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Apenas 21,5% do Sistema Cantareira possuem cobertura vegetal nativa

Do total de rios mapeados, somente 23,5% possuem em seu entorno vegetação nativa com área superior a 1 hectare.

São Paulo vive a pior crise de abastecimento de água da sua história recente, com os níveis do Sistema Cantareira, que abastece nove milhões de pessoas, agravando-se a cada dia. Entre os motivos, o governo destaca as condições climáticas – o verão mais quente e seco em sete décadas. No entanto, a situação também revelou um fraco sistema de gestão de recursos hídricos e estimulou outros debates, como, por exemplo, o fato de que a proteção das florestas nativas da Mata Atlântica poderia ter evitado, ou pelo menos amenizado, a crise.

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Isto porque a floresta tem papel essencial na prevenção de secas, pois reabastece os lençóis freáticos e impede a erosão do solo e o assoreamento de rios. Calcula-se ainda que 100 hectares de mata preservada produzam 10 mil litros de água em uma bacia com precipitação média de 1200 mm/ano.

Neste sentido, a Fundação SOS Mata Atlântica, em parceria com a Arcplan, realizou um estudo pelo qual identificou a situação na Bacia da Cantareira. A pesquisa teve como base o Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, que avaliou a situação da vegetação nos 17 Estados com ocorrência do bioma.

Resultados do estudo

As bacias que compõem o Sistema Cantareira, formado por um conjunto de seis represas interligadas, ocupam uma área total de 2.270 km2. Desses, 75 km2 correspondem a áreas inundadas dos reservatórios e 18 km2 aos centros urbanos. Do total de áreas, apenas 21,5% (488 km2) contêm cobertura vegetal nativa, que está abaixo do ideal para uma bacia hidrográfica produtora de água e considerando a totalidade das áreas protegidas e reserva legal previstos na legislação.

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A extensão de rios mapeados é de 5.082 km, sendo que apenas 23,5% (1.196 km) encontra-se em áreas com vegetação nativa com área superior a 1 hectare em seu entorno. Outros 76,5% (3.886 km) estão em áreas alteradas (pastagens, agricultura ou silvicultura). “Como a escala do levantamento considera áreas de até 1 hectare, não é possível verificar se essas áreas possuem ao menos a mata ciliar (APP de 30 metros) para proteção de suas águas”, diz Marcia Hirota, diretora-executiva da Fundação SOS Mata Atlântica.

O Decreto Estadual 60521, de 05 de junho de 2014, ampliou o programa mata ciliar e definiu a bacia do Cantareira como área prioritária para restauração florestal. O Comitê de Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, onde estão inseridos os rios das microbacias do sistema Cantareira, tem a faixa de APP das margens de rios mantidas nas metragens do Código Florestal anterior, que variam de 30 metros a 100 metros, de acordo com a largura dos rios.

Como parte das ações em prol dessa causa, a Fundação SOS Mata Atlântica acaba de lançar um novo edital do programa Clickarvore para doação de um milhão de mudas destinadas ao reflorestamento das bacias que compõe o Sistema Cantareira, saiba mais aqui.

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