- Publicidade -

Especialistas preveem verão mais quente dos últimos anos

A superfície da Terra poderia aquecer entre 2,6 graus e 4,8 graus ao longo deste século, fazendo com que o nível dos oceanos aumente entre 45 e 82 centímetros.

O verão ainda nem chegou e vários municípios brasileiros estão diante de temperaturas muito altas. Já primeira quinzena de outubro, a temperatura bateu recordes de norte a sul do país: 42,9 graus em Coxim, no norte do Mato Grosso do Sul, 37,8 graus em São Carlos, no interior paulista, 40,9 graus em São Romão, Minas Gerais. Até Porto Alegre, capital do extremo sul, registrou 40 graus e o Rio de Janeiro atingiu essa temperatura seis vezes.

- Publicidade -

O mês de setembro foi o mais quente já registrado desde 1880, ano em que os cientistas iniciaram a medição global de temperaturas, segundo informação divulgada pela Agência Espacial Americana (NASA). Com esse cenário, a meteorologia prevê que 2014 seja o ano mais quente do século. Ou seja, em dezembro a população continuará enfrentando temperaturas acima do normal climatológico.

De acordo com o professor de química ambiental e controle de poluição do ar, Carlos Roberto da Silva Jr, do curso de Gestão Ambiental da Unopar, há duas grandes causas para as altas temperaturas na primavera: fenômenos climáticos, como o El Niño, e a poluição ambiental.

“O efeito estufa, naturalmente, é benéfico para o planeta. Ele é causado por gases, como o dióxido de carbono, que ficam aprisionados na atmosfera em baixas altitudes formando uma camada que funciona como a parede de uma estufa. Quando os raios solares chegam à atmosfera, alguns gases são refletidos enquanto outros alcançam a superfície. Uma parte é absorvida pela Terra enquanto outra é refletida de volta para o espaço na forma de radiação infravermelha. Sem a ação desses gases, a Terra teria uma temperatura média de 20 graus negativos durante a noite, porém sua emissão aumenta o efeito estufa por impedir que os raios infravermelhos saiam da superfície da Terra, ocasionando o aumento da temperatura média”, explica o docente, reforçando que o resultado desse processo é um calor intenso nos quatro cantos do planeta.

O dióxido de carbono, considerado o vilão dessa história, é um composto emitido em toda combustão e, também, na respiração humana, além de ser um elemento importante da fotossíntese das plantas. “Em níveis normais, o dióxido de carbono não causa problema, ao contrário, ajuda a controlar a temperatura para que não fique muito frio. Nos últimos anos, entretanto, o aumento da frota veicular significou uma explosão de emissão deste tipo de gás no planeta”, alerta. Para Carlos Roberto estamos vivendo uma bola de neve. “O que a gente faz para escapar do calor? Usa mais o carro, ar condicionado, ventilador, o que aumenta a emissão de dióxido de carbono e aumenta ainda mais o efeito estufa”.

- Publicidade -

Além disso, o desmatamento é outro agravante. A vegetação absorve o dióxido de carbono e proporciona sombra e umidade. “É fácil entender isso observando as regiões de deserto, onde o calor durante o dia é intenso, as noites são muito frias e poucas espécies conseguem sobreviver”, aponta o especialista.

Temperatura acima de 35 graus na primavera significa um verão mais quente?

Casos pontuais não são parâmetros para afirmar que o verão será muito quente e o inverno rigoroso. No entanto, se a poluição continuar a crescer, o pior cenário de emissões de gases se concretizará.

- Publicidade -

“Com esse panorama, no qual as emissões continuam a crescer em ritmo acelerado, a superfície da Terra poderia aquecer entre 2,6 graus e 4,8 graus ao longo deste século, fazendo com que o nível dos oceanos aumente entre 45 e 82 centímetros, trazendo consequências para a vida no planeta”, explica a professora Tatiana Machado Oliveira, mestre em Responsabilidade Social e Gestão Ambiental da Uniasselvi.

Consequências na natureza

O efeito estufa também provoca outro fenômeno assustador cada vez mais comum: as tempestades de granizo e os vendavais, além dos furacões que assolam regiões da América do Norte e também começam a aparecer no Brasil e nos países latinos. “A perspectivas são assustadoras, pois existe uma tendência global de temperaturas em elevação. Cada ano os verões serão mais quentes e os invernos mais amenos”, acredita Carlos Roberto.

Tatiana explica que regiões mais arborizadas e com reservas de água mantém temperaturas mais baixas e mais estáveis. “As plantas interferem em todo o ecossistema que as envolve e as árvores funcionam como esponjas que abastecem as reservas subterrâneas. A carga de água dos rios está relacionada à existência de florestas. As raízes das plantas ajudam a evitar a erosão do solo e as folhas que cobrem o terreno ajudam a evitar a erosão e ainda permitem que a água das chuvas possa lentamente entrar no solo e ali permanecer por mais tempo”, finaliza.