Agrotóxicos têm relação com câncer e estão presentes em alimentos processados
Um documento produzido pelo Inca mostrou que os resíduos de agrotóxicos estão presentes até no leite materno.
Um documento produzido pelo Inca mostrou que os resíduos de agrotóxicos estão presentes até no leite materno.
O Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo. As consequências de uma agricultura baseada no uso de defensivos agrícolas químicos são sentidas diretamente no meio ambiente e na saúde. Um documento produzido pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca) mostrou que os resíduos de agrotóxicos estão presentes também em alimentos industrializados e, até mesmo, no leite materno.
O material técnico, chamado de “Posicionamento público a respeito do uso de agrotóxicos”, ressalta os riscos que os agrotóxicos oferecem à saúde, incluindo uma relação direta com o desenvolvimento de câncer. Outros problemas relacionados foram: infertilidade, impotência, abortos, malformações fetais, neurotoxicidade, desregulação hormonal e efeitos sobre o sistema imunológico.
O Inca ressalta que os resíduos de agrotóxicos não foram identificados apenas em alimentos in natura, mas também estão presentes em produtos processados, como biscoitos, salgadinhos, pães, cereais, lasanhas, pizzas e outras comidas produzidas a partir do trigo, milho e soja, por exemplo. Carnes e leites também podem ser contaminados dependendo do tipo de ração oferecido aos animais.
Em entrevista ao programa Brasil Rural da Rádio EBC, o doutor em agronomia e gerente do Instituto Imaflora, Luis Fernando Guedes, explicou que o Brasil precisa passar por uma mudança radical no modelo atual de agricultura. “A gente precisa desenvolver sistemas de produção altamente produtivos e eficientes, que não sejam dependentes de agrotóxicos”, comentou.
Segundo o especialista, o país já tem exemplos bem sucedidos e que podem ser replicados. “Isso não é uma condição necessária. Nós temos várias experiências no Brasil de uma produção agropecuária com uso menor de agrotóxicos e até livre, como é o caso da produção orgânica. Certamente nós estamos usando agrotóxicos em uma proporção muito maior do que a necessária”, disse Guedes.
O engenheiro agrônomo ainda informou que o mercado de agrotóxicos no Brasil cresceu absurdamente nos últimos anos. Em 2001 o país gastava US$ 2 bilhões em defensivos agrícolas. Em 2011 o número já havia saltado para US$ 8,5 bilhões. Um dos motivos para este aumento, segundo ele, é a produção transgênica, que necessita de uma quantidade muito maior de agrotóxicos, apesar do que se esperava quando o modelo começou a ser aplicado no Brasil.
Redação CicloVivo