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Conheça os “hippies” que usaram o sorvete para ajudar a mudar o mundo

Pode parecer estranho, mas dois norte-americanos, Ben e Jerry, provaram que é possível usar uma sobremesa para fazer a diferença.

Tornar o mundo um lugar melhor, principalmente para as próximas gerações, é a grande premissa da sustentabilidade. Existem diversas maneiras de fazer parte disso, algumas delas inusitadas, como vender sorvetes. Pode parecer estranho, mas dois norte-americanos provaram que é possível usar uma sobremesa para fazer a diferença.

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Essa história começa há 35 anos em Burlington, uma pequena cidade norte-americana no estado de Vermont. Os amigos Ben Cohen e Jerry Greenfield eram amigos de infância que encontraram durante a juventude um negócio diferente. Após largarem a faculdade, ambos se inscreveram em um curso à distância para se especializar na fabricação de sorvetes. Mas, o espírito hippie de ambos, não permitiu que isso fosse apenas um negócio. Em 1978, a dupla inaugurou a primeira loja da marca Ben and Jerry’s, com o slogan: Paz, Amor e Sorvete, que logo causaria mudanças em sua comunidade.


Foto: Thaís Teisen – Redação CicloVivo

A ideia de fabricar sorvetes veio com uma missão social muito forte. Os norte-americanos, logo de início, aplicaram conceitos de economia e desenvolvimento social. Princípios que hoje estão atrelados à sustentabilidade, mas que na época nem mesmo tinham um nome próprio. Mas, o que eles fizeram? Um dos pontos de maior destaque na história dessa sorveteria foi a valorização da economia local. Mesmo estando em um estado pequeno, os dois valorizavam e preferenciavam a matéria-prima produzida localmente. Essa escolha lhes rendeu alimentos de qualidade, ao mesmo tempo em que a empresa colaborava com o desenvolvimento da própria comunidade.


Foto: Thaís Teisen – Redação CicloVivo

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Com o passar dos anos o negócio foi crescendo e a preocupação com a missão social e ambiental da empresa também seguiu o mesmo embalo e em proporções ainda maiores. Até hoje os funcionários e gerentes da marca se orgulham disso. “Nós estamos no negócio de vender sorvetes e mudar o mundo”, explica Debra Heintz, diretora global de operações de varejo da marca.

Como fazer a mudança?

Algumas das principais diretrizes usadas na Ben and Jerry’s podem e já são replicadas em empresas de diversas áreas. O sucesso e o crescimento da empresa, assim como acontece com outras companhias que preferenciam negócios mais justos, prova que a sustentabilidade também pode render lucros, ao mesmo tempo em que preza por melhores condições ambientais e sociais. “Nós tentamos reduzir o nosso impacto todos os anos. Valorizamos a matéria-prima local. Historicamente nós estamos preocupados com o meio ambiente e com o desenvolvimento social”, garante Sean Greenwood, diretor global de Relações Públicas da Ben and Jerry’s. Ele ainda complementa dizendo que o conceito de prosperidade compartilhada é o que eles consideram sucesso.

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Nós separamos alguns dos conceitos aplicados pela dupla norte-americana para inspirar outros negócios. Veja abaixo quais são eles:

– Fair trade

Este conceito está diretamente aplicado à relação entre o produtor rural e a empresa de manufatura. Além de dar preferência aos produtores familiares, a empresa se compromete a pagar um valor mínimo pelo produto. Assim sendo, mesmo quando o mercado está operando em baixa, o produtor tem a garantia de que o piso da venda será mantido, tendo mais segurança nos negócios.

– Não uso de materiais geneticamente modificados

Os fabricantes de alimentos sabem o quão difícil é manter os produtos geneticamente modificados longe de seus negócios. No entanto, a Ben and Jerry’s vem buscando ao máximo esse objetivo. Além de rejeitar os transgênicos, eles também prezam pela não utilização de hormônios artificiais na produção do leite. O cuidado com os animais é tão evidente e benéfico, que permite às vacas produzirem leite em quantidade comercial por muito mais tempo.


Foto: Thaís Teisen – Redação CicloVivo

– Envolvimento direto em causas sociais

Além de doar US$ 2,5 milhões anuais para apoiar organizações não governamentais, os sorvetes são usados diretamente como ferramenta de envolvimento social. Um dos exemplos é a distribuição gratuita de sorvetes. A ação ocorre em ocasiões pontuais em vários pontos do mundo, mas também é realizada semanalmente para as crianças beneficiadas pela ONG King Street Corner, em Burlington. Após as atividades normais, as crianças, em sua maioria filhas de refugiados africanos, ganham os sorvetes. O momento simples serve como uma ferramenta para integrar as famílias e a comunidade local.


Foto: Divulgação

– Ativismo político e ambiental

Não é muito grande a lista de empresas que expõem a marca para abraçar uma causa polêmica. Para Ben and Jerry’s isso não é um problema. A empresa já usou os sorvetes para instigar os australianos a cobrarem ações governamentais em defesa dos oceanos e da barreira de corais; distribuiu sorvetes gratuitamente durante os protestos realizados em Wall Street; apoiou a causa gay e encabeça uma ação que pede que o dinheiro governamental deixe de ser usado em campanhas políticas.


Foto: Divulgação

– Valorizar os funcionários

Oferecer boas condições de trabalho é um bom jeito de manter os funcionários na empresa e, até mesmo, aumentar a produtividade. Algumas das ideias aplicadas pela empresa estão diretamente ligadas ao ambiente de trabalho, como a possibilidade de os funcionários levarem seus cães ao escritório. O local acaba ganhando um tom descontraído e feliz. Os colaboradores também são incentivados a colocarem a mão na massa e participarem de ações sociais na comunidade local.


Foto: Divulgação

– Comprar de fornecedores que têm a mesma missão

Para fabricar um sorvete, assim como em muitas outras áreas, é preciso contar com toda uma cadeia produtiva. Para que o negócio seja sustentável, todas as partes precisam estar alinhadas, ou seja, cada elemento desta cadeia precisa seguir os mesmo padrões de preocupação social e ambiental.


Foto: Divulgação/Greystone

– Cuidado com a gestão de resíduos

Reduzir ao máximo o desperdício, seja na linha de produção ou dos resíduos gerados no pós-consumo, é mais uma ferramenta ambiental importante. Assim sendo, a Ben and Jerry’s evita o uso de copos plásticos nas lojas, recicla os itens descartáveis e incentiva os seus fãs, clientes e funcionários a fazerem a mesma coisa. Os resíduos da linha de produção e os dejetos produzidos pelas vacas são todos usados como combustível em usinas de energia.


Foto: Thaís Teisen – Redação CicloVivo

Vinda para o Brasil

Após cinco anos de estudos, a Ben and Jerry’s, que faz parte do grupo Unilever, irá inaugurar a sua primeira loja no Brasil, ainda no mês de setembro. Assim como acontece em outros países que receberam a marca, a empresa não trará apenas o sorvete, mas também vem com uma forte preocupação em atuar diretamente na comunidade local.

Em São Paulo, onde a loja será instalada, a principal bandeira levantada será a questão do espaço público. “Nós podemos ajudar a melhorar a cidade”, explica Kátia Ambrósio, diretora de sorvetes da Unilever. Segundo ela, o Brasil está mais maduro às causas e movimentos sociais, o que facilita a missão da Ben and Jerry’s no país.

Kátia esclarece que o objetivo não é destinar verbas para ações específicas, mas sim utilizar a força da marca e as ações inspiradas nos modelos internacionais para mobilizar os paulistanos às causas sociais. O sorvete é apenas mais uma ferramenta para atrair pessoas e mostrar o que ainda pode ser feito para melhorar a cidade.

Para atingir este objetivo a empresa conta com o apoio do artista Rodrigo Guima, idealizador do movimento “Aqui bate um coração”, que tem como objetivo valorizar a cidade, exaltando suas belezas e oferecendo soluções simples para alguns problemas.

Os mesmos cuidados ambientais aplicados nas lojas em território norte-americano serão usados no Brasil e os funcionários serão qualificados para apresentar a missão social e ambiental da marca a todos os clientes.

Serviço

A primeira Ben and Jerry’s do Brasil será a maior do mundo. Instalada na Rua Oscar Freire, Nº 957, a loja será inaugurada no dia 28 de setembro e a festa de abertura deve contar com a presença de um dos fundadores da marca e com a primeira intervenção urbana da empresa em São Paulo.  

Por Thaís Teisen – Redação CicloVivo

*A repórter viajou a Vermont a convite da Unilever.