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China pode ter emitido 1,4 gigatoneladas de GEE a mais do que o informado

Um artigo publicado na Nature Climate Change aponta divergências entre as medições oficiais e os números reais quanto às emissões de gases de efeito estufa da China. É possível que o país tenha emitido 1,4 gigatoneladas a mais do que fora informado.

Um artigo publicado na revista científica Nature Climate Change aponta divergências entre as medições oficiais e os números reais quanto às emissões de gases de efeito estufa da China. O relatório divulgado no último domingo (10) sugere que o país tenha emitido 1,4 gigatoneladas a mais do que fora informado pelas autoridades chinesas, somente em 2010.

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Os dados sobre as emissões de GEE são essenciais para que os cientistas possam estabelecer cenários futuros e mensurar metas de redução para que o impacto global seja reduzido. A China é atualmente o maior poluidor do mundo, já ultrapassando a grande potência norte-americana, no entanto a falta de credibilidade nas informações dificulta a conclusão sobre os números reais.

Segundo os cinco pesquisadores responsáveis pelo estudo, somente a diferença calculada por eles seria o equivalente a tudo o que foi lançado pelo Japão, o quarto maior poluidor do mundo, no mesmo ano. O setor de energia é apontado como o principal causador dessa divergência, com maior relevância para o consumo de carvão.

Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores analisaram separadamente todos os dados disponibilizados pelo Escritório Nacional de Estatística chinês (NBS) e também todas as informações contabilizadas pelas emissões individuais de cada uma das 20 províncias do país. A discrepância observada entre os dois órgãos chega a ser de 20%.

A desculpa usada pelo órgão oficial para que os dados não correspondessem foi associada à conversão das medidas. Porém, os cientistas descartam esta possibilidade e creditam as diferenças ao sistema de manuseio e distribuição da energia proveniente do carvão. Segundo eles, apesar de as grandes empresas estarem agrupadas em distritos industriais e terem bom controle sobre suas emissões, o mesmo não acontece com indústrias de pequeno e médio porte. A maior parte delas não possui registros ou pessoas capacitadas para comunicar às autoridades as informações sobre o seu consumo de energia. Um segundo agravante é que pequenas empresas dedicadas à mineração de carvão têm aumentado muito em regiões pobres.

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Outro fato levantado pelos pesquisadores diz respeito a estratégias políticas usadas para burlar informações. Segundo eles, os departamentos estatísticos chineses são agências independentes, que muitas vezes sofrem pressão de órgão políticos para que as estatísticas caibam dentro do cenário político ideal.

A conclusão a que se chega é de que “o grande desvio das emissões de CO2 da China pode alterar significativamente os dados globais, resultando em uma compreensão incorreta e modelagem do carbono global, prejudicando assim a capacidade de produzir previsões confiáveis e precisas dos modelos climáticos globais”. O grupo de especialistas ainda acrescenta o impacto disso no desenvolvimento de estratégias para redução das emissões globais. “O fato triste é que o modelo atual dos dados de emissões sobre a energia chinesa irá adicionar incerteza extra em simulações de modelos de previsão de mudanças climáticas futuras. Tal incerteza também traz desafios na alocação de responsabilidades e definição de metas de emissões globais.”

A equipe de pesquisadores é formada por: Dabo Guan (Instituto Chinês de Ecologia Aplicada e Universidade de Cambridge), Zhu Liu (Instituto Chinês de Ecologia Aplicada), Yong Geng (Instituto Chinês de Ecologia Aplicada), Sören Lindner (Universidade de Cambridge) e Klaus Hubacek (Universidade de Maryland, USA).

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Por Thaís Teisen – Redação CicloVivo