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Brasil perde 8 bilhões anualmente com descarte incorreto de resíduos

Em compensação, a coleta, triagem e o processamento dos materiais em indústrias recicladoras geraram um faturamento de mais de R$10 bilhões no último ano.

O Compromisso Empresarial para Reciclagem (CEMPRE) acaba de lançar uma publicação com novos dados sobre a reciclagem de embalagens pós-consumo no Brasil.

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De acordo com o documento CEMPRE Review 2013, estima-se que a produção de lixo no Brasil seja de 193.642 toneladas por dia. Entretanto, mais de 24 mil toneladas de lixo deixam de ser coletados e são descartados de forma irregular diariamente. A cobertura da coleta de lixo regular atinge 87,4% da população.

A publicação afirma que 27% dos resíduos recicláveis que seriam encaminhados para lixões e aterros foram recuperados e retornaram para a cadeia produtiva em forma de matéria prima em 2012. No caso específico das embalagens, o índice de recuperação foi de 65,3%.

Estudos do Ipea projetam que o país perde oito bilhões de reais, anualmente, com o descarte incorreto de resíduos que poderiam ser reaproveitados. Por sua vez, o CEMPRE aponta que, no último ano, a coleta, triagem e o processamento dos materiais em indústrias recicladoras geraram um faturamento de mais de R$10 bilhões.

A coleta seletiva é um dos principais pilares para o mercado de reciclagem. De acordo com a Pesquisa Ciclosoft, apenas 766 municípios brasileiros oferecem serviço de coleta seletiva. Este número representa 27 milhões de pessoas, 12% da população brasileira. Neste contexto, importante destacar que em 62% destas cidades, as cooperativas de catadores de lixo fazem parte da coleta seletiva municipal.

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Projeções feitas pela LCA Consultoria com as cidades sede da Copa do Mundo de 2014 (para o próximo ano) apontam que o país registrará benefício econômico de mais de um milhão de reais por dia, caso 90% da população de tais municípios seja atendida pela coleta seletiva. O grupo aponta alguns meios para facilitar esse processo: incentivos fiscais e creditícios do governo, além de redução nos impostos.

Papel dos catadores

Atualmente, existem 800 mil catadores no Brasil, sendo 30.390 mil trabalhando de forma organizada em 1.175 cooperativas. Estes trabalhadores são responsáveis por separar 2.329 toneladas de resíduos recicláveis diariamente.

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Os catadores triaram 18% dos resíduos para reciclagem em 2012. Ainda com base nos dados observados pela consultoria, dos R$ 712 milhões de reais gerados com a coleta e venda de materiais recicláveis no ano passado, as cooperativas de catadores são responsáveis por uma fatia de R$ 56,4 milhões. Essas cifras, no entanto, podem ser maiores se houver aumento dos índices de reciclagem das embalagens no próximo ano.

Para o diretor da LCA Consultores, Bernard Appy, que liderou o estudo sobre o mercado de reciclagem das embalagens pós consumo, afirma: “Nossas projeções mostram que o modelo brasileiro de recuperação deste tipo de resíduo, baseado no trabalho dos catadores, é claramente viável se houver uma ampliação da coleta seletiva e um aumento da produtividade das cooperativas de catadores”.

Já para Victor Bicca, presidente do CEMPRE , quantificar os resultados deste mercado e projetar horizontes para os próximos anos pode auxiliar na tomada de decisão daqueles que já estão neste negócio e, principalmente, incentivar novos investimentos no setor. “Este é um mercado emergente e promissor”, salienta.