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Comércio critica falta de informações sobre ciclovias em SP

Diretor de planejamento da CET anunciou mais 60 km de faixas até o final de setembro, totalizando 100 quilômetros.

A implantação de faixas de bicicletas e ônibus na capital paulista foi tema de uma mesa redonda realizada na última quinta-feira (4) na Associação Comercial de São Paulo (ACSP). O debate foi promovido pelo Conselho de Política Urbana, pelo Núcleo de Estudos Urbanos e pelo Núcleo de Estudos Socioambiental da ACSP.

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Participaram do encontro o presidente da ACSP da Facesp e presidente-interino da CACB, Rogério Amato; o vereador José Police Neto; o diretor de planejamento da CET, Tadeu Leite; o coordenador do CPU/ACSP, Antonio Carlos Pela; o vice-presidente da ACSP, João Bico de Souza; o coordenador do NEU/ACSP, Josef Barat; e o diretor da Associação dos Ciclistas Urbanos de São Paulo (Ciclocidade), Gabriel Di Pierro. Também estavam presentes o economista-chefe da ACSP, Marcel Solimeo, diretores e membros dos conselhos da Associação e superintendentes das distritais (subsedes da ACSP espalhadas pela cidade).

Para Rogério Amato, faltou informação para implantação das faixas. “Queremos saber que estudo existe por trás dessa decisão. Ninguém é contra bicicleta nem contra transporte público. O que nós queremos saber é qual é a lógica disso tudo, até para podermos saber se devemos nos engajar com a causa ou não. Simplesmente chegaram, passaram um pincel na rua arbitrariamente e pronto. Queremos entender o porquê de tudo isso”, disse ele.

O debate

O vereador Police Neto ressaltou a importância do debate promovido pela entidade: “Este é o 1º encontro promovido para debatermos o assunto. Nenhum dos setores envolvidos se preocupou em discutir e ouvir. Faltou diálogo e maturidade".

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O economista-chefe Marcel Solimeo criticou a forma como as faixas foram implantadas. “Resolver um problema criando outro não é a solução. Esperávamos que todos os envolvidos fossem comunicados e esperávamos também um debate prévio para mostrar os estudos que foram feitos sobre o impacto para os ônibus, para o trânsito e para a atividade econômica, o que não aconteceu".

Durante o debate o comércio foi citado como um dos setores mais prejudicados. “É um absurdo o que está sendo feito com o comércio. Não acho que a solução deve ser feita arbitrariamente sem que haja consulta com os afetados. A prefeitura pecou em não ter procurado ouvir as entidades”, disse o vice-presidente da ACSP, João Bico de Souza.

O diretor de planejamento da CET, Tadeu Leite, rebateu as críticas referentes à falta de planejamento do projeto. Segundo ele, o órgão vem estudando a implantação das ciclofaixas, junto à Prefeitura.  “A ciclofaixa é um convite para que o ciclista faça pequenos deslocamentos com segurança. Estamos debatendo esse plano há mais de um ano, e estamos e sempre estaremos abertos ao debate. O programa está lançado, está em andamento e vai continuar crescendo”, disse.

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Já Gabriel di Pierro, diretor da Associação dos Ciclistas Urbanos de São Paulo (Ciclocidade), entende que para se atingirem os 400 quilômetros de ciclofaixas propostos pela prefeitura, nem sempre é possível discutir a ideia individualmente.

“A Prefeitura tem quatro anos para fazer a cidade dar certo. Nesse processo de transformação da mobilidade, que é necessário, a bicicleta é uma auxiliar do transporte público. Porém, concordo que precisamos nos basear em estudos de impacto e demanda e pensar em alternativas, principalmente para o comércio. Di Pierro dá exemplos de casos bem sucedidos, como por exemplo, nas cidades de Nova York e Paris, em que também houve certa resistência à ideia, mas hoje, todos se orgulham do que foi feito. “Estamos no caminho certo”, completou. 

Antonio Carlos Pela, coordenador do CPU da ACSP, comentou a situação da Rua Boa Vista, que sedia a ACSP e recebeu a ciclofaixa há duas semanas. “O tráfego aqui na rua, por exemplo, afeta todo o fluxo no entorno do centro velho. Assim, a implantação das faixas prejudica também os pedestres. Nossa posição é: somos favoráveis às faixas, mas desde que seja feita consulta às pessoas envolvidas”. O coordenador também criticou o modelo utilizado para a inserção das faixas: “Não é o modelo que se espera, ou se quer. Creio que deveria primeiro ver o que está sendo feito para depois ser implantado. Quando o comerciante acorda, tem uma novidade na porta”, afirmou Pela.

Leite concordou que a insatisfação é grande, mas disse que não há outra maneira de ser feito. “O programa vai ser ajustado à medida que for implantado e utilizado. A bicicleta é um modal que estava invisível na cidade, agora ele vai começar a aparecer e aí entenderemos juntos como ele funciona e pode ser benéfico para São Paulo”. O diretor de planejamento da CET anunciou que, até o final de setembro, mais 60 quilômetros de faixas devem ser inseridas na capital, totalizando 100 quilômetros de ciclofaixas na cidade de São Paulo.