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Greenpeace rastreia caminhões no Pará e descobre destruição silenciosa

Série de falhas no sistema tem permitido que madeira extraída de forma ilegal e predatória seja vendida nos mercados nacional e internacional. Veja as imagens.

Entre agosto e setembro de 2014, o Greenpeace monitorou rotas de caminhões madeireiros que fazem o trajeto entre as áreas públicas de florestas no oeste do Pará e as serrarias da região. De acordo com a investigação da organização ambiental, nenhuma das áreas exploradas possuía qualquer tipo de autorização.

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Durante o dia, os caminhões se dirigem até áreas remotas de florestas, onde são carregados com toras de madeira. À noite, quando a fiscalização é menor, dezenas deles tomam as estradas da região, nas proximidades de Uruará e Placas, e seguem até as serrarias de Santarém e arredores.

Estima-se que aproximadamente 80 caminhões cruzam a cada noite a balsa pelo rio Curuá-Una, na PA-370, que vai até Santarém. O tráfego na balsa é mais intenso entre às 23h e 1h30 da madrugada.


Foto: Divulgação/Greenpeace


Foto: Divulgação/Greenpeace

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Santarém concentra o principal polo da indústria madeireira no Pará, estado que mais produz e exporta madeira da Amazônia. Segundo dados do Imazon, entre agosto de 2011 e julho de 2012, cerca de 78% das áreas com atividades madeireiras no Pará não tinham autorização de exploração.

O Greenpeace informou que as três serrarias que receberam essa madeira foram: Rainbow Trading Importação e Exportação, Comercial de Madeiras Odani e Sabugy Madeiras. Cada uma delas tem um histórico de ilegalidades e somam, juntas, o recebimento de multas de cerca de R$ 1,5 milhão pelo Ibama nos últimos dez anos.


Foto: Divulgação/Greenpeace

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De acordo com os documentos oficiais, a Rainbow Trading recebe madeira de áreas de planos de manejo florestais autorizados. Porém, análise de imagens de satélite mostra que não houve nenhuma atividade madeireira na maioria dessas áreas, o que indica que esses planos estão servindo para fornecer créditos e documentação oficial para 'lavar' a madeira ilegal. Enquanto isso, as terras públicas de onde a madeira está sendo roubada apresentam sinais claros de exploração, com madeira estocada em grandes clareiras abertas na mata e diversas estradas ligando esses caminhos.

Abastecidas com madeira ilegal, estas serrarias exportam regularmente para a Europa, China, Japão e Estados Unidos – a despeito das leis que proíbem a comercialização de madeira ilegal em alguns desses mercados. Somente entre janeiro e agosto de 2014, por exemplo, uma destas serrarias teve relação comercial com França, Bélgica, Holanda e Suécia.


Foto: Divulgação/Greenpeace


Foto: Divulgação/Greenpeace


Foto: Divulgação/Greenpeace

Em maio de 2014, quando lançou a campanha Chega de Madeira Ilegal, o Greenpeace revelou como o sistema de controle de madeira está sendo burlado para acobertar madeira de origem ilegal. Uma série de falhas no sistema tem permitido que madeira extraída de forma ilegal e predatória seja vendida nos mercados nacional e internacional com ares de legalidade, tornando o mercado um parceiro oculto da destruição silenciosa da floresta.

"A madeira ilegal é a porta de entrada para o desmatamento. A abertura de estradas por madeireiros torna a floresta mais suscetível à degradação e fragmentação. E, por passar despercebida pelos olhos dos satélites, esse tipo de destruição florestal nem entra na conta das emissões de gases do efeito estufa”, afirma Marina Lacôrte, da Campanha da Amazônia do Greenpeace. “Dadas às falhas estruturais do sistema de controle de madeira no Brasil e a histórica falta de governança na Amazônia, documentos oficiais não são suficientes para garantir a legalidade da madeira”, completa.

O Greenpeace agora quer que o governo brasileiro reveja todos os planos de manejo aprovados na Amazônia desde 2006. A organização defende que é preciso investir mais recursos para ações de monitoramento e fiscalização, a fim de permitir que o crime seja combatido antes que milhares de árvores tenham sido abatidas. Confira aqui o relatório completo e conheça a campanha. 


Foto: Divulgação/Greenpeace


Foto: Divulgação/Greenpeace


Foto: Divulgação/Greenpeace


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