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Desenferruje a “magrela” e chame um Bike Anjo

Pedalar diariamente pelas ruas de São Paulo, uma metrópole que é mundialmente conhecida por suas filas enormes de congestionamento, pode parecer insanidade, mas não é.

Pedalar diariamente pelas ruas de São Paulo, uma metrópole que é mundialmente conhecida por suas filas enormes de congestionamento, pode parecer insanidade, mas não é. Há um ano, um grupo de 30 ciclistas que acreditam que a bike pode ser a solução para a mobilidade urbana criou um projeto chamado Bike Anjo.

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A ideia era a seguinte: os ciclistas mais experientes iriam auxiliar quem tivesse interesse em desenferrujar a bicicleta encostada, para torná-la um meio de transporte. A função dos bikers é fornecer dicas, informações e acompanhamento, até que os novos ciclistas estejam seguros e aptos a percorrerem seus trajetos com segurança sobre as duas rodas. Deu certo. Em pouco tempo, o trabalho, que seria desenvolvido somente em São Paulo, ganhou alcance nacional, já atingiu uma cidade em Portugal e em breve os Bike Anjos estarão pedalando pelas ruas de Chicago, nos Estados Unidos.

“A gente começou, principalmente, pensando em um projeto para São Paulo. E espontaneamente as pessoas começaram a entrar em contato. Tinha cada vez mais pessoas de São Paulo querendo participar e de repente começou a surgir pessoas de outras cidades. O resultado disso, depois de um ano, é que a gente tem uma rede de 200 a 250 voluntários em 36 cidades no Brasil”, explicou o consultor empresarial e gestor ambiental João Paulo Amaral, que também é o responsável pelo Bike Anjo.

Os ciclistas voluntários atuam como agentes multiplicadores, que disseminam o gosto pela bike e ajudam a suprir um espaço deixado pelo governo, em relação aos trabalhos de educação para o trânsito e incentivo ao uso de transportes alternativos. JP Amaral explica que um dos objetivos deste trabalho é ter uma demanda maior pela bicicleta e colocá-la em evidência. Assim, é possível que tanto as autoridades, quando a própria população, se conscientizem de que é importante haver políticas públicas e apoio ao uso da bike como meio de transporte.

­Pedalar é uma atividade bastante democrática e acessível. As experiências podem variar, mas entre os depoimentos de pessoas que passaram a usar a bicicleta é sempre possível encontrar um verdadeiro caso de amor pelas “magrelas”. No lugar do stress causado pelos congestionamentos, surge a simpatia com as pessoas que estão ao redor. O jeito com que a cidade era vista se transforma e a rotina passa a ter outra cara. Tudo isso porque a bicicleta permite que as pessoas sintam e vivam as coisas que estão ao seu redor.

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Histórias de Bike Anjos

Raphael Monteiro de Oliveira, 31, é advogado e Bike Anjo. Há três anos ele passou a usar a bicicleta como meio de transporte e hoje deixa o carro parado na garagem por dias a fio. Para ele, pedalar em São Paulo não é um “bicho de sete cabeças” e garante que em dois meses as pessoas já estão acostumadas com o trânsito e a utilização de caminhos alternativos.

Desde que passou a ser um voluntário do projeto, Oliveira já ajudou de dez a quinze pessoas que solicitaram auxílio através do site do Bike Anjo. Mas, o apoio e as dicas de rotas já foram estendidos a muitas outras pessoas. “Essa sensação é ótima, sabe? Acompanhar pelo Facebook algumas pessoas que começaram a pedalar contigo e ver que, cada vez mais elas, não só usam a bike como transporte, mas se engajam no ativismo cobrando sempre melhorias do Poder Público e, principalmente e sempre, respeito por parte de todos, sejam motoristas, motociclistas, pedestres e, inclusive, outros ciclistas”, declarou.

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Existem experiências que os Bike Anjos nunca esquecem. Alexandre Cruz, 39, também é um dos voluntários e não faltam histórias para compartilhar. Usar a bicicleta como meio de transporte diário é algo que ele optou por fazer desde 2007 e ajudar outras pessoas é uma prática inerente a ele, que faz parte de seus hábitos antes mesmo que ele se tornasse um Bike Anjo.

É sempre recompensador acompanhar o desenvolvimento de um novo ciclista, mas Cruz já chegou a sentir real emoção. “Foi antes mesmo de ser um Bike Anjo oficial. O porteiro do prédio em que eu trabalhava era um sujeito humilde. Depois de um ano e meio me vendo chegar e sair de bicicleta do prédio, ele me disse: ‘Olha seu Alexandre, eu fiz umas economias e comprei uma bicicleta usada. O senhor se importaria de me ensinar a andar, porque eu não sei, mas vendo o senhor largar o carro eu fiquei com vontade de aprender.’ Puxa, fiquei emocionado. Ensinei ele a andar nuns finais de semana, arranjei umas peças de segurança, um capacete e luvas para ele, e imagino que ele ainda ande de bike do Embu para Pinheiros diariamente”, compartilha Cruz.

Encontre um Bike Anjo

Para encontrar um Bike Anjo basta acessar o site e preencher o formulário. Assim, a equipe é capaz de localizar um ciclista que more na mesma região que o iniciante e estabelece contato entre os dois. Feito isso é só pedalar.

Por Thaís Teisen – Redação CicloVivo