moedas. Contei e após ele me perguntar quanto faltava para dez reais, conversamos um pouco sobre o mundo numa conversa bem lúcida. Ao fim, me perguntou da onde eu vinha e se estava indo ao trabalho. Assim que respondi e afirmei que estava em direção ao trabalho, enquanto nos despedíamos, ele me sugeriu continuar firme para que assim conseguisse comprar um carro”, relembra.

Nove meses pode parecer pouco, como se Hélio Costa e Silva fosse um novato sobre duas rodas nas ruas de São Paulo. Mas, o tempo foi suficiente para transformar vários aspectos em sua vida e agregar experiência que ele compartilha com quem também quer iniciar essa empreitada. A primeira delas é pensar o trajeto e pesquisar sobre as melhores rotas antes de sair de casa, existem mapas específicos disponíveis na internet com os caminhos mais tranquilos para ciclistas urbanos, o que garante mais segurança. Além disso, ele lembra a importância de se posicionar bem na via e conhecer as normas e sinalizações de trânsito. Evitar passar o farol vermelho, andar na contramão ou nas calçadas também são itens essenciais lembrados pelo jovem nesta lista.

Por Thaís Teisen – Redação CicloVivo