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Estaleiro de Eike Batista conflita com ambientalistas em Biguaçu (SC)

A instalação de um estaleiro no município de Biguaçu – SC tem causado grandes polêmicas entre ambientalistas e empresários.

A instalação de um estaleiro no município de Biguaçu – SC –  tem causado polêmicas entre ambientalistas e empresários.

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O projeto do grupo EBX – do empresário Eike Batista – está cotado em valores bilionários e visa construir um estaleiro na cidade catarinense para extrair petróleo, principalmente na camada do pré-sal.

O empreendimento é da OSX, e contará com os equipamentos da OGX (ambas do grupo EBX, de Eike Batista) além disso terá como sócia – com 10% das ações – a sul-coreana Hyundai Heavy Industries.

Segundo os empresários envolvidos no projeto, e até mesmo segundo o site da OSX, os benefícios do empreendimento seriam a geração de empregos, que pode chegar a cinco mil novas vagas. O estaleiro movimentaria a economia da região e arrecadaria mais impostos para o governo catarinense.

Em palestra apresentada, José Jorge Araújo, gerente do estaleiro, disse que o projeto pretende colaborar para o Brasil atingir a autossuficiência. "Nosso grupo acredita no futuro do Brasil e está investindo no mercado que tem grandes possibilidades de expansão, é importante ressaltar que nosso estaleiro é apenas um início para a autossuficiência da indústria brasileira, por isso, precisamos contar com fornecedores específicos, e esperamos que todos nossos materiais sejam fornecidos por empresas brasileiras.”

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Para Eike Batista, "a empresa foi feliz em encontrar uma área com o tamanho necessário, que permitirá fazer um estaleiro ao estado da arte".

O lado dos ambientalistas e dos catarinenses

Organizações ambientais e associações de moradores da Grande Florianópolis já estão se reunindo contra o estaleiro. Até o fim desta semana, a Federação das Entidades Ecológicas Catarinenses (Feec) irá emitir um parecer sobre a questão.

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A presidente do Conselho Comunitário do Pontal do Jurerê, Heloisa Helena Wagner da Silva, ressaltou a preocupação da população com o que ocorrerá na praia, caso a maré suba durante a dragagem. É possível que com as obras, as marés atinjam com mais força a Baía do Norte, e provoquem erosão.

Os moradores de Governador Celso Ramos (cidade próxima a Biguaçu) temem que durante a dragagem seja liberado arsênio. O elemento químico em excesso pode prejudicar a população de mariscos na cidade, onde 70% da população depende da pesca para sobreviver.

A pressão parte também de órgãos não governamentais. O Instituto Chico Mendes (ICMBio) emitiu uma nota oficial se posicionando contra a construção do estaleiro no local onde ele está planejado para ser construído.

Os principais problemas levantados pelo instituto são:

– O impacto em três unidades de conservação federais (Área de Proteção Ambiental do Anhatomirim, Reserva Biológica Marinha do Arvoredo e Estação Ecológica de Carijó);

– Possibilidade de permanente contaminação biológica;

– Os impactos negativos e irreversíveis nos golfinhos cinza Sotalia guianensis (razão principal da criação da Área de Proteção Ambiental do Anhatomirim).

– O projeto não prevê o tratamento de efluentes da obra.

– O destino final do material dragado não tem destino certo, e pode ser depositados nas margens do Rio Cubatão ou em manguezais

Além das já citadas organizações, Simão Lopes, um cientista contratado pela própria OSX para avaliar os impactos ambientais do estaleiro em Biguaçu, declarou que o local determinado para a construção do estaleiro é “inviável”.

Na conclusão do parecer, Lopes diz: “Sugere-se, fortemente, a relocação do empreendimento para outra área, onde já existam complexos portuários fora de baías ou enseadas, de maneira que os efeitos nocivos não sejam potencializados como ocorre nas áreas internas”. Ele ainda recomenda aos empreendedores que “não aceitem o risco do passivo ambiental, considerando assim a proposta da obra na área como ambientalmente inviável.”

Segundo o estudo de Lopes, os golfinhos seriam prejudicados com a poluição sonora, química e com a degradação ambiental.

Respostas e contra-respostas

Em nota, a OSX defendeu-se com alguns argumentos:

– Segundo a empresa, o arsênio depositado na lama só pode ser considerado tóxico, se tiver concentração maior do que 70 miligramas por quilo. Até agora, foram encontradas duas amostras que tinham no máximo 15 miligramas por quilo. 

– Paulo Monteiro, diretor de Sustentabilidade da OSX, disse que não irão circular petroleiros. Serão construídas, no máximo, seis plataformas por ano, e a partir daí o estaleiro receberá dois navios.

– Para evitar que os golfinhos sejam expulsos da área, a empresa garante que as operações só serão feitas quando não houver grandes concentrações dos animais.

Como andam os conflitos

A partir desta terça (20), até quinta-feira serão realizadas audiências públicas para debater sobre o estaleiro OSX. No último sábado (17) foi realizada uma passeata para alertar a comunidade sobre o impacto ambiental do estaleiro.  

Além disso, a reunião para o encaminhamento da licença ambiental ao estaleiro, no Ministério do Meio Ambiente, foi adiada para terça (20).

Com informações do Diário Catarinense, NetMarinha e Portos e Navios

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