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Criação da estrada da soja ameaça Parque Nacional do Iguaçu

O projeto aposta na criação de uma “estrada parque”, figura não reconhecida na legislação brasileira, em um trecho de quase 18 quilômetros.

Caminha para o Senado um projeto de lei do deputado Assis do Couto (PT-PR) que põe em risco a integridade do Parque Nacional do Iguaçu, no oeste do Paraná, patrimônio natural da humanidade reconhecido pelas Nações Unidas e segundo parque nacional criado no Brasil, em 1939.

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O projeto aposta na criação de uma "estrada parque", figura não reconhecida na legislação brasileira, em um trecho de quase 18 quilômetros que corta a unidade de conservação.

Sua reabertura atenderia basicamente ao escoamento regional de soja, por um caminho mais curto, e a atividades ilegais que foram desarticuladas pelo fechamento da mesma, há mais de dez anos. Atualmente, a estrada está tomada pela vegetação nativa.

A "Estrada do Colono" foi aberta com a unidade de conservação já implantada, mas está fechada desde 2003 por ordem da Justiça Federal. Historicamente ela se tornou um canal para problemas ambientais, como caça, desmatamento e tráfico de animais, e também de criminalidade, por sua proximidade com a tríplice fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai.

O projeto do deputado ruralista Assis Couto avançará para o Senado sem discussão no plenário da Câmara porque parlamentares retiraram suas assinaturas de um recurso apresentado pela deputada Rosane Ferreira (PV-PR), pedindo que a proposta fosse votada em plenária.

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Segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o parque protege toda a bacia do Rio Floriano, um dos afluentes do rio Iguaçu. Verdadeiro tesouro natural pela qualidade da água e quantidade de nascentes em meio a um dos últimos grandes remanescentes de Mata Atlântica com araucárias da Região Sul.

Os mais de 1,5 milhão de visitantes por ano que o parque recebe semeiam benefícios econômicos na região onde ele se insere. E se somarmos seus 185 mil hectares à área do vizinho Parque Nacional Iguazú (Argentina), chegamos a 250 mil hectares protegidos.

Em 2010, o parque nacional brasileiro quase perdeu seu título de patrimônio natural da humanidade, justamente por outra tentativa de reabertura da Estrada do Colono.

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"A estrada não tornará o estado do Paraná mais rico ou mais desenvolvido, nem salvará os plantadores de soja. Pelo contrário, levará à perda da integridade de um dos únicos parques nacionais brasileiros reconhecido como patrimônio natural da humanidade", ressaltou a secretária-geral do WWF-Brasil, Maria Cecília Wey de Brito.