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Detentos fazem tricô e crochê em penitenciária mineira

Imagine homens presos com tesouras e agulhas nas mãos fazendo tricô e crochê. A cena incomum pode ser vista na penitenciária mineira Ariosvaldo Campos Pires, em Juiz de Fora. O trabalho é feito por iniciativa da estilista Raquell Guimarães, dona da m

Imagine homens presos com tesouras e agulhas nas mãos fazendo tricô e crochê. A cena incomum pode ser vista na penitenciária mineira Ariosvaldo Campos Pires, em Juiz de Fora. O trabalho é feito por iniciativa da estilista Raquell Guimarães, dona da marca Doisélles.

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A linha de produção da empresa conta com 20 homens e há um processo seletivo para agregar 15 novas pessoas, uma vez que alguns dos trabalhadores atuais estão de saída e outros serão transferidos.

Em seu site, Raquell conta que sempre foi incentivada a fazer tricô e crochê. Ela passou toda a sua infância e adolescência nas fábricas têxteis de seu pai e de seu avô. Por gostar de roupa, ela decidiu estudar moda.

A estilista idealizou uma marca em que pudesse realizar um trabalho com as linhas tradicionais, porém fazendo modelos atuais. “Nada de casaquinho da vovó com a cava no lugar e seis botões de pérolas: a nossa trama é metida a moderninha”.

A empresa começou com a ajuda de sua mãe e de vizinhas que pegavam encomendas esporádicas. Essas pessoas também tinham outros afazeres, por isso faltava tempo para se dedicarem o suficiente para que o negócio fosse adiante. Não demorou muito até que a estilista percebesse que seria necessário ensinar o ofício a outras pessoas, em especial, quem quisesse e precisasse aprender uma profissão.

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Foi seguindo esse caminho que ela chegou ao presídio de segurança máxima de Juiz de Fora, em 2009. “Meus meninos, que quando eu cheguei lá mal sabiam diferenciar blusa de camisa, hoje sabem até quem é John Galliano. Eles amam, vibram, se ‘amarram’ em moda”. O trabalho foi implantado em parceria com a com a Secretaria de Defesa Social do Estado de Minas Gerais.

Utilizar a mão-de-obra masculina para o trabalho foi uma sugestão da própria direção da penitenciária. A estilista a princípio estranhou a proposta, afinal, ver um homem fazendo tricô e crochê era novidade para ela. Raquell explica também em seu site como conseguiu entrar na penitenciária para ensiná-los.

“Levei comigo todas as manhãs da primeira semana de treinamento uma frase de Dostoievski, para me munir de toda a paciência e naturalidade para um mergulho dentro de uma oficina com 20 presos, 20 tesouras e 20 pares de agulhas: ‘um ato de confiança dá paz e serenidade’.” Foi aproveitando a confiança depositada que, antes do tempo previsto, eles aprenderam e começaram a produzir e, dessa forma, nasceu o Projeto Flor de Lótus.

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O trabalho passa pela inspeção de um rígido controle de qualidade. Até porque o principal destino das peças é o mercado externo. Inclusive, no blog da Doisélles há uma foto da apresentadora Angélica vestindo um casaco da marca durante uma gravação de seu programa Estrelas, em Nova Iorque.

A empresa tem showroom no Japão, França e Estados Unidos. No Brasil, são mais de 70 representantes espalhados pelo país.

Para os presos os benefícios também são muitos, além de ocuparem o tempo e a mente, eles recebem um salário equivalente à produção e as horas dedicadas ao ofício. Outra recompensa é reduzir a pena, cada três dias trabalhados garante um dia de remissão. Com informações do iG.

Redação CicloVivo