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Deficientes visuais participam de roteiro especial com Turismo Sensorial

A experiência incluiu colher café e o reconhecimento tátil de grãos, torra e degustação de cafés.

Inclusão. Esta é a palavra-chave num novo segmento de roteiros rodoviários no interior de São Paulo. A iniciativa, incentivada pela Federação das Empresas de Transporte de Passageiros por Fretamento do Estado de São Paulo (Fresp), já contou com duas edições e a terceira deve acontecer ainda neste mês.

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Os primeiros pilotos aconteceram em 11/06 e 30/07, com viagens de ônibus baseadas no Turismo Sensorial – partindo de São Paulo ao interior paulista, levando grupos de cegos à roça. Nas duas oportunidades, a experiência incluiu colher café na fazenda sustentável Retiro Santo Antônio, em Santo Antônio do Jardim (distante cerca de 172 km da capital), e o reconhecimento tátil de grãos, torra e degustação de cafés regionais na Cafeteria Loretto, em Espírito Santo do Pinhal.

A ideia de criar um roteiro sensorial surgiu a partir do trabalho de conclusão de curso da estudante Audmara Veronese, com o tema “Ampliando Horizontes”. Já veterana no voluntariado a pessoas cegas, ela desenvolveu o passeio de vivência para grupos de cegos e pessoas com baixa visão ligados a ONGs, como a Associação Laramara (SP) e à Fundação Dorina Nowill. “O objetivo deste projeto é oferecer para as agências um serviço de guiamento baseado na áudio-descrição em roteiros sensoriais, que irá proporcionar à pessoa com deficiência visual uma experiência singular – indo além de acompanhar, orientar e transmitir informações. É um serviço inovador para agências de viagem, com a descrição detalhada do local que está sendo visitado”, explica a idealizadora.

“A viagem inclusiva abre portas para novas iniciativas e atração de públicos especiais em roteiros já estabelecidos ou que estão se estabelecendo, oferecendo opções de qualidade a estes grupos, principalmente pela vivência”, defende a diretora executiva da Fresp, Regina Rocha, fazendo menção aos mais de seis milhões de pessoas com algum tipo de deficiência visual no país (Censo, 2010).

Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

A experiência

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Nas duas edições participaram cerca de 40 viajantes, incluindo cegos, pessoas com baixa visão e seus acompanhantes. O grupo partiu para o interior cantando canções sertanejas para entrar no clima. Como se trata de um público especial, até a descrição das condições e cores do céu tornou a experiência única já durante o trajeto de quase duas horas.

Na chegada, boas-vindas com café e bolo de milho produzidos na fazenda. A experiência incluiu não só as visitas ao cafezal, mas também plantio de árvore pelos visitantes da primeira edição e colheita e degustação de jabuticabas frescas na seguinte. A segunda parada foi em Espírito Santo do Pinhal – cidade com bom conjunto arquitetônico cafeeiro preservado. A cidade foi apresentada ao grupo, que almoçou no município e seguiu para a cafeteria, que providenciou experiência sensorial – com seus diferentes tipos de grãos – olfativa, com a torra, e gustativa, oferecendo café e doces à base da bebida.

Foto: Divulgação
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A experiência foi comemorada por quem participou. “Defino em duas palavras esse passeio: acolhimento e hospitalidade. Desde o embarque e em todas as paradas, há generosidade em nos explicar todo o processo, tanto de forma tátil quanto em palavras. Me senti em família”, comentou Sidney Tobias de Souza, analista de sistema que perdeu a visão aos 13 anos por causa de uma doença degenerativa.

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